Torto Arado, de Itamar Vieira Jr.Divulgação

Rio - Nesta sexta-feira é comemorado o Dia Nacional do Livro. A data foi escolhida por conta da fundação da primeira biblioteca brasileira, a Real Biblioteca, no dia 29 de outubro de 1810. Nesta data, a Real Biblioteca Portuguesa foi transferida para o Rio de Janeiro, então capital do país, e se tornou a Biblioteca Nacional. Para comemorar a data, nada melhor que incentivar a leitura. Durante a pandemia da covid-19, com o isolamento social, este foi um hábito que começou a crescer de forma gradual na vida das pessoas. Então, para celebrar o Dia Nacional do Livro e incentivar ainda mais a leitura, confira uma lista de livros que vai agradar aos mais variados tipos de leitores:
Para quem quer conhecer o Brasil: Torto Arado, de Itamar Vieira Jr. 
Para abrir a lista com chave de ouro, nada melhor que um fenômeno nacional. Torto Arado, de Itamar Vieira Jr., conta a história das irmãs Bibiana e Belonísia. Ainda crianças, elas passam por um traumático acidente, que promove uma união muito grande entre elas por toda a vida. Ao acompanhar as irmãs, o autor nos apresenta também a vida de todos os moradores da fictícia fazenda Água Negra, que fica no interior da Bahia. O livro aborda, então, a questão dos quilombolas, as péssimas relações de trabalho, ancestralidade, machismo, violência contra a mulher. Tudo isso de uma forma muito bonita e também com um ritmo que não deixa ninguém parar de ler.
Torto Arado, de Itamar Vieira Jr. - Divulgação
Torto Arado, de Itamar Vieira Jr.Divulgação
Para quem quer um romance potente: Tudo é Rio, de Carla Madeira
Com uma escrita que mistura poesia com uma linguagem mais pesada, Carla Madeira envolve o leitor em um triângulo amoroso potente e traz um livro cheio de reflexões sobre paixão, ciúme, recomeços, até sobre Deus. O livro conta a história de Lucy, Dalva e Venâncio. Lucy é a prostituta mais bonita, mais desejada e mais despudorada da cidade. De repente, cai de amores por Venâncio, marido de Dalva. Venâncio e Dalva já foram um casal apaixonadíssimo, mas um acontecimento trágico muda tudo e faz com que ambos se desencontrem e passem a andar por aí arrastando correntes.
'Tudo é Rio' é o livro de estreia da autora mineira Carla Madeira - Divulgação
'Tudo é Rio' é o livro de estreia da autora mineira Carla MadeiraDivulgação
Para quem gosta de romance histórico: Pachinko, de Min Jin Lee
Pachinko, da autora sul-coreana Min Jin Lee, pode até assustar à primeira vista. Afinal, trata-se de um calhamaço de mais de 500 páginas. No entanto, o livro flui de maneira muito fácil e tranquila. A obra cobre quatro gerações de uma família coreana. A trama começa em 1910, ano da ocupação da Coreia pelo Japão, passa pelo início, em 1939, e pelo fim da Segunda Guerra Mundial, em 1945, com as bombas atômicas em Hiroshima e Nagasaki, e segue até 1989.
O fio condutor da trama é Sunja, uma adolescente humilde e bastante inocente que comanda uma pensão ao lado da mãe. Com a morte do pai, Sunja passa a ter que ir ao mercado fazer as compras da pensão sozinha e é lá que conhece Hansu, um empresário rico e bem mais velho que se interessa por ela. De início, Sunja não cede às investidas de Hansu. Mas, ao se ver em perigo, cercada de mal-intencionados japoneses, Sunja é salva justamente por Hansu e acaba passando a confiar no homem, que mais tarde se torna seu amante. A jovem sonha em casar com o empresário, mas ao descobrir - já grávida - que ele é casado no Japão e tem duas filhas, Sunja decide se afastar.

Para manter sua honra e não destruir a reputação de sua família, Sunja aceita se casar com um jovem pastor, que não vê problemas em assumir o filho de outro homem. Os dois, então, se mudam para o Japão para tentar uma vida melhor, mas a situação dos imigrantes coreanos no Japão não é nada fácil.
'Pachinko' mostra a luta de imigrantes coreanos no Japão - Divulgação
'Pachinko' mostra a luta de imigrantes coreanos no JapãoDivulgação
Para quem gosta de mitologia e diversidade: A Canção de Aquiles, de Madeline Miller
A autora Madeline Miller faz em "A Canção de Aquiles" uma releitura do poema épico A Ilíada, de Homero. A obra, que estava esgotada e ganhou uma nova edição, voltou ao topo das listas de mais vendidos graças à febre do "Book Tok", grandes perfis que falam sobre livros no TikTok. Em "A Canção de Aquiles", através dos olhos do tímido Pátroclo, vamos conhecer a história de Aquiles, principal herói da Guerra de Troia. Muito se fala sobre o relacionamento entre Pátroclo e Aquiles e, aqui, a autora decidiu caminhar pela vertente em que os dois eram amantes. "A Canção de Aquiles" é uma livro muito bonito e poético sobre o poder do amor e a força do destino, já que o caminho de Aquiles sempre esteve traçado por uma profecia.
'A Canção de Aquiles', que virou febre no TikTok, ganha nova edição - Divulgação
'A Canção de Aquiles', que virou febre no TikTok, ganha nova ediçãoDivulgação
Para entender os Millenials: Pessoas Normais, de Sally Rooney
Considerada voz da geração "Millennial", a irlandesa Sally Rooney, retrata em "Pessoas Normais", os encontros e desencontros na vida de dois jovens. A trama começa em 2011, quando eles estão terminando o ensino médio, e vai até 2015, quando os dois estão vivendo suas experiências na faculdade. 
A trama é simples e aí é que mora a beleza do livro. O leitor segue vendo os acontecimentos na vida de duas pessoas normais, tudo retratado de forma bem crua, sem firulas. Os diálogos não têm separação no texto, que segue corrido, sem os travessões que os evidenciam. 
O final (aberto?) deixa a mensagem de que a vida é cíclica, tudo se repete, os encontros acontecem, os desencontros também e a vida segue. "Pessoas Normais" ganhou uma adaptação -- perfeita! -- para as telas, que chegou ao Brasil pela plataforma de streaming Starzplay.
Livro 'Pessoas Normais', da autora irlandesa Sally Rooney - Divulgação
Livro 'Pessoas Normais', da autora irlandesa Sally RooneyDivulgação
Para quem gosta de HQ: Persépolis, de Marjane Satrapi
Persépolis é uma HQ autobiográfica da iraniana Marjane Satrapi, que aos 10 anos de idade viu sua vida mudar completamente por conta da revolução islâmica. Com a chegada dos xiitas ao poder, as meninas foram obrigadas a usar o véu na escola e a estudar em turmas separadas dos meninos. Aos 14 anos, Marjane, que nasceu em uma família progressista e com uma consciência política muito forte, foi enviada sozinha para a Áustria, já que seus pais tinham medo das consequências de sua "rebeldia" no atual regime. Lá, no entanto, ela também encontra dificuldades de adaptação. 
Persépolis, de Marjane Satrapi - Divulgação
Persépolis, de Marjane SatrapiDivulgação