Rio - Apoiadores do candidato à Presidência Jair Bolsonaro (PSL) criaram a hashtag "RouanetNão' que chegou aos Trending Topics do Twitter, assuntos mais comentados na rede social em todo o mundo, nesta segunda-feira. A ação veio após artistas como Anitta aderirem à campanha '#EleNão' contra a candidatura de Jair Bolsonaro (PSL) à Presidência e de um grupo que inclui intelectuais, juristas, artistas, esportistas, ativistas e empresários assinarem o manifesto "Pela democracia, pelo Brasil" contra o candidato.
Neste domingo, a cantora Anitta declarou que não apoia o candidato Jair Bolsonaro depois de ser desafiada pela cantora Daniela Mercury. Ela desafiou as cantoras Preta Gil, Ivete Sangalo e Claudia Leitte a também se posicionarem publicamente.
Fui desafiada pela @danielamercury a apoiar a #EleNao . Eu sou a favor da democracia e também não apoio a corrupção e o oportunismo. Agora desafio @ivetesangalo @ClaudiaLeitte e @PretaGil pic.twitter.com/ypwwm7pdnY
— Anitta (@Anitta) 23 de setembro de 2018
Outras celebridades também aderiram à hashtag #EleNão, como as atrizes Deborah Secco, Letícia Colin, Sophie Charlotte e Maria Ribeiro e as cantoras MC Loma e Marília Mendonça.
A corrente também ganhou apoio de artistas internacionais. A cantora inglesa Dua Lipa compartilhou um tweet que compara o deputado federal com o presidente americano Donald Trump e diz que o Brasil flerta com um retorno a 'dias sombrios'. O DJ e produtor Diplo, que trabalhou com Anitta e Pabllo Vittar em 'Sua Cara' também entrou na campanha compartilhando uma imagem onde se lê 'Ele Não'. O vocalista da banda Imagine Dragons, Dan Reynolds, disse que Bolsonaro não representa o Brasil que ele conhece e ama. Nicole Scherzinger, que era do grupo Pussycat Dolls, também aderiu às hashtags 'EleNão' e 'elenunca' em mensagem a fãs brasileiros.
this does not represent the Brazil I know and love. https://t.co/naZkeRH7el
— Dan Reynolds (@DanReynolds) 22 de setembro de 2018
Em resposta, apoiadores de Bolsonaro sugerem que os artistas se engajaram contra a eleição de Bolsonaro porque o deputado federal acabaria com o uso de dinheiro público para apoiar artistas famosos.
Chega de bancar artistas com carreira consolidada. #RouanetNão
— Victor Bastos (@victor__rb) 24 de setembro de 2018
"Incentivos à cultura permanecerão, mas para artistas talentosos, que estão iniciando suas carreiras e não possuem estrutura. O que acabará são os milhões do dinheiro público financiando “famosos” sob falso argumento de incentivo cultural, mas que só compram apoio! Isso terá fim!", escreveu o capitão da reserva no Twitter.
A Lei Rouanet, como é conhecida a Lei 8.313/91, é o principal mecanismo de fomento à Cultura do Brasil. Ela estabelece como o Governo Federal deve disponibilizar recursos para a realização de projetos artístico-culturais. A lei tem dois mecanismos de financiamento, o principal deles é o Incentivo Fiscal, no qual a decisão sobre os projetos que serão financiados é dos detentores de renúncia fiscal, tanto pessoa jurídica como pessoa física.
Grupo lança manifesto contra Bolsonaro
Um grupo que inclui artistas, advogados, ativistas e empresários lançou um manifesto contra a candidatura de Jair Bolsonaro. O documento intitulado "Pela democracia, pelo Brasil" não indica apoio à candidatura do PT nem de qualquer um dos adversários do deputado, mas afirma ser necessário um movimento contra o projeto antidemocrático do candidato do PSL. Na esteira do manifesto, a hashtag '#DemocraciaSim' também começou a circular neste domingo.
"É preciso dizer, mais que uma escolha política, a candidatura de Jair Bolsonaro representa uma ameaça franca ao nosso patrimônio civilizatório primordial. É preciso recusar sua normalização e somar forças na defesa da liberdade, da tolerância e do destino coletivo entre nós", diz o texto.
O documento diz que o país já teve em Jânio Quadros e Fernando Collor de Mello "outros pretensos heróis da pátria, aventureiros eleitos como supostos redentores da ética e da limpeza política", mas que acabaram levando o Brasil ao "desastre".
"Nunca é demais lembrar, líderes fascistas, nazistas e diversos outros regimes autocráticos na História e no presente foram originalmente eleitos, com a promessa de resgatar a autoestima e a credibilidade de suas nações, antes de subordiná-las aos mais variados desmandos autoritários", diz outro trecho do manifesto.
Versão preliminar do manifesto, obtido pela reportagem, conta com cerca de 150 nomes, entre eles os de Maria Alice Setúbal, educadora e acionista do Itaú Unibanco; do economista Bernard Appy; do empresário Guilherme Leal, sócio da Natura; de Caetano Veloso e Paula Lavigne; do advogado e professor da FGV Carlos Vilhena; e do médico Drauzio Varella.
*Com informação do Estadão Conteúdo