’Pachinko’ mostra a vida de imigrantes coreanos no JapãoDivulgação

Rio - Lançado nos Estados Unidos em 2017, “Pachinko” chegou ao Brasil pela Intrínseca no início de 2021. O livro da autora Min Jin Lee conta a história de quatro gerações de uma família coreana. A trama começa em 1910, ano da ocupação da Coreia pelo Japão, passa pelo início, em 1939, e pelo fim da Segunda Guerra Mundial, em 1945, com as bombas atômicas em Hiroshima e Nagasaki, e segue até 1989.
O fio condutor da trama é Sunja, uma adolescente humilde e bastante inocente que comanda uma pensão ao lado da mãe. Com a morte do pai, Sunja passa a ter que ir ao mercado fazer as compras da pensão sozinha e é lá que conhece Hansu, um empresário rico e bem mais velho que se interessa por ela. De início, Sunja não cede às investidas de Hansu.

Mas, ao se ver em perigo, cercada de mal-intencionados japoneses, Sunja é salva justamente por Hansu e acaba passando a confiar no homem, que mais tarde se torna seu amante. A jovem sonha em casar com o empresário, mas ao descobrir - já grávida - que ele é casado no Japão e tem duas filhas, Sunja decide se afastar.

Para manter sua honra e não destruir a reputação de sua família, Sunja aceita se casar com um jovem pastor, que não vê problemas em assumir o filho de outro homem. Os dois, então, se mudam para o Japão para tentar uma vida melhor, mas a situação dos imigrantes coreanos no Japão não é nada fácil.
Lá, os coreanos são vistos como cidadãos inferiores, sofrem xenofobia, não conseguem arranjar emprego, são considerados sujos e indignos. A única chance de um coreano ganhar dinheiro no Japão era trabalhando nos salões de Pachinko, o que não era uma atividade considerada respeitável. É nos salões de Pachinko, justamente, que vão parar os filhos de Sunja, Noa e Mozasu.

Min Jin Lee usa a história de pessoas simples para mostrar como foi dura a ocupação da Coreia pelo Japão, com o idioma coreano proibido, as pessoas tendo que adotar versões japonesas de seus nomes, a escassez de comida, a absurda situação das mulheres coreanas, transformadas em escravas sexuais, “mulheres de conforto”, para o exército japonês.

"Pachinko" é um livro que fala sobre honra, identidade, amor e pátria. Os descendentes de coreanos, mesmo nascidos no Japão, não eram considerados japoneses. Sofriam discriminação, precisavam de um passaporte coreano e era uma dificuldade entrar e sair do país. Mas, ao retornar para a Coreia, essas pessoas também não eram consideradas coreanas, e também sofriam preconceito por terem abandonado sua pátria. Se é assim, a qual lugar essas pessoas pertencem?

O livro não é focado nos acontecimentos históricos, mas eles estão sempre ali permeando a vida dos personagens. A ambientação e o espaço são muito bem definidos, a narrativa é linear, sem idas e vindas, tornando "Pachinko" uma leitura muito fácil e rápida. O enredo é envolvente e os personagens são cativantes, deixando a leitura bastante prazerosa e impossível de largar.

Em breve, “Pachinko” vai ganhar uma adaptação para as telas pela Apple TV.