Quarta escola a desfilar na quinta-feira, a Acadêmicos de Santa Cruz vai homenagear o ator e diretor Milton GonçalvesDivulgação

Rio - Oito escolas vão desfilar a partir das 21h de quinta-feira (21) na segunda noite da Série Ouro, na Marquês de Sapucaí, pelo Grupo de Acesso do Carnaval carioca. Ao todo, quinze agremiações disputam uma vaga no Grupo Especial. Ainda há ingressos disponíveis para os dois dias de desfile da Série Ouro, que começa hoje.

Na quinta-feira (21), desfilam: Lins Imperial, Inocentes de Belford Roxo, Estácio de Sá, Acadêmicos de Santa Cruz, Unidos de Padre Miguel, Acadêmicos de Vigário Geral, Império da Tijuca e Império Serrano.


Cada agremiação terá o mínimo de 45 minutos e o máximo 55 minutos para passar pela Avenida. Para ingressar na Sapucaí, será cobrado o comprovante de vacinação, incluindo a dose de reforço para maiores de 18 anos.

O reizinho de Madureira, Império Serrano, vai levar à avenida o enredo "Mangangá", desenvolvido pelo carnavalesco Leandro Vieira. Uma homenagem ao capoeirista baiano Manoel Henrique Pereira, o Besouro Mangangá. A escola da Serrinha é a última a desfilar na quinta-feira (21). A previsão é de que adentre a avenida já na madrugada de sexta-feira, entre 2h15 e 3h25.

O Império soma nove campeonatos no Grupo Especial, o último deles, o histórico "Bum Bum Paticumbum Prugurundum" (1982), comemora 40 anos este ano. O reizinho verde e branco disputa a volta ao Grupo Especial em um ano atípico, em que o Carnaval caiu no dia consagrado a seu padrinho, São Jorge, e no mês do centenário da ilustre imperiana Dona Ivone Lara, que integrava a ala de compositores da escola com Silas de Oliveira e desfilava na ala das baianas da agremiação.

O presidente da escola, Sandro Avelar, afirmou que montou uma equipe forte em busca do título. O Império caiu para o Grupo de Acesso em 2019. "Estamos trabalhando há dois anos para que seja um momento de reencontro da escola com a sua própria história, com a sua identidade. O Império Serrano merece voltar a fazer carnavais competitivos e estamos confiantes que 2022 será um marco para essa virada de página da escola”, disse Avelar.

O carnavalesco Leandro Vieira destacou a força dos componentes da escola e afirmou que seu principal trabalho foi "vestir a escola".

"Besouro é um enredo que eu já tinha em mente há algum tempo e resolvi colocar em prática no Império Serrano. E acho que casou perfeitamente. Minha missão aqui é justamente vestir a escola, já que ela tem uma comunidade e um chão que é forte independentemente do grupo que esteja. Acredito que será um Império Serrano diferente esteticamente, mas que vai agradar muito os seus componentes e torcedores", declarou Leandro.

O G.R.E.S. Estácio de Sá, terceira escola a desfilar na quinta-feira (21) vai fazer uma releitura do enredo de 1995, quando cantou o centenário do Flamengo. O "Uma vez Flamengo" passa a ser "Cobra coral, papagaio vintém… #vestirubronegro não tem pra ninguém". Com a história do clube, o Estácio tenta voltar ao grupo de elite do Carnaval carioca, lugar que deixou no último Carnaval, em 2020. Na primeira edição do enredo, o samba foi interpretado por Dominguinhos do Estácio compositor que morreu aos 79 anos em maio de 2021, em decorrência de uma hemorragia cerebral.

Em sua estreia na Estácio, o carnavalesco Mauro Leite tem a expectativa de um grande desfile. "Estou bastante ansioso pelo desfile, que é o meu primeiro trabalho como carnavalesco da Estácio de Sá, junto com o Wagner Gonçalves. Minha expectativa é fazer um grande desfile com a força da comunidade estaciana que está super motivada com a homenagem ao time do Flamengo e com o samba que já é praticamente um hino da torcida do Flamengo", afirmou.

Com o enredo "Iroko – É Tempo de Xirê", a Unidos de Padre Miguel será a quinta a desfilar já na virada de quinta para sexta-feira (22). A UPM tem previsão de ingressar na Avenida entre meia-noite e 0h40. A vermelha e branca vai reverenciar o orixá do tempo Iroko.

O carnavalesco Edson Pereira conta que no seu retorno à escola escolheu homenagear um orixá, após o sucesso do seu último Carnaval que teve como enredo Ossain, orixá das plantas sagradas, das ervas e da cura.

"Eu costumo dizer que nunca saí da Unidos de Padre Miguel e ela nunca saiu de dentro de mim. Tínhamos vontade de viver novamente um grande momento que a Unidos de Padre Miguel viveu, um novo Ossain, que marcou a escola em 2017. Por isso sugeri Iroko, um orixá que não é tão difundido no Brasil, mas que é de extrema importância", ponderou.

Quem vai abrir a segunda noite da Série Ouro na quinta-feira (21) é a Lins Imperial, que vai homenagear o humorista e artista Mussum. Antônio Carlos Bernardes Gomes nasceu no Morro da Cachoeirinha, no Lins e será lembrado tanto por sua carreira musical no grupo Originais do Samba como pelo sucesso nacional como humorista nos "Trapalhões".

O carnavalesco Eduardo Gonçalves disse que aposta em uma comunicação direta com o público que vai assistir o desfile na Marquês de Sapucaí.

"A comunidade espera esse desfile há dois anos. Vamos apresentar o Antônio Carlos Bernardes Gomes, o popular Mussum, em todas faces e fases. Eu espero que seja um desfile animado, feliz. Tenho certeza que as pessoas vão estar felizes. Nós acreditamos muito numa reação do público. Tenho certeza que a Lins Imperial vai fazer um grande Carnaval”, afirmou Gonçalves.

O Império da Tijuca traz o enredo "Samba de Quilombo – a resistência pela raiz" sobre o Grêmio Recreativo fundado por Antonio Candeia, que saiu da Portela para criar a agremiação de resistência negra junto a baluartes como Martinho da Vila e Paulinho da Viola.

A escola do Morro da Formiga realizou um concurso em suas redes sociais para escolher o sósia de Mestre Candeia. O vencedor foi o contador Milton Rodrigues, que já foi rei momo do Carnaval por três anos no Rio. Também vai sair pela escola uma catadora de latinhas que se destacou e viralizou nas redes em um vídeo em que aparece sambando na Sapucaí durante os ensaios técnicos do Império da Tijuca. Adriana Salles vai desfilar em um setor que exalta a presença negra na cultura e na arte brasileira.

O carnavalesco Guilherme Estevão observou que além de exaltar os nomes que alçaram o samba ao lugar que ocupa hoje, o Império da Tijuca também vai problematizar aspectos do Carnaval que foram criticados por Candeia e pela turma do Quilombo nos anos 1970.

"O povo pode esperar um desfile com muita emoção que busca valorizar as verdadeiras raízes do samba carioca, os grandes baluartes que integraram essa escola de samba em forma de manifesto, e uma exaltação a toda arte negra e toda valorização que a cultura afro-brasileira precisa, sobretudo vinculada ao nosso Carnaval", afirmou Estevão.

A Inocentes de Belford Roxo vai levar para a Marquês de Sapucaí uma festa que acontece no Carnaval do Recife: a Noite dos Tambores Silenciosos. A tradição de mais de 50 anos celebra a ancestralidade negra no Pátio do Terço, no bairro de São José, às segundas-feiras de Carnaval na capital pernambucana. A festa começa com tambores de maracatu que a partir da meia-noite cessam e as luzes se apagam. Em seguida, dá-se início a uma celebração aos orixás, com toque de atabaques.

Quarta escola a desfilar na quinta-feira, a Acadêmicos de Santa Cruz vai coroar o ator e diretor Milton Gonçalves. O carnavalesco Cid Carvalho preparou uma festa do Catupé, dança das Minas Gerais, terra da infância do artista e escolheu entrelaçar diferentes orixás com as fases de vida do ator na Avenida.

Já a Acadêmicos de Vigário Geral vai levar a Pequena África à Sapucaí. Na Zona Portuária do Rio, a região inclui os bairros da Saúde, Gamboa, Santo Cristo e parte do Centro, por onde chegaram africanos escravizados ao Rio de Janeiro. A área é território de resistência negra e cultural, com pontos históricos como a Pedra do Sal, o Cais do Valongo e o Cemitério dos Pretos Novos.

Dos centros de candomblé e casas de baianas da Pequena África também surgiram patrimônios culturais do Rio e do Brasil, como a matriarca Tia Ciata. Compositores e artistas como Heitor dos Prazeres, que cunhou o termo "Pequena África", Donga, João da Baiana e Pixinguinha também fizeram choro e samba na região.
Os desfiles da Série Ouro serão realizados ao longo de quarta-feira (20) e quinta-feira (21). Ao todo, serão quinze escolas que desfilam nos dois dias para disputar uma vaga no Grupo Especial.

Nesta quarta-feira (20), primeira noite de Carnaval, desfilam as seguintes escolas: Em Cima da Hora, Acadêmicos do Cubango, Unidos da Ponte, Porto da Pedra, União da Ilha, Unidos de Bangu e Acadêmicos do Sossego.

Cada agremiação terá o mínimo de 45 minutos e o máximo 55 minutos para passar pela Avenida. Para ingressar na Sapucaí, será cobrado o comprovante de vacinação, incluindo a dose de reforço para maiores de 18 anos.

Ainda há ingressos à venda para os dois dias de desfile da Série Ouro (20 e 21/04), que podem ser adquiridos na Central de Vendas da Liesa.

Confira a ordem dos desfiles de quinta-feira (21)
Lins Imperial
Inocentes de Belford Roxo
Estácio de Sá
Acadêmicos de Santa Cruz
Unidos de Padre Miguel
Acadêmicos de Vigário Geral
Império da Tijuca
Império Serrano

Esquema especial no metrô

O metrô contará com um esquema especial de funcionamento sem interrupção durante o Carnaval que começa às 5h de quarta-feira (20) e vai até 23h de domingo.

A estação Cidade Nova será fechada na quinta-feira, sábado e domingo por conta da transferência entre as linhas, que será feita na estação Estácio. As demais estações ficarão abertas durante o Carnaval.

No domingo, dia 24 de abril, as estações Praça Onze e Central ficarão abertas até a meia-noite para embarque. As demais estações funcionarão só para desembarque.

Estações indicadas para acesso à Sapucaí:

Setores pares: Praça Onze
Setores ímpares e Terreirão do Samba: Central
No Desfile das Campeãs, o serviço funcionará sem interrupção a partir das 5h do dia 30 de abril até 23h do dia 1º de maio.