Cristiano Reis, de 45 anos, desfila todos os anos no Cacique de Ramos e aproveitou o domingo para ir caracterizado ao BoitatáSandro Vox / Agência O Dia
O advogado Cristiano Reis, de 45 anos, desfilou todos os anos no Cacique de Ramos, um dos mais tradicionais blocos do Rio, e, vestido a caráter, afirmou estar aproveitando bastante os últimos momentos da folia.
"Eu vou aproveitar, meus amigos estão para vir do Cacique também, também vamos para Lapa e eu acredito que vai ser um ótimo último dia de carnaval, mesmo não sendo o nosso carnaval tradicional, vai ser um carnaval digno e bem representado". O advogado ainda ressaltou a importância da realização dos blocos, mesmo sem ser oficializados.
"Para a gente, que desfila sempre, todos os anos, significou muito, é uma questão cultural. O carioca gosta de carnaval, a gente que desfila no Cacique de Ramos, é muito importante, mesmo não tendo oficializado os blocos tradicionais, eu acho que é válido e gratificante para o povo do Rio de Janeiro, que precisa dessa festa. O carnaval faz parte da cultura carioca, está na nossa raiz e a gente precisa do carnaval todos os anos".
Somente neste domingo, três blocos já passaram pela Praça XV. Além do Boitatá, os blocos Boi Tolo, que se concentrou na Rua do Mercado, e Sinfônica Ambulante, que veio com os foliões de Niterói, se encontraram e seguiram juntos em direção à Praça Marechal Âncora, também na Zona Central da cidade. Às 8h, o bloco Bésame Mucho reuniu inúmeras pessoas no Largo dos Guimarães, em Santa Teresa.
Usando uma fantasia em homenagem ao profeta Gentileza, Ricardo Sérgio Albuquerque, de 60 anos, chamava atenção por onde passava. Para ele, o tempo de folia representa muito mais do que só a festa em si, mas também apontou os problemas enfrentados pelos blocos sem o apoio da prefeitura.
"Eu acho que é comunhão, de alegria, de saber que a gente tem esperança de alguma coisa melhor. Eu acho importante essas manifestações culturais, mas às vezes fica complicado. Se for ver aqui, não tem banheiro químico, não tem um som bom para eles (banda do bloco), porque na realidade, o que é o Rio de Janeiro? É turismo, o quê que traz o turista para cá? É o carnaval, é a festa. Se um carnaval, ela (a prefeitura) não apoia, estão todos completamente errados", assume.
O casal de aderecistas de escola de samba, André Nunes, de 38 anos, e Alex Cardoso, de 43, assumiram que estão curtindo esse último dia após todo o trabalho com as escolas de samba e desfiles da Sapucaí terem chegado ao fim. De acordo com André, pode voltar a vivenciar momentos de folia depois de uma pandemia, é mais um motivo para festejar.
"Carnaval é renovação, é prosperidade, você sempre poder ter uma nova chance de vida, de repensar as coisas que você fez, dar mais valor ao que não dava, as coisas pequenas, tipo essa folia, são coisas pequenas que são alegrias que a gente não valoriza como deveria e atualmente a gente está dando mais valor a isso. Isso é muito bom, a gente poder usufruir de um momento desses de tanta reflexão, de tanto problema, de tanta doença, a gente poder ter de ser momentos de alegria, de se soltar e brincar".
Já Alex acredita que esses dias são tempos de esperança e de celebração. Para ele, esse é justamente o diferencial do Rio. "A gente só pode falar de esperança, de um mundo diferente, e, com isso tudo, que as pessoas melhorem, melhorem o universo, melhorem tudo, porque no meio de tanta doença, no meio de guerras, a gente está aqui festejando, celebrando o amor, celebrando a alegria, eu acho que isso é a nossa diferença enquanto povo brasileiro. É a esperança, eu acho que tudo se resume a isso".
Ainda hoje, mais de 10 blocos desfilaram pelo Rio. Com início marcado para 12h, o Canários do Reino fizeram sua concentração no Cais do Valongo, no bairro Saúde. No mesmo horário, o Capivaras Molhadas reuniu os foliões na Praça Augusto Ruschi, no Recreio. Nos jardins do Museu de Arte Moderna (MAM), no Aterro do Flamengo, se apresentou o Limonada de Minhoca. Já o Piratas Ordinários levou sua banda e seus foliões para a Pedra do Sal. Ambos também começaram às 12h.
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