O sírio Aljadaan Abdullah (de camisa branca) exibe suas esfihas e quibes que são comercializados em ruas e feiras de gastronomia popular organizadas no Rio
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O sírio Aljadaan Abdullah (de camisa branca) exibe suas esfihas e quibes que são comercializados em ruas e feiras de gastronomia popular organizadas no Rio FOTOS Divulgação
Por Bernardo Costa

Não apenas o X-Tudo e seus derivados, como o Mega Bebezão Tenebroso, com oito carnes e peso de 2 quilos, são as atrações da 1ª Feira Nacional do Podrão, que acontece na Tijuca, neste fim de semana. O cachorro-quente, o pastel com caldo de cana, o açaí, o churrasquinho e o salgado árabe também fazem parte do festival de comida de rua. Na última categoria, há um legítimo representante da gastronomia do Oriente Médio: Abdullah Aljadaan, de 28 anos. Devido à guerra civil na Síria, ele deixou a cidade de Alepo, em 2015, e aposta na tradição de seu país para sobreviver no Rio de Janeiro.

Nos próximos sábado e domingo, ele e os irmãos Khaled e Mahmood Aljadaan estarão no evento com a barraquinha de quibes e esfihas, que têm garantido o sustento dos três refugiados no Brasil. "Aos poucos, estamos aprendendo o idioma e conseguindo entrar no mercado brasileiro. Comecei a vender os salgados em um cavalete na calçada, em Copacabana. Logo depois, meus irmãos chegaram e montamos carrocinhas em três pontos de vendas. Além de Copacabana, também nos estabelecemos em Botafogo", diz Abdullah Aljadaan.

Há quase três anos no Rio de Janeiro, o jovem sírio faz planos para expandir ainda mais o negócio. "Temos a intenção de montar um food truck ou abrir uma lanchonete", conta. Abdullah Aljadaan desenvolveu a habilidade para preparar salgados ainda na adolescência. Aos 15 anos, um amigo de seu pai, que era proprietário de uma lanchonete em Alepo, lhe ensinou as principais receitas. Quatro anos depois, Abdullah abriu sua própria lanchonete e se preparava para inaugurar outro comércio, no ramo de informática, quando os conflitos da guerra se agravaram em Alepo. Depois de ir para a Turquia, o jovem escolheu o Brasil como destino.

ADAPTAÇÃO AO PAÍS

No Rio, passou os primeiros oito meses em um abrigo montado pela ONG Cáritas na Paróquia São João Batista da Lagoa, na Rua Voluntários da Pátria, em Botafogo. A produção dos salgados veio quando Abdullah se mudou para uma quitinete na Rua Pinheiro Guimarães. "Comecei a fazer tudo de forma manual. Passava a madrugada produzindo. Pela manhã, saía para vender", lembra o refugiado.

Com as economias das primeiras vendas, ele comprou máquinas e, com a vinda dos irmãos nos anos seguintes, expandiu o negócio. Além de abrir uma lanchonete ou um food truck, Abdullah também planeja retomar os estudos. "Quero investir na carreira de tradutor. Formei-me em Letras na Síria, nos idiomas árabe e inglês, e quero fazer uma pós-graduação em português", planeja.

Na 1ª Feira Nacional do Podrão, que espera receber um público de 5 mil pessoas, Abdullah e seus irmão estão preparados para vender aproximadamente 800 salgados em cada dia do evento. Além de esfihas e quibes, sanduíches, pastas e bolinhos de grão de bico fritos, os chamado 'falafel'.

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