Novo livro de Marina Colasanti tem a cantora lírica Gabriella Bensazoni como protagonista
Em 'Vozes de Batalha', a escritora recupera a trajetória da tia-avó, que ao lado do marido, Henrique Lage, se destacou no cenário cultural do Rio nos anos 1920
'Vozes de Batalha', de Marina Colasanti, conta a história da cantora lírica Gabriella Besanzoni - Divulgação
'Vozes de Batalha', de Marina Colasanti, conta a história da cantora lírica Gabriella BesanzoniDivulgação
Rio - A autora ítalo-brasileira Marina Colasanti lançou no finalzinho de setembro seu novo livro, "Vozes de Batalha", que saiu pelo selo Tusquets, da Editora Planeta. Uma mistura de memórias e romance, a obra reconstrói com documentos e entrevistas a vida da tia-avó da autora, a cantora lírica Gabriella Bensazoni.
Italiana, em suas muitas turnês, Gabriella escolheu o Rio de Janeiro para se estabelecer e, em 1925, casou-se com o empresário brasileiro Henrique Lage, fã de ópera e música, e um dos homens mais ricos do país de então. Juntos, conceberam a famosa mansão do Parque Lage, um dos maiores cartões-postais da cidade, e ajudaram a moldar um efervescente cenário cultural na capital federal da primeira metade do século XX.
A autora, Marina Colasanti, se mudou para o Rio após o fim da Segunda Guerra Mundial e foi morar na Villa Gabriella, palacete que Henrique havia construído par sua tia-avó. Na ocasião, o empresário já havia morrido e iniciou-se uma luta judicial pelo espólio.
Marina relata em detalhes a vida de solteira da tia-avó, em turnê pelo mundo como contralto– Carmen era seu grande papel –, a trajetória de Henrique e sua família, a vida do casal,a viuvez de Gabriella, a construção da residência e,claro, o encantamento que teve ao ver pela primeira vez sua tia-avó, a qual chamava de tia, uma mulher à frente de seu tempo.
“Havia, porém, algo especial em Gabriella. Uma imponência no peito farto de cantora que surgia como tulipa dos quadris estreitos, uma determinação na coluna a prumo, uma altivez na maneira de posicionara cabeça. Pele branca de quem nunca tomara sol, batom vermelho-sangue, olhos maquilados intensamente negros, cabelo repartido ao meio com rigor. E as mãos resplandecentes de diamantes. Tudo nela era exato, superlativo, sem hesitação”, narra no começo do livro.
Colasanti conta como a tia-avó e o marido organizavam festas e recitais beneficentes, estimulavam a música erudita e as artes no Brasil e como Gabriella chegou a fundar um conservatório em sua casa, onde dava aulas de canto. Sem uma linha cronológica clara, navegando de forma livre por fatos, personagens e fantasmas de sua vida, a autora faz um retrato afetivo de sua juventude, vivida ao lado de uma das mais emblemáticas figuras do Rio de Janeiro.
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