Eduardo Paes, prefeito do Rio de JaneiroCleber Mendes/Agência O Dia

Rio - O prefeito Eduardo Paes descartou a possibilidade de mudar o Sambódromo de lugar, em entrevista ao site "Vipei!". Em 2021, o diretor de marketing da Liga Independente das Escolas de Samba do Rio (Liesa), Gabriel David, chegou a comentar sobre a ideia de que os desfiles deveriam deixar a região central da cidade para serem realizados um local com mais estrutura. 
"Vamos ficar ali, onde tem toda uma tradição, tem o Sambódromo construído, investimento importante. Não sou contra modificações e renovações, mas acho que o Carnaval tá muito bem instalado", opinou Paes. "Eu adoro o Gabriel, acho que ele é fera, mas nessa aí ele não foi feliz, não", brincou.
O gestor do município também se mostrou contrário a ideia de Jorge Perlingeiro, presidente Liesa, de incluir no calendário de eventos da cidade desfiles fora de época. "Tem que ser um por ano. O esforço tem que estar concentrado. O que gente pode fazer, eventualmente, é ter uma celebração no Sambódromo, com samba, mas o Carnaval tem que ser um só", frisou Eduardo.
Nas redes sociais, Gabriel David falou sobre o assunto. "Eu nunca fiz essa proposta, não. Em uma entrevista de vídeo gravada, no início do ano passado, falamos sobre problemas estruturais da Sapucaí, mencionamos as dificuldades de melhorar tal. Mencionamos a possibilidade de construção de um novo Sambódromo de forma completamente informal como dita no vídeo feito há mais de um ano atrás. Nunca teve nem projeto na Liesa, muito menos discussão sobre o tema e pior ainda, nada do tipo jamais foi levado ao prefeito", escreveu. 
A assessoria de Gabriel também se manifestou através de nota. "Gabriel David não criou nem formalizou qualquer proposta para alterar a localização do Sambódromo do Rio de Janeiro. O dirigente, na verdade, comentou a respeito do tema hipoteticamente numa entrevista em que foi perguntado sobre o futuro do Carnaval do Rio, no ano passado, destacando dificuldades estruturais e logísticas encontradas no entorno da Marquês de Sapucaí. No entanto, em seguida, acolheu ponderações de setores diferentes do espetáculo e, em respeito sobretudo à ancestralidade da Passarela do Samba, não mais tocou no assunto — fosse em conversas internas da Liesa, em diálogos com a Prefeitura do Rio ou mesmo publicamente."
Enredo da Portela
Portelense, o prefeito Eduardo Paes opinou, também em entrevista ao "Vipei!" sobre o enredo da azul e branco, intitulado "O azul que vem do infinito", que contará a história da agremiação no ano de seu centenário. O tema será desenvolvido pela dupla de carnavalescos, Renato Lage e Márcia Lage, que segue para o terceiro carnaval consecutivo na escola. Ele, então, refletiu sobre o que não poderia ficar de fora do desfile.
"Não ouso fazer essas reflexões, não. Acho que aquilo ali tem uma genialidade que eu não tenho capacidade de chegar perto. É tanta gente, mas são só esses baluartes mesmo. Natal, Monarco, Manacéia, essas grandes figuras que constroem a identidade da Portela. A iniciativa parece muito natural e positiva. Só em contar a história da escola, já vai dar um samba indescritível. Acho que a Portela vem com tudo. Teve uma mudança, agora, de presidente (Fábio Pavão, eleito este ano), uma transição, tô superanimado", comentou Paes. 
Críticas a Marcelo Crivella
Após dois anos sem desfiles das escolas de samba, devido a pandemia da Covid-19, Eduardo Paes comemorou o fato do público ter participado do evento desse ano na Marquês de Sapucaí. "Essa covid é a coisa mais anticarioca e anticarnavalesca da história. Impedir a gente de se ver, de se abraçar, de celebrar a vida. Foi o sucesso que foi porque as pessoas estavam ansiando por isso. Acho que o Carnaval carioca deu, mais uma vez, um show esse ano. E vai dar ano que vem de novo".
O prefeito aproveitou a ocasião para alfinetar o antigo prefeito, Marcelo Crivella. "Essa é a maior manifestação cultural do Brasil, quiçá do mundo. Então, é inaceitável que a gente tenha tido um prefeito, representante político da população carioca, que não respeitasse essa manifestação cultural. E o que é pior: não entendesse o impacto econômico, a importância para a construção da identidade da nossa cidade, do nosso povo e da nossa gente. O Carnaval resiste a todos e a tudo".