Rio - Com direção de Elias Andreato, o espetáculo teatral "A Vela", que fala sobre reconciliação familiar e superação do preconceito, estreou no Rio nesta sexta-feira. A montagem traz os atores Herson Capri e Leandro Luna, interpretando pai e filho, respectivamente. Temporada fica em cartaz até 24 de abril, no Teatro das Artes, Zona Sul da cidade, às sextas, sábados e domingos. Ingressos a partir de R$ 40.
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A peça narra a história do pai e professor aposentado que reencontra o filho, uma drag queen, anos depois de romperem relação por não aceitar a orientação sexual do filho e sua escolha pela arte drag. Agora, eles buscam uma reconciliação no espetáculo A Vela, escrito por Raphael Gama.
O velho professor Gracindo, decide se mudar para um asilo, por conta própria, depois de se ver muito sozinho após o falecimento de sua esposa. Rompeu relações com o filho há muito tempo, quando descobriu sobre sua orientação sexual, o expulsando de casa.
Prestes a se mudar, Gracindo precisa empacotar suas coisas e acaba revirando seu passado enquanto a falta de luz o obriga a usar uma vela. Porém, quem chega para o ajudar nessa mudança é Cadú, ou melhor, Emma Bovary, seu filho drag queen que retorna para tentar as pazes com seu velho pai e entender o que fez um homem tão culto agir de forma tão violenta.
Mas, Cadú, ou Emma, é categórico: eles têm apenas o tempo da vela que o pai acendeu se consumir para essa conversa se resolver.
“É uma história contada com delicadeza para que o espectador possa se identificar com os personagens. O nosso objetivo é mergulhar numa relação verdadeiramente teatral e humana. O teatro sempre será a arena necessária para debater todas as formas de preconceitos”, fala o diretor Elias Andreato.
Para Leandro Luna, o espetáculo aborda as relações humanas e as feridas familiares que todos temos e nos identificamos. “É muito importante, principalmente nos dias de hoje, estarmos em constante discussão sobre as diferenças e estimularmos a tolerância e o respeito ao próximo. Vivemos tempos muito polarizados, onde o conceito de moral e conservadorismo tem alimentado a sociedade com discursos odiosos, segregacionistas, em vez de criar o diálogo respeitoso e democrático. Precisamos, através da Arte, propor o discurso de temáticas que incentivem o respeito entre os indivíduos, principalmente, a partir do ponto de vista da educação familiar.”
Já Herson Capri ressalta a atualidade do tema. “A peça discute preconceito, acolhimento e a relação familiar de uma forma inteligente e sensível. Os preconceitos estão por aí, à nossa volta, o tempo todo. Convivemos, de uma forma ou outra, com pessoas conservadoras e até negacionistas. Acho que a arte tem o dever de abordar os temas que tocam e afligem a sociedade. Acolher as diferenças é um deles. E negá-las, também é preciso ser discutido.”
Para a construção do texto, o autor Raphael Gama recorreu da percepção que teve ao constatar a dificuldade em dialogar com sua avó, uma mulher tradicional, com resistência em entender as mudanças que aconteciam na sociedade; e o quanto a incompreensão familiar afetava as escolhas de vida das drag queens em geral. “Eu convivo com diversos artistas queers de São Paulo. Conheço pessoas que foram expulsas de casa e o fato dessa comunidade seguir sendo tão negligenciada e odiada, mesmo em meio à tanta informação, me fez querer falar do assunto no ambiente familiar e sobre a importância do diálogo como ferramenta de cura”, explica.
Serviço - "A Vela"
TEATRO DAS ARTES (Shopping da Gávea - Loja 264 - 2º Piso | Rua Marquês de São Vicente 52 - Gávea/RJ) DE 04 DE MARÇO ATÉ 24 DE ABRIL DE 2022. Março: sextas e sábados, 21h e domingos, 20h. Abril: sextas, sábados às 19h e domingo, 18h. Ingressos: R$ 40,00 a R$ 100,00 (via Divertix ou bilheteria do teatro)
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