Lu Rufino
Lu RufinoDivulgação
Por O Dia
Rio - Ela fez da deficiência uma ponte para ajudar outras pessoas. Nosso mulherão de hoje é símbolo na luta pela inclusão. Sua vida é um exemplo de superação e de inspiração. Quatro casamentos, um filho, muitos sorrisos e disposição e tanto para estender a mão para quem precisa. Filha de analfabetos, ela nasceu em uma comunidade, trabalhou como gerente de banco, cursou três universidades, vai concluir o mestrado e não para por aí. Essa é Lu Rufino! Vamos conhecer um pouco mais sobre essa mulher incrível, destemida e encantadora!
Conta um pouco sobre a sua história?
Publicidade
Fui contemplada com poliomielite aos 8 meses. Contemplada sim, pois Deus ao me escolher para ser deficiente me deu a oportunidade de ter todas as conquistas que tenho hoje. Usei uma bengala até os 41 anos, quando então tive a oportunidade de realizar meu grande sonho: usar salto alto! Foi isso que pensei ao receber a notícia, que com 7 hérnias de disco eu havia perdido os movimentos da pernas. Mas ao perder o movimento das pernas, eu ganhei asas. Aprendi a sambar e sou porta-bandeira de uma escola de samba e também já estive em Londres a convite do governo Britânico. Criei o concurso Miss Cadeirante, em 2017. Mostrei que a cadeira de rodas não é impeditivo para uma vida feliz, com amores, trabalho, sexo, etc. 
Sempre fui uma mulher de muitos amores e muitos casamentos. Mostrei aos homens muito além de um corpo perfeito, mas uma alma feliz, uma mulher de bem com a vida e sem preconceitos. Estou casada há 3 anos com um lindo negro pedagogo, que conheci pedindo ajuda para tirar minha cadeira de rodas da mala do carro. Tomamos um chope naquela noite e nunca mais dormimos separados. Sou mãe do João, de 11 anos. Um menino maravilhoso que sempre chora no fim das minhas palestras falando do quanto se orgulha de ser meu filho.
Quando decidiu ajudar pessoas com deficiência?
Publicidade
Veio da necessidade de falar do assunto com beleza, sensualidade e bom humor. Sem vitimismo. Na pandemia transformei o projeto Miss Cadeirante em uma ONG, fizemos parcerias e hoje ajudamos 250 famílias de pessoas com deficiência e em vulnerabilidade financeira. Eu decidi retribuir por tudo que Deus me deu na vida. Eu não me sinto guerreira, exemplo de vida, nada disso, faço o que qualquer um pode fazer. Olhar a vida de frente e viver com ousadia tirando sempre a melhor risada. O pior deficiente é aquele que tem coração e não é capaz de amar nem a si próprio e aceita ser humilhado, aceita relacionamentos doentios e não luta por dias melhores.
Como os deficientes podem viver com mais qualidade?
Publicidade
Apos viajar para Londres como porta-bandeira conheci restaurantes sem acessibilidade, hotéis com escadarias de mármore e sem rampas, descobri que não tem banheiro acessível em aviões. Fiquei 11 horas sem ir ao banheiro dentro de um avião e o pior não pude tomar as  cervejas e prosecos oferecidos pela aeromoça (risos). Isso doeu. A solução para resolver o problema de acessibilidade é o deficiente assumir seu papel de cidadão, reclamar menos, sem  vitimismo e mostrar sua cara na rua, exigindo seus direitos no mercado de trabalho, na faculdade, nos poderes representativos do povo, etc.
Você se considera um mulherão?
Publicidade
Me considero um mulherão, sim! As pessoas nos veem da maneira que nos mostramos. Se você se considera linda, bela, feliz e bem resolvida, assim o mundo te trata. O espelho que me vejo é o da mulher que eu quero ser, que eu sou, que eu lutei para ser. O meu recado é para todas as pessoas, independente de classe, sexo, deficiência, opção sexual, etc: ame-se sempre, acredite em você. O limite de uma pessoa está no tamanho do seu sonho, quem sonha pequeno conquista pouco, quem sonha com imensidão alcança os mais altos lugares no pódio da vida. E não se esqueça de se fazer feliz, de um momento para o outro podemos não estar mais aqui. Então, viva com intensidade, curta cada minuto da sua vida com autoestima e amor próprio.
 
Publicidade
BELEZA DA ALMA
Você pode até me empurrar de um penhasco que eu vou dizer: "E daí? Eu adoro voar! Posso cair várias vezes, mas sempre vou conseguir superar e apesar de ter sido empurrado, eu tive a oportunidade de ver as coisas além do horizonte".
Publicidade