Por luana.benedito

Rio - Uma mistura de nervosismo e empolgação invade a alma dos integrantes das escolas no momento em que entram na Sapucaí. A ansiedade aumenta ainda mais para os responsáveis por colocar o desfile na Avenida. “É pura adrenalina”, define Armando José Tavares, segundo vice-presidente da Unidos da Tijuca. Na Azul e Amarela desde 1987, ele organiza a entrada do abre-alas no Sambódromo. “Se der algum problema, precisamos manter a calma. É difícil, porque um erro em qualquer carro pode atrasar a escola. Mas é preciso ser racional neste momento”, conta.

Armando é o segundo vice-presidente da Unidos da TijucaMarcio Mercante / AG. ODIA

A relação de Armando com a agremiação começou bem antes de sua chegada à escola da Zona Norte. Quando era jovem, ele trabalhava em um laboratório junto com integrantes da Azul e Amarela. “Eu trabalhava com muita gente do Morro do Borel e jogava bola no campo do Beira-Rio. Sempre fui ligado ao Carnaval e estava de olho nos sambas-enredos de lá”, lembra, saudoso.

No entanto, ele só passaria a integrar o time da agremiação anos mais tarde, quando uma amiga o apresentou a Fernando Horta, presidente da escola. “Já estava querendo me aposentar do Carnaval. Mas ela me pediu para ajudar o português”, recorda Armando, de 67 anos, que também é português.

A estreia de Armando na Unidos da Tijuca foi em 1987, quando a escola do Borel levou o enredo “As três faces da moeda" para a Avenida. Já no ano seguinte, ele desfilou em um carro alegórico e, logo em seguida, foi convidado para a assumir a ala infantil. Ele ficou neste função durante quatro anos.

Armando está na agremiação há 30 anosMarcio Mercante / AG. ODIA

Atualmente, Armando também é procurador e representante da Azul e Amarela na Liga Independente das Escolas de Samba do Rio (Liesa). No dia a dia, ele precisa cuidar dos alvarás, defesa de multa, autorização de responsabilidade técnica. E não para por aí: o segundo vice-presidente também é o responsável jurídico da Tijuquinha. Na escola mirim, Armando organiza a listagem completa das 800 crianças, pega a autorização dos pais para o desfile e incentiva a presença nos ensaios.

Em relação a um desfile marcante da Unidos da Tijuca, ele recorda com emoção do enredo "É segredo", de 2010, quando a escola foi campeã do Grupo Especial. “Foi o desfile mais emocionante. Você via a arquibancada, todo mundo vibrando e eu não sabia o que estava acontecendo”, conta Armando, reforçando que foi um momento “grandioso”. “Depois de 1936,  que tinha sido o último título no Especial, a Tijuca nunca mais tinha sido campeã novamente. Para gente que trabalha aqui há 30 anos, realmente emocionou”, enfatiza.

O segundo vice-presidente lembra ainda do desfile de 1999, quando a agremiação subiu para o Grupo Especial com o enredo “O Dono da Terra”. “A gente subiu com 10 em tudo. Foi um ano que a escola não merecia ter sido rebaixada e voltar com 10 foi muito bom, além de ser um dos sambas mais bonitos da história da agremiação”, ressalta.

Já para o Carnaval de 2017, ele está otimista e confiante com a possibilidade de ser campeã. "Nós estamos brigando pelo título, a escola está bonita. Acho que a gente com certeza está disputando", diz.

A história de Armando faz parte da série ‘Personagens do Samba’ do DIA Online. As matérias especiais são publicadas todas as segundas, quartas e sextas-feiras. Na próxima sexta-feira a vez é da Grande Rio.

Reportagem de Adriano Araújo, Gabriela Mattos e da estagiária Luana Benedito


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