Raquel Gomes, empreendedora que abriu seu próprio estúdio de fotografia - Divulgação
Raquel Gomes, empreendedora que abriu seu próprio estúdio de fotografiaDivulgação
Por Bernardo Costa
Há dois anos o Sebrae RJ mantém uma tendência de atendimento ao público feminino em maior quantidade. Segundo dados de dezembro, elas responde por 39,9% dos clientes, enquanto eles estão na faixa de 31,5%. A busca por orientação reflete as dificuldades enfrentadas pelas mulheres quando decidem abrir a própria empresa, que vão desde a jornada dupla em casa ao preconceito no mercado, passando por juros mais altos em financiamentos bancários.

A fotógrafa Raquel Gomes, de 37 anos, sabe bem dessa realidade. Antes de abrir o próprio estúdio fotográfico na Penha, os ensaios ocupavam a sala de casa. O trabalho invadia a rotina doméstica. "Meu marido e meu filho ficavam no quarto. Eu levava lanche, suco, água para eles não precisarem sair. Era preciso que o cliente percebesse que não havia ninguém em casa", conta Raquel, que decidiu empreender após ter sido demitida, em 2014, de uma empresa onde trabalhou por 10 anos como supervisora comercial. 
Hoje, à frente do ela acredita que a demissão tenha sido causada por preconceito de gênero. "Fui mandada embora um ano depois de ter tido meu filho. Vieram outras obrigações, levar e buscar na creche, atender quando tinha febre, por exemplo. Percebi que comecei a ser vista de forma diferente", lembra. 
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A maternidade foi o que a fez enxergar o empreendedorismo: "Sempre contratei fotógrafo para registrar momentos do meu filho. Comecei a me apaixonar, fiz um curso e me especializei na fotografia infantil. Como estávamos em plena crise e não conseguia voltar ao mercado, decidi empreender na cara e na coragem".
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Segundo Juliana Oliveira, coordenadora do Sebrae Delas, o principal desafio para a mulher empreendedora é organizar o tempo. "Isso porque ainda há o aspecto cultural que impõe à mulher o trabalho doméstico".
Paola Machicado, de 38 anos, comanda a Decorecrie, e atua na produção e vendas de almofadas decoradas. Para ela, que comercializa as peças na Feira Hippie de Ipanema, a possibilidade de trabalhar me casa é o que atrai no empreendedorismo.
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"Posso ter mais contato com minha filha. Mas falta tempo para tirar algumas ideias no papel”. 
 
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Capacitação empreendedora
O programa Sebrae Delas hoje atende 300 mulheres em todo o estado. O programa foi lançado no ano passado e conta com seis meses de capacitações online e presenciais para mulheres empreendedoras. A próxima edição será lançada no fim deste semestre.
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Segundo Juliana Oliveira, coordenadora do Sebrae Delas, o programa prepara as mulheres na gestão empresarial, em temas como liderança, gestão do tempo, marketing e modelagem de negócios, e na área comportamental, desenvolvendo autoconfiança, técnicas de apresentação e networking. "Mostramos que qualquer negócio pode ser gerido por ambos os sexos", diz.
Paola Machicado, da Decorecrie, está participando das capacitações. Ela herdou o trabalho artesanal dos pais, que foram fundadores da Feira Hippie de Ipanema, e conta que o desafio no momento está sendo fortalecer a marca: "Meus pais conquistaram muitas coisas, mas não tinham planejamento. Estou estruturando a empresa".
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