Rio - A presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministra Rosa Weber, afirmou neste domingo que não houve falha no combate às fake news durante as eleições. Em entrevista à imprensa na sede do TSE, em Brasília, ela disse, no entanto, que ainda existem dificuldades para lidar com o problema.
"A desinformação é intolerável e está recebendo uma resposta nas áreas jurídica e administrativa. Mas se tiverem uma solução (imediata), por favor, nos apresente porque, por enquanto, não descobrimos um milagre", admitiu a ministra.
Para Rosa Weber, as fake news devem ser combatidas com "informação responsável":
"A desinformação deliberada ou involuntária que visa ao descrédito há de ser combatida com informação responsável e objetiva. Tudo com transparência que exige um estado democrático de direito".
Segundo Rosa Weber, as "paixão políticas estão exacerbadas" e "os níveis de discórdia atingiram graus inquietantes" durante o período eleitoral. Para a ministra, porém, são "comportamentos naturais no processo".
A presidente do TSE ressaltou que sem imprensa livre não há democracia. Ela também defendeu as urnas eletrônicas.
"O sistema eletrônico é auditável. Tem a minha total confiança", afirmou ela.
CASO BOLSONARO
Rosa Weber reagiu ao vídeo no qual o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do candidato à Presidência Jair Bolsonaro (PSL), disse que "para fechar o STF basta um cabo e um soldado". A presidente do TSE afirmou que "nenhum juiz irá se abalar”.
"Embora não sendo presidente do STF, no Brasil as instituições estão funcionando normalmente. Juiz algum no Brasil se deixa abalar por qualquer manifestação que possa ser compreendida inadequadamente", ressaltou ela, lembrando que a fala de Eduardo Bolsonaro "já foi desautorizada pelo pai".
Questionada sobre compra de pacotes de disparos de mensagens contra o PT no WhatsApp por empresas, como revelou o jornal "Folha de S.Paulo", Rosa Weber afirmou:
"O Direito tem o seu tempo. A Justiça Eleitoral age provocada por ações judiciais. Observando o processo legal, daremos em momento oportuno a resposta adequada".
Segundo a reportagem da "Folha de S.Paulo", as empresas seriam apoiadoras de Jair Bolsonaro e adquiriram um serviço de disparo em massa, usando a base de usuários do próprio candidato ou bases vendidas por agências de estratégia digital, o que é ilegal.
469 INQUÉRITOS ABERTOS
Presente no encontro, o ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, divulgou um balanço da atuação da Polícia Federal nas eleições. De acordo com ele, 469 inquéritos foram abertos, principalmente envolvendo crimes relacionados à propaganda irregular, proliferação de informações falsas e compra de votos.
Jungmann informou que 266 pessoas foram apreendidas e 455 prestaram depoimentos. A Polícia Federal apreendeu mais de R$ 2 milhões ao longo da campanha.
"A apuração da Polícia Federal ocorreu mediante requisição da Justiça Eleitoral", destacou.
O ministro revelou que as campanhas dos presidenciáveis Jair Bolsonaro (PSL) e Fernando Haddad (PT) estão sendo investigadas por suposta contratação de empresas para disseminação de mensagens por meio do aplicativo Whatsapp. O caso, segundo Jungmann, está sob sigilo.
"Àqueles que tem a má intenção de cometer vários crimes contra a credibilidade eleitoral, produzindo notícias falsas, quero dizer que não existe anonimato na internet. A Polícia Federal tem tecnologia e pessoal para identificar qualquer pessoa no país ou em qualquer lugar", lembrou o ministro.