Os candidatos à presidência da Republica se enfrentam neste ultimo debate 2° turno da campanha presidencial nesta sexta-feira(28). Na foto: Jair Messias BolsonaroCléber Mendes/Agência O Dia

Após o debate na TV Globo, na noite desta sexta-feira (28), os candidatos Jair Bolsonaro (PL) e Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fizeram suas considerações sobre o último encontro antes da eleição presidencial. A coletiva de imprensa, no entanto, terminou após Bolsonaro se irritar com uma pergunta. Já Lula optou por não participar e foi representado por seu vice na chapa, Geraldo Alckmin (PSB).
Ao lado do ex-ministro da Justiça e senador eleito Sergio Moro, Bolsonaro concedeu uma pequena entrevista. Entretando, quando um repórter citou a acusação feita pelo presidente de que Lula teria ido ao Complexo do Alemão "negociar com traficantes", o candidato do PL se irritou.
"A imprensa toda sabe que quem organizou aquela agenda foi o Renê Silva, comunicador que todos conhecem há 10, 12 anos", disse o repórter da "Folha de São Paulo". "Queria saber por que o senhor tem insistido nessa informação, nessa mentira..", tentou completar, quando interrompido pelo chefe de Estado: "Tá me chamando de mentiroso? Você tem moral pra me chamar de mentiroso?", gritou Bolsonaro, dando, em seguida, um "tapa" na bancada, antes de sair do palco.
Moro, por sua vez, tomou a vez e tentou responder ao questionamento. "Essas questões são relacionadas ao apontamento de que existe uma política de insegurança pública nos governos do PT", afirmou.
 
Ao longo da coletiva, Bolsonaro também teve outro momento de irritação ao ser chamado de "candidato" por uma repórter e ameaçou ir embora. "Pera aí, sou candidato ou sou presidente? Se sou candidato, eu vou embora. Se sou candidato, eu vou embora. Então por favor, sou presidente da República, candidato eu era lá dentro [da sala de debate]", disse.
Em outro momento, quando questionado por um jornalista português, Bolsonaro disse não entender a pergunta. O repórter disse que poderia refazer a pergunta e foi respondido: "Se repetir, vou continuar não entendendo. Não falo espanhol nem portunhol". "Não falo portunhol", rebateu o português.
Como Lula não participou da coletiva, o pronunciamento foi feito por Alkimin. Ele citou a fala do presidente no debate, na qual afirmou que a transferência de Marcola, chefe do PCC, para presídio federal, teria sido um ato do governo. No entanto, segundo ele, a ação foi do Ministério Público. "Quem autorizou foi o Judiciário. E o Bolsonaro tentou, diz o Moro, impedir a transferência do Marcola", afirmou, lendo um trecho do livro do ex-juiz.
Antes da coletiva, os candidatos foram entrevistados pela jornalista Renata Lo Prete, no "Jornal da Globo". Lula, sem citar o nome de Bolsonaro, e apenas se referindo ao presidente como "oponente" e "adversário", disse que ele é "um samba de uma nota só, que não tem argumento", algo que repetiu por diversas vezes ao longo do debate. "Lamento que não seja discutido programa de governo porque o cidadão oponente não sabe discutir isso", afirmou.
O ex-presidente defendeu ainda que a discussão deveria ser sobre políticas de desenvolvimento, geração de emprego, "o que vai ser feito com os milhões de brasileiros" endividados, mas que virou um jogo de acusações. Ao ser questionado sobre as vezes em que ambos se chamaram de "mentirosos" e se faltou oportunidade para falar sobre o que pretende fazer caso vença as eleições, Lula voltou a dizer que falta "vontade" de Bolsonaro em discutir o assunto. Ele disse esperar que nas próximas eleições seja definido o que deve ser falado, para que propostas sejam apresentadas.
Após Lula, Bolsonaro também conversou com a jornalista. Ao ser perguntado sobre se aceitaria uma eventual derrota para Lula, o atual chefe de Estado afirmou que "não há a menor dúvida. Quem tiver mais voto leva. É isso que é democracia", dando a entender que respeitará os resultados das urnas, as quais critica. O candidato do PL disse ainda que não se arrepende de ter entrado com pedido no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sobre inserções de sua campanha, que não teriam sido veiculadas em rádios no Nordeste.
"Se o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) não tivesse culpa de nada, não teria demitido o funcionário da forma como demitiu trinta minutos depois que ele apresentou que o TSE não estava fazendo a sua parte", apontou. Para ele, " o TSE deveria pelo menos investigar" o caso.
Lula e Bolsonaro se enfrentam nas urnas neste domingo, 30. A votação acontece das 8h às 17h, no horário de Brasília.