Rio - Os autores ucranianos Marina e Sergey Dyachenko já escreveram mais de 70 livros de fantasia juntos e são um sucesso editorial na Rússia. O livro "Vita Nostra", traduzido diretamente do russo por Heci Regina Candiani, chegou ao Brasil no final do ano passado pela editora Morro Branco. Quando li a sinopse, já fiquei intrigada. Fui atrás de mais informações e precisei fazer a leitura para descobrir porque todo mundo achava aquele livro tão diferente.
"Vita Nostra" conta a história de Alexandra Samokhina, a Sasha, uma adolescente de 16 anos que viaja com a mãe para curtir férias na praia e, chegando lá, começa a ser perseguida por um homem misterioso. Ao confrontar esse homem, cujo nome a gente não sabe no início do livro, Sasha começa a receber missões estranhíssimas dele e, caso não cumpra, algo muito ruim pode acontecer. O homem, no entanto, promete não pedir nada que Sasha não consiga fazer.
Após cada missão, a adolescente volta para casa e vomita moedas de ouro. Apesar de não entender o que está acontecendo com ela, Sasha segue as ordens do homem misterioso porque tem medo que algo realmente muito ruim possa acontecer. Ao fim do ciclo de tarefas, Sasha é aceita no Instituto de Tecnologias Especiais, uma espécie de universidade para a qual não havia se inscrito. Mas o tal homem insiste que ela vá pra lá iniciar seus estudos.
Chegando no local, Sasha é apresentada a alunos exóticos e professores rígidos e hostis. As aulas não fazem o menor sentido, ninguém sabe para o que está estudando e muito menos no que vão se formar. O leitor, então, acompanha Sasha em sua jornada por essa sinistra universidade.
"Vita Nostra" cumpre o que promete e realmente é um livro muito diferentão. Assim como sua protagonista, o leitor não entende nada do que está acontecendo durante a leitura. E acho que essa é a grande magia da história, é o que nos deixa intrigados. Foi uma leitura que me deixou completamente absorta e posso dizer que fui teletransportada para o Instituto de Tecnologias Especiais e a cidade de Torpa, onde se passa a trama.
Sasha nos é apresentada como uma menina rebelde, revoltada por estar sendo obrigada a fazer algo que não quer e, no decorrer da leitura, se torna uma mulher forte e determinada, ciente de tudo do que é capaz.
Em diversos momentos, "Vita Nostra" me lembrou a saga "Harry Potter". Esse sentimento pode ter sido causado por se passar em uma escola com alunos e professores exóticos, mas principalmente pelo fato de a Sasha ter - assim como o Harry - aquela coisa do "escolhido". A pessoa até então normal, que vive sua vida pacata, quando finalmente descobre que é muito mais do que esperava e tem a vida completamente revirada em um novo mundo.
Por se passar em uma escola e ter uma ambientação bastante sombria, "Vita Nostra" provavelmente vai agradar aos fãs da estética "dark academia". Fato é que "Vita Nostra" se tornou uma leitura viciante para mim, a ponto de eu ficar pensando no momento em que poderia parar de fazer minhas tarefas diárias para continuar a leitura e tentar entender o que estava acontecendo.
Quem precisa de respostas e um final muito amarradinho, provavelmente vai estranhar a conclusão de "Vita Nostra". Para mim, o mais importante nessa leitura foi a jornada, acompanhar a Sasha em sua evolução. Um final com tudo explicadinho nem combinaria com a potência de "Vita Nostra".
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