Lula Fernando FrazÃO/Agência Brasil

Depois de "comprar briga" com o agronegócio ao dizer, em sabatina no Jornal Nacional, que parte do setor é fascista, o candidato do PT à Presidência, Luiz Inácio Lula da Silva, afirmou nesta sexta-feira, em Belém (PA), que há no País grandes produtores rurais com responsabilidade ambiental.
"Nós temos que criar na sociedade brasileira a consciência de que a manutenção da floresta [amazônica] em pé é mais saudável, é mais rentável do que tentar derrubar árvores para plantar soja, para plantar milho, plantar cana ou criar gado", disse Lula em encontro com povos indígenas na capital paraense. "Os grandes produtores que têm responsabilidade, porque vendem seus projetos do mercado estrangeiro, não querem correr risco de ser prejudicados porque estão praticando violência contra a nossa Amazônia", acrescentou.
Para Lula, é preciso "evitar" quem age com irresponsabilidade no agronegócio. "Fazem discurso que é preciso desmatar, fazer queimada. Essa gente não são as pessoas responsáveis que trabalham dignamente para produzir e vender", disse o candidato do PT.
Lula também prometeu a criar o programa Mais Alimentos, criado em 2008, durante seu governo, para estimular a produtividade da agricultura familiar. O programa, contudo, está em vigor.
"A agricultura familiar (que) se prepare para produzir mais. Porque nós vamos criar uma coisa chamada Mais Alimentos para que aumente a capacidade produtiva, para que tenha mais comida no mercado e para que a inflação não proíba o povo de comprar o que comer", declarou Lula no encontro com povos indígenas em Belém.
O petista ainda voltou a prometer à agricultura familiar expansão do crédito para a produção e compra de equipamentos. A medida seria viabilizada por meio dos bancos públicos brasileiros.
Lula critica Orçamento sem Auxílio BR de R$ 600 e aumento real do salário mínimo
Lula também criticou o Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA) enviado pelo governo federal ao Congresso Nacional por não prever a manutenção do Auxílio Brasil em R$ 600 - promessa de campanha do presidente Jair Bolsonaro (PL), candidato à reeleição, para 2023 - e deixar de fora o aumento real do salário mínimo.
A peça apresentada pelo Executivo prevê Auxílio Brasil de R$ 405 Na quinta-feira, Bolsonaro afirmou que pode propor taxação de lucros e dividendos para preservar o Auxílio Brasil em R$ 600, valor turbinado em ano eleitoral, e que vence em 31 de dezembro, pela Proposta de Emenda à Constituição dos Benefícios Sociais (PEC).
Em encontro com indígenas em Belém, Lula se confundiu e chamou o PLOA de LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias), etapa anterior à lei orçamentária e que já foi concluída no Parlamento. Ele também insistiu na retórica de que a falta de previsão para a continuidade dos R$ 600 significa o fim do "Auxílio Emergencial"
"Ontem foi mandada para o Congresso Nacional a LDO. A LDO chama-se lei de diretrizes orçamentárias. É a proposta do governo para o orçamento de 2023. E lá nem tem a continuidade do Auxílio emergencial e nem tem o aumento do salário mínimo [acima da inflação]. É uma vergonha porque já faz vários anos que o salário mínimo não aumenta, no nosso governo aumentava todo ano", declarou Lula. Ao contrário do que disse o presidente, a LOA e não a LDO foi enviada ao Congresso. A LDO já foi aprovada pelos deputados e senadores.
A estratégia de chamar de Auxílio Emergencial o incremento temporário do Auxílio Brasil de R$ 400 para R$ 600, conforme estabelecido na PEC dos Benefícios, foi pensada pelo deputado André Janones (Avante-MG), que faz a estratégia digital de Lula. Na prática, o jogo de palavras busca associar o benefício temporário ao Auxílio Emergencial de R$ 600 criado no início da pandemia.
Lula também promete manter os R$ 600 em 2023 no programa Novo Bolsa Família, mas, assim como Bolsonaro, ainda não definiu publicamente como arcar com a despesa, que giraria em torno de R$ 52 bilhões.