Rio - O livro "Garota 11", romance de estreia da autora Amy Suiter Clarke, que saiu no Brasil pela editora Suma, aborda um tema que sempre exerceu um certo fascínio sobre o público, o "true crime", um gênero que detalha investigações e crimes reais. O livro promove uma reflexão sobre os limites na cobertura/investigação "amadora" desses crimes.
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Na trama, o leitor é apresentado a Elle Castillo, produtora e apresentadora de um podcast chamado "Justiça Tardia". Elle costuma analisar casos de crimes envolvendo crianças e que não foram solucionados. Na quinta temporada do programa, ela resolve investigar o caso do Assassino da Contagem Regressiva, o ACR.
O ACR era um serial killer muito meticuloso, apaixonado por números, que matava meninas no final dos anos 1990. Ele foi chamado de Assassino da Contagem Regressiva porque sua próxima vítima era sempre um ano mais nova que a anterior. Além disso, depois de sequestrar uma menina, três dias depois o ACR sequestrava outra garota. E, quando elas completavam sete dias em cativeiro eram mortas e deixadas em um local público.
O serial killer começou matando uma jovem de 20 anos e chegou até uma vítima de 11. Depois disso, ele simplesmente desapareceu. Muitos acreditam que o ACR morreu, outros acreditam que ele está por aí, pronto para atacar novamente. Essa última é a teoria de Elle Castillo e é por isso que ela resolve falar sobre o caso do ACR em seu podcast.
Além disso, Elle é uma protagonista com um passado misterioso. Logo no início, o leitor só sabe que ela também sofreu algum tipo de trauma enquanto criança, mas apenas no decorrer do livro é possível descobrir o que realmente aconteceu com ela e as suas motivações para investigar crimes infantis.
"Garota 11" é um livro com um formato diferente e muito ágil. Ele alterna entre a transcrição dos episódios do podcast de Elle - com as entrevistas que ela faz com detetives e pessoas próximas às vítimas -, e capítulos em que acompanhamos mais de perto a vida da protagonista. A autora Amy Suiter Clarke consegue fazer com que o leitor tenha duas experiências ao mesmo tempo, ler e escutar um podcast, o que deixa a leitura muito mais dinâmica.
O livro traz reflexões importantes sobre a responsabilidade que se deve ter ao abordar casos de "true crime" quando, em determinado momento, a protagonista se questiona se está realmente ajudando na investigação de um caso sem solução ou promovendo e colocando os holofotes sobre os métodos de um serial killer. Há também uma discussão importante sobre os criadores de conteúdo na internet, que são sempre alvos de "haters" anônimos, pessoas que se escondem atrás de uma arroba para ameaçar, xingar e intimidar.
Com muitas reviravoltas e surpresas de tirar o fôlego, "Garota 11" é uma opção de leitura voraz para os amantes de uma boa história e de investigação criminal.
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