Rio - Cada vez mais, é possível ver as pessoas vestindo a camisa das regiões onde moram. Nada de estampas turísticas com frases genéricas sobre um destino em meio às férias. A onda agora é se vestir com uma imagem identificada com o subúrbio, bem longe do cartão-postal do Rio. Valks, como a Vila Valqueire é conhecida entre os moradores, virou marca de camisa vendida em sites de grandes lojas. Em Marechal Hermes, a moda é usar as roupas da Vandalism81, identificada com o Hip Hop. A estampa da Complexidade Urbana conquistou um famoso cantor americano. O momento, agora, é de aposta no que é raiz, deixando de lado a moda 'nutella'.
Essa tendência é comprovada em números. Levantamento do Instituto Data Favela, intitulado como 'Radiografia das favelas brasileiras', aponta que os 12 milhões de habitantes das favelas do país movimentam um mercado de R$ 64,5 bilhões por ano. Nessa brecha, entram iniciativas como a Complexidade Urbana, criada no Alemão. A marca, aliás, aparece no camelódromo da Uruguaiana e já conquistou um fã de respeito: o cantor americano Stevie B. Em turnê pelo Brasil, o ídolo do funk não perdeu tempo e comprou um lote de camisas. "Nossa ideia de divulgação foi pensada de dentro para fora. Hoje, estamos expandindo para todo o Rio e alguns estados. Não tem preço ver um ícone da música internacional vestir algo feito por você. A ficha ainda não caiu", comenta o empreendedor Denis Torres.
AMERICANAS, SHOPTIME E SUBMARINO
A Valks também segue a mesma lógica. Em 2017, participou pela primeira vez da Babilônia Feira Hype, evento tradicional que reúne moda, arte e gastronomia. Além das redes sociais, também conta com lojas revendedoras espalhadas pelo Rio. A marca também está disponível em sites, como Dafiti e Kanui. E acaba de firmar contrato com a B2W, colocando a marca nas páginas da internet das lojas Americanas, Shoptime e Submarino, para revenda dos produtos.
Criada pelo publicitário Gabriel Dias, na Vila Valqueire, a marca já está em sua terceira coleção. São mais de 150 peças, entre camisetas, bermudas e bonés. "O investimento inicial foi baixo, apenas para um teste. Os primeiros clientes foram meus amigos. Hoje, 40% das vendas são para fora do Rio", compara Gabriel.
DAS RUAS PARA A INTERNET
Focada no streetwear, a Vandalism81 também aposta nas vendas online para garantir o sucesso da marca, criada há oito anos em Marechal Hermes. "O momento é positivo. As vendas no site estão crescendo", analisa Wagner Tujaviu, criador da empresa. A marca agrada aos adeptos da cultura urbana. Um grupo de sete rappers apareceu com a nova coleção em um vídeo publicado no Youtube. Parte da produção é terceirizada, mas Wagner faz questão de contratar os serviços locais. "Queremos proporcionar a geração de renda para os moradores da nossa região. Nossa raiz é a Zona Norte".
