Menina de 15 anos desaparece após deixar carta de despedida
Moradora de Seropédica, Keully Souza sumiu na madrugada da última quinta-feira
A estudante Keully da Luz Souza, de 15 anos, sumiu na madrugada da última quinta-feira, após deixar uma carta de despedida, em Seropédica, na Região Metropolitana - Arquivo Pessoal
A estudante Keully da Luz Souza, de 15 anos, sumiu na madrugada da última quinta-feira, após deixar uma carta de despedida, em Seropédica, na Região Metropolitana Arquivo Pessoal
Uma carta de despedida, deixada sobre a cadeira ao lado da cama, foi o último contato com a família e se tornou a principal pista da polícia para encontrar o paradeiro da estudante Keully Luanny da Luz Souza, de 15 anos.
A adolescente desapareceu, na madrugada da última quinta-feira, após, supostamente, trancar a porta e pular a janela do quarto de casa, no bairro Boa Esperança, em Seropédica, na Região Metropolitana do Rio.
As circunstâncias e motivação do sumiço estão sendo investigados pela polícia. De acordo com familiares, Keully teria demonstrado insatisfação e incômodo após a gravidez da mãe, que deu a luz a uma menina, há menos de 15 dias. A carta deixada pela adolescente foi entregue à polícia, que mantém o conteúdo em sigilo.
“Não sabemos se foi isso que motivou o sumiço. Mas ela passou a falar coisas desconexas e parecia estar em um quadro de depressão. Não deu indícios de que sairia de casa ou planejava fugir”, disse, emocionada, a mãe da estudante, a técnica de enfermagem Leidiane da Luz, de 32 anos, que passou mal e foi levada a um hospital da região.
Segundo a família, Keully mantinha a rotina de estudos de forma remota, mas passava a maior parte do tempo navegando na internet e acessando as redes sociais. A estudante saiu de casa levado uma mochila com roupas, documentos e o aparelho celular, que está desligado.
Com apoio de amigos e vizinhos, familiares realizam buscas na região e iniciaram uma mobilização na Web para ajudar nas buscas. Imagens de câmeras de residências e comércios estão sendo analisadas. Uma testemunha disse à família ter visto a adolescente embarcando em um ônibus com destino à cidade do Rio.
Investigações- De acordo assessoria de comunicação da Polícia Civil, o caso foi registrado na 48ª DP (Seropédica), mas será encaminhado ao Setor de Descobertas de Paradeiros, na Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense, que dará continuidade às investigações. Informações sobre a adolescente podem ser repassadas ao Disque-Denúncia (2253-1177), de forma anônima e sigilo garantido.
Desaparecimentos de adolescentes têm maior número de registros, segundo Ministério Público
De acordo com dados do Instituto de Segurança Pública (ISP), foram registrados 2.227 desaparecimentos, de janeiro a julho de 2021, no Estado do Rio de Janeiro. Segundo o Programa de Localização e Identificação de Desaparecidos (Plid), do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro, o sumiço de adolescentes, entre 12 a 17 anos, correspondem a cerca de 29% dos casos registrados.
Dados da Fundação para Infância e Adolescência (FIA), indicam que os conflitos familiares ainda são os principais motivadores dos sumiços, incidindo em cerca de 80% das ocorrências. Contudo, especialistas alertam que a prevenção aos desaparecimentos requer a intervenção de grupos multifatoriais, incluindo a família, o Estado e as instituições competentes.
Psicóloga reitera a necessidade do diálogo e acompanhamento dos pais
Para a psicóloga Alessandra Alves Soares, a adolescência é uma fase de transição, novas descobertas, mudanças físicas e emocionais, que precisa de acompanhamento e diálogo.
“Talvez seja mais difícil para os pais lidarem com essa fase que o próprio adolescente. É um período em que o convite para desfazer velhos conceitos e rever posturas seja bastante contundente. Nem toda família está preparada para isso. Manter o canal de diálogo aberto, a escuta apurada são caminhos interessantes para evitar o distanciamento e a ruptura da relação. O adolescente sempre emite sinal quando algum incômodo está ocorrendo. É preciso estar atento a esses sinais”, explica a psicóloga, que orienta a pais e responsáveis a procurarem apoio às instituições públicas e particulares que oferecem auxílio psicossocial.
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