Martha Rocha nas ruas da Zona Oeste  - Samuel Barcellos/Divulgação
Martha Rocha nas ruas da Zona Oeste Samuel Barcellos/Divulgação
Por Gabriel Sobreira
Rio - A matéria deste domingo de O DIA com relatos de moradores e candidatos proibidos de realizarem a campanha em áreas dominadas pelo crime repercutiu entre os candidatos à Prefeitura do Rio. Entre um compromisso e outro, os postulantes ao cargo máximo da Capital comentaram a reportagem. Procurados, Eduardo Paes (DEM) – que participou de eventos nas Zonas Oeste e Norte - e Marcelo Crivella (Republicanos) – que não teve agenda de compromissos de campanha neste fim de semana, respectivamente primeiro e segundo lugar na mais recente pesquisa Datafolha, não se pronunciaram sobre o tema.
A candidata Martha Rocha (PDT), que na mesma pesquisa aparece empatada tecnicamente com Crivella no segundo lugar, esteve em vários bairros, em especial, na Zona Oeste neste fim de semana. Neste domingo, ela e o vice, Anderson Quack, percorreram 25 quilômetros em carreata, de Ilha de Guaratiba até Campo Grande, conversando com moradores e comerciantes explicando planos para o desenvolvimento sustentável na região.
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“Caminhei por vários pontos da cidade, dentro e fora de favelas e comunidades, sem ter sido impedida ou intimidada. Quanto ao teor da reportagem, o maior problema é que essas organizações criminosas criaram tentáculos na política e há décadas vêm elegendo seus representantes. E, infelizmente, essa bancada do crime tem crescido a cada eleição. Também basta ler na própria reportagem exclusiva do jornal O Dia de quais partidos são esses representantes eleitos com o apoio de organizações criminosas. Vejam quem eles apoiam”, orienta ela.
“Quando chefiei a Polícia Civil, nós prendemos um vereador aqui do Rio que comandava uma milícia na Zona Oeste, tendo sido ele um dos suspeitos de me ameaçar de morte. Em relação à solução, está justamente nesse enfrentamento rigoroso das atividades criminosas que financiam campanhas. Como parte do poder público, a Prefeitura também tem seu papel constitucional na segurança”, defende Martha.
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Benedita da Silva (PT), que nas pesquisas está em terceiro lugar, fez neste sábado carreata pela Zona Sul, ao lado de Fernando Haddad. Neste domingo, a candidata começou o dia na Praça Seca, na Zona Oeste, e encerrou na Cinelândia, na Zona Central, onde participou de ato pedindo Justiça para a modelo Mariana Ferrer.
“Ontem foi ’quem matou Marielle?’ e, até agora, nada. Amanhã será quem foi que estuprou a Mariana, e depois? Por isso, é preciso que o Rio seja uma cidade mais segura para as mulheres. Fora Bolsonaro, fora Crivella, fora vocês que não cuidam da cidade e do Brasil, e matam com seu silêncio as mulheres. Estupram com seu silêncio as mulheres. Violentam os direitos humanos com o seu silêncio”, disse a candidata.
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Em relação à reportagem sobre os currais eleitorais do crime, Benedita foi taxativa. “Ninguém pode negar que o poder público, após décadas de ausência nas favelas, perdeu o controle territorial sobre muitas delas para o poder paralelo”, afirma.
A deputada federal acrescenta: “Eu jamais autorizaria negociação com grupos criminosos. Não tive problemas para circular em comunidades, provavelmente pelo fato de o povo se reconhecer em mim, saber que eu vim da favela e nunca me esqueci de meus compromissos com as comunidades. Eu sempre frequentei as favelas, tenho muitos parentes e amigos em muitas delas”, afirma ela, que logo acrescenta. “Nem por isso desconheço o problema. Ele existe, á uma ameaça à democracia, e considero fundamental que o Estado garanta o direito de ir e vir, sobretudo no dia da eleição para que o voto livre não sofra qualquer restrição”, pontua a candidata.
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Ainda segundo a pesquisa Datafolha, em quarto lugar na preferência do voto do carioca, Luiz Lima (PSL) percorreu, neste sábado, mais de 20 bairros, da Zona Norte até a Zona Sul. Neste domingo, o candidato caminhou por Copacabana e ressaltou que a cidade tem que estancar a grave crise econômica nos setores de serviços e turismo gerada pela paralisação na pandemia da covid-19.
Em relação à reportagem do DIA, Lima afirmou o seguinte: “O município vai liderar a ocupação desses espaços ocupados. Vamos trazer conosco o Estado e o Governo Federal. Políticas públicas urbanísticas reduzem a violência. Vamos rever o Plano Diretor e ter um planejamento urbano voltado para construção de uma cidade mais segura. Vamos trabalhar para oferecer moradia digna e dentro da lei para a população que hoje fica refém da milícia”.
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“É possível, sim, a gente melhorar, se cada um fizer a sua parte. A polícia faz o seu trabalho e o governo ocupa os espaços que tem o dever de ocupar, oferecendo educação, esporte, lazer e serviços públicos de qualidade para a população e, ainda, permitindo que prestadores de serviço entrem na comunidade e também ofereçam seus serviços, de gás, de TV a cabo, venda de água", explica o candidato.
'Vereadores são fundamentais', diz especialista sobre disputa para a Prefeitura do Rio
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Para o cientista político e professor da UFRJ, Paulo Baía, nesses últimos dias de campanha, a ordem é dar volume de presença nas ruas e nos espaços digitais. “Essa reta final que vai definir as posições dos dois primeiros colocados”, defende Baía, que aponta quatro com grande volume de campanha.
“Eduardo Paes, Marcelo Crivella, Martha Rocha e Benedita da Silva. Eles têm muita estrutura de fazer esse volume de presença em toda a cidade presencialmente e no mundo virtual da cidade para que isso ganhe capilaridade nos smartphones. É fundamental já que a propaganda de rádio e TV termina dia 12”, avisa ele.
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Baía, que também é sociólogo, diz que, com base nas últimas pesquisas Ibope e Datafolha, três campanhas podem crescer nos últimos dias. “De hoje até dia 15, as campanhas de Eduardo Paes, Martha Rocha e Luiz Lima têm essa possibilidade. A campanha de Benedita da Silva, que tem volume, não tem esse indício nas pesquisas, de toda forma”, explica.
Faltando apenas seis dias para as eleições municipais, o estudioso é categórico quando se trata de corrida contra o relógio. “Os candidatos à Prefeitura do Rio devem intensificar, estimular para que as 1.758 candidaturas a vereador ganhe as ruas. São os candidatos a vereador que vão dar essa visibilidade na rua das candidaturas majoritárias", diz ele.
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"Reforço que, nas principais campanhas que têm ativismo, como a do Eduardo Paes, Marcelo Crivella, Martha Rocha, Benedita da Silva, Luiz Lima e aí incluo a Renata Souza, que também tem muita militância, os vereadores são fundamentais. Porque são eles que dão a capilaridade, a visibilidade na rua. Os partidos devem estimular que seus candidatos a vereador intensifiquem sua presença no mundo digital. Ao intensificar a presença de cada vereador, você eleva também a figura do candidato a prefeito”, ensina Baía.
Reta final de MARTHA ROCHA (PDT):
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"Durante a semana, vou continuar indo às ruas conversar com as pessoas, ouvir as demandas e reivindicações e mostrar o nosso plano de governo, que é baseado em pontos que realmente são executáveis. Não prometemos coisas que não poderão ser cumpridas. Assumimos compromissos que podem ser realizados de verdade. Eu e meu companheiro de chapa, o produtor cultural Anderson Quack, estamos sendo recebidos com muito carinho por onde passamos. Podemos realmente andar de cabeça erguida em qualquer lugar que nós vamos. Essa recepção demonstra realmente que a nossa candidatura foi a que mais cresceu desde o início das medições de intenção de voto do período eleitoral."
Reta final de BENEDITA DA SILVA (PT):
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"A estratégia é a mesma: mostrar que temos o melhor programa de governo para criar empregos e reduzir a desigualdade entre ricos e pobres, brancos e pretos. Vamos manter nossa presença intensa nas ruas, com todos os cuidados para nos proteger do coronavírus, e levar nossa mensagem a todos que tiveram sua esperança de um mundo melhor renovada com a derrota da extrema direita nos Estados Unidos e a eleição da primeira vice-presidenta negra da história. Eu fui a primeira vereadora negra, constituinte, senadora e governadora. Agora quero ser a primeira prefeita negra para unir essa cidade partida pelo preconceito contra os pobres."
Reta final de LUIZ LIMA (PSL):
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"Até quinta-feira nossa campanha seguirá forte na televisão e nas minhas redes sociais. Vou mostrar para as pessoas que existe esperança de um Rio sem corrupção, com bons gestores e técnicos especialistas em suas áreas. Sigo me apresentando como uma pessoa disposta a fazer diferente, norteado por valores que sempre me guiaram como honestidade, lealdade e disciplina. Vamos seguir percorrendo os bairros do Rio, seja na Taquara, Bangu, no meu querido bairro de Campo Grande, na Zona Oeste, e, vou encerrar a campanha no sábado em Copacabana. A campanha vai se decidir na última semana".
Reta final de MARCELO CRIVELLA (REPUBLICANOS):
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"O prefeito Marcello Crivella, por conta do seu cargo, já tem que tomar os devidos cuidados em relação à sua segurança pessoal, inclusive seguir o que está no protocolo do cargo que ele exerce. Em virtude também de ser prefeito do Rio em exercício, sua agenda externa tem sido bastante limitada e, em função disso, tem feito mais reuniões e algumas agendas em centro de bairro. A estratégia de campanha segue a mesma que viemos desenvolvendo até agora.", nota da assessoria da campanha da campanha de Crivella.