Thiago SoaresDivulgação/Jhuan Martins

Rio - Depois de estrear como coreógrafo no Carnaval 2022, o bailarino Thiago Soares tem outros motivos para celebrar este ano. Em maio, o carioca estreou como diretor ao lançar o curta-metragem "Vermelho Quimera" no Festival de Cannes, na França. Em entrevista ao DIA, o dançarino relembra a emoção de ter seu filme exibido em um dos eventos de maior prestígio no cinema.
"É surreal. Cannes é um festival que coloca qualquer pessoa do audiovisual muito emocionada em poder estar ali, em ser aceito. Muito emocionante. Foi um filme feito no Brasil, uma produção toda brasileira, um filme de dança que não tem fala, eu (sendo) marinheiro de primeira viagem... Não poderia ter sido condecorado de forma melhor! É aquela coisa do 'sonhar não custa nada'", declara Thiago, que protagoniza a obra com a atriz Lana Rhodes.
Conhecido como o ex-primeiro bailarino do Royal Ballet de Londres, posição que ocupou por mais de 10 anos, o artista explica a ideia por trás do projeto que o fez levar o balé dos palcos para a frente das câmeras. No filme, dois amantes transitam em um universo paralelo, se dividindo entre a ilusão e a realidade. Soares também assina a coreografia do curta em que o casal utiliza apenas a expressão corporal para se comunicar.
"É uma obra que eu dancei muitos anos na minha vida e conheço bem. Sempre tive vontade de revisitar essa obra, mas de uma forma mais próxima aos dias de hoje, a como as nossas relações se desenvolvem. A minha intenção foi humanizar esses personagens sem perder a mágica mística que tem nessa história", explica.
Envolvido em tantas áreas na concepção de "Vermelho Quimera", Thiago ainda avalia o curta-metragem como um projeto pessoal em seus mais de 20 anos de carreira: "Eu acho que também tem a desconstrução da perfeição do bailarino que eu vivi a minha vida inteira. E tem a construção do artista, do Tiago nesse lugar que eu estou hoje, com todas as minhas imperfeições que eu tanto gosto. É um exercício de maturidade, de crescimento pessoal", comenta.
Depois de conquistas internacionais, e até dentro de casa, como quando comandou a comissão de frente da Imperatriz Leopoldinense, Thiago Soares abre o jogo sobre o momento que vive na carreira. "Hoje, eu me sinto um artista realizado e me sinto muito mais seguro do que eu quero dizer com com a minha arte, com o meu trabalho. Eu posso dizer: eu fiz tudo que um bailarino profissional deseja", diz ele.
"Mas não perco a fome de seguir conquistando, indo em frente. Eu ainda continuo lutando e trabalhando duro pra conquistar coisas que eu ainda não fiz, que eu ainda não tenho. Então, eu sinto que é um privilégio e me sinto realizado, mas com vontade de ir além e descobrir o quão longe a minha dança pode me levar", completa Thiago.