Tânia convidou clientes na calçada para assistir jogo - Daniel Castelo Branco
Tânia convidou clientes na calçada para assistir jogoDaniel Castelo Branco
Por Bernardo Costa

Ainda sob os efeitos da crise, os comerciantes apostam na Copa do Mundo da Rússia para tentar aumentar as vendas e reverter o placar desfavorável no caixa da empresa no fim do mês. A expectativa por um movimento maior de clientes pode ser traduzida nos números que no infográfico abaixo, divulgados em pesquisas do setor. Segundo a Confederação Nacional do Comércio (CNC), o segmento deve movimentar R$ 100 milhões só na Região Metropolitana do Rio. No estado, bares e restaurantes deverão registrar um acréscimo de R$ 40 milhões no faturamento.

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Diante da estimativa, os gerentes e proprietários dos estabelecimentos entram em campo para disputar clientes. Vale tudo para sair na frente no placar. Bandeirinhas do Brasil na fachada, garçons vestidos de verde e amarelo... Na Lapa, a competição é acirrada. E, mesmo com as promoções estampadas, Tânia Lopes, proprietária do Boteko do Juca, foi para a rua no domingo na tentativa de cativar o público no jogo do Brasil contra a Suíça. No telão, a apresentação de um grupo de samba e a dose dupla de chope eram os elementos que podiam fazer a diferença no 'esquema tático' das vendas em tempos de Copa. "E deu certo! Fui para a calçada convidar as pessoas para assistir ao jogo e curtir o samba. O povo correspondeu. Quando eu dizia que o chope estava saindo por R$ 2,75, todos entravam no bar", contou Tânia, que pretende abrir o estabelecimento mais cedo na sexta-feira para tentar repetir a dose no segundo jogo da seleção brasileira: "No domingo, o nosso movimento dobrou. Espero que melhore ainda mais", torce Tânia.

Mais à frente, na esquina com a Rua do Lavradio, o Antonio's aproveitou o clima frio e baixou o preço também dos drinks destilados. Nesse rol de bebidas, a caipirinha é a estrela do time. "Ela agrada especialmente os turistas, que circulam pela Lapa e podem ser atraídos para assistir a qualquer jogo, e não só o do Brasil", comentou o garçom Valtônio Costa.

No Méier, os empresários também foram ao ataque e adotaram a estratégia de reduzir o preço da bebida. No Boteco Bistrô, a opção foi seguir no esquema 3-10-1: três chopes a R$ 10 para um cliente. A divulgação pelas redes sociais fez efeito e o movimento na casa triplicou. "Para o jogo de sexta, vamos abrir mais cedo e oferecer café da manhã", diz o sócio Urbano Erbiste, como quem mantém o mesmo time da estreia. Porque, no comércio, em time que está ganhando não se mexe.

'VUVUZELA DA TAÇA' É COBIÇADA NO SAARA

No Saara, tradicional região de comércio popular do Rio, os comerciantes, que estavam com receio de que as mercadorias encalhassem, viram os produtos saírem das prateleiras com o começo dos jogos. O artigo mais vendido este ano, segundo eles, é a 'vuvuzela da taça', uma corneta com o formato do troféu da Copa do Mundo.

"O pessoal tá empolgado agora! As vendas já aumentaram e a gente espera que elas aumentem ainda mais à medida que o Brasil avance na competição. As blusas infantis da seleção brasileira, por exemplo, já acabaram", conta a vendedora Isabelle Furtado.

NA FEIRA DE SÃO CRISTÓVÃO

Na Feira de São Cristóvão, os comerciantes também estão com motivos para comemorar. Segundo José Nilson, dono do restaurante Casa da Severina, o público aumentou em cerca de 20% no domingo em que a seleção brasileira entrou em campo. "Só de chope, eu vendi o dobro", comemora.