Rio - Há sete anos, Maryelle Farias deixou o cargo de gerente na empresa da irmã para se dedicar ao negócio próprio. Investiu tempo e dinheiro em um curso de confeitaria, onde aprendeu a manipular o chocolate. Nascia ali, a Mary Cake, dedicada a venda desse que é um dos doces mais consumido no mundo. O mesmo aconteceu com Fernanda Neves. Bancária concursada, ela largou a ocupação para se realizar à frente da Mindá Doces. Como elas, milhares de empreendedores vêem na Páscoa uma excelente oportunidade de lucrar e ampliar seus negócios, utilizando aplicativos e redes sociais como aliados.
No Whatsapp as mensagens não param de chegar. São os clientes de Maryelle, fazendo pedidos de ovos de colher, brownies e cupcakes. Apesar de ter uma pequena banca em frente a um colégio, em Ramos, Zona Norte do Rio, a confeiteira viu no aplicativo a chance de aumentar a venda de seus produtos. A grande novidade é o ovo unicórnio, pegando carona no sucesso que a fantasia fez no último Carnaval. Segundo ela, a maior parte dos clientes faz pedidos através do app. “Larguei o emprego por acreditar no meu potencial. Sempre gostei de confeitaria e o chocolate foi uma ótima escolha. Acredito que 95% das vendas sejam via Whatsapp. Sem essa ferramenta, meu negócio não ganharia a dimensão atual”, diz.
Com mais de 120 milhões de usuários ativos no Brasil, o WhatsApp já é uma realidade no comércio varejista. Utilizado principalmente, entre amigos e familiares para uma comunicação mais rápida e com menos custos, o app vem se tornando uma ferramenta fundamental para os negócios. Segundo pesquisa da Morning Consult, quase 90% das pequenas e médias empresas que utilizam o app acha que o aplicativo os ajuda a manter uma boa comunicação com seus clientes e 81% acredita que a ferramenta ajuda no crescimento de seu negócio.
Proprietário do ‘Bombom Dujoao’ - onde o carro chefe é o ovo de leite em pó - João Pedro também é adepto às redes para comercialização dos chocolates. Na receita repassada pela avó, o rapaz acrescentou no recheio brigadeiro, beijinho, castanhas e creme de avelã. “O ovo tem a casca feita com a massa do bombom e totalmente recheado ao pedido do cliente. O sucesso é sempre grande. Na primeira vez que fizemos, foram vendidos mais de 500 ovos. Todos via WhatsApp”, conta.
Há apenas um mês, Fernanda fez um acordo com o banco em que trabalhava. Se desligou da empresa e foi se dedicar ao que sempre gostou de fazer: doces. Sua empresa já atuava de maneira informal, enquanto conciliava as vendas com as atividades bancárias. Moradora de Niterói, Região Metropolitana, a empreendedora aposta no diferencial - o chocolate belga - além das redes sociais para divulgar seu trabalho e atrair novos clientes. “As grandes marcas estão perdendo a qualidade e as pessoas estão buscando produtos melhores. Estão preocupadas com a saúde. Essa é a nossa chance, pois oferecemos o melhor a um preço justo”, analisa. Fernanda tem um canal no Youtube, onde ensina algumas receitas. Uma delas é a pipoca gourmet, que virou recheio de um dos seus ovos de Páscoa. Até o momento, a publicação conta com mais de 123 mil visualizações.
Apesar do fraco desempenho nos últimos anos, o setor espera um crescimento em 2018. De acordo com a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), as vendas do varejo voltadas para a Páscoa deste ano deverão crescer 3,5% em relação à Semana Santa do ano passado. Confirmada a projeção, esse seria o melhor desempenho das vendas reais do varejo nesta data comemorativa desde 2013. O faturamento deve girar em torno de R$ 2,2 bilhões. O crescimento pode estar ligado à queda no preço do chocolate, que ficou em média 8% mais barato em relação a 2017.
