O senador eleito Flávio Dino (PSB-MA) afirmou em uma entrevista, nesta terça-feira, 1º, que acredita que houve o "aparelhamento das instituições para fins partidários" nas eleições de 2022. De acordo com Dino, não se pode usar a "função pública, a farda e o armamento para militar a favor de uma posição ideológica".
Dino defendeu o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e afirmou que o petista "teve uma atitude de muito respeito com as Forças Armadas e com a Polícia Federal" durante seus dois mandatos anteriores. "Quando você olha o retrospecto, ele já indicava essa busca de colaboração", disse.
"Agora, o desafio é maior, é preciso [trazer] essas corporações, sobretudo o sistema de Justiça e Segurança Pública, para a legalidade. Não é trazer para a esquerda. Não é trocar um aparelhamento pelo outro. É colocá-lo a serviço de uma visão republicana, de fato, democrática", pontuou.
Ele ainda citou atuação da Polícia Rodoviária Federal (PRF) nas operações realizadas durante o segundo turno e no bloqueio de estradas feito por caminhoneiros e apoiadores do chefe do Executivo após o resultado.
"Se você olhar a quantidade de operações que a PRF fez ao longo de 2022 inteiro, vai identificar que ontem [no 2º turno] houve comportamento fora do padrão. Em relação a esse episódio dos caminhoneiros, temos crimes sendo perpetrados em flagrante, e a PRF está, em muitos casos, apenas acompanhando."
De acordo com o político, o presidente está agindo "de modo oportunista" e está estimulando as "arruaças" nas rodovias ao manter o silêncio sobre a vitória de Lula. "Mais uma vez, Bolsonaro agride o Estado democrático de Direito", afirmou.
Dino diz que não manifestação de Bolsonaro sobre os resultados é "grave", porém "coerente com uma pessoa que tem muita intolerância com as boas práticas democráticas". Em sua avaliação as manifestações são isoladas, no entanto, "não significa que não sejam graves".
"Não cabe ao presidente eleito tomar qualquer providência. Cabe ao atual governo aplicar a lei. Vemos internamente e internacionalmente o reconhecimento quanto à legitimidade da eleição. Os bloqueios das rodovias são lamentáveis, mas não parecem sinalizar risco de golpe de Estado, ou seja, de nenhuma virada de mesa no Brasil nesse momento."
Segundo o senador, a "ideologização de instituições" não atinge somente as forças policiais. “Vimos isso também no Judiciário e no Ministério Público. É preciso que a gente vá com calma conversar com essas corporações, porque a imensa maioria dos que a integram também não concorda com essa ideologização”, disse.
"Uma coisa é a posição pessoal de cada cidadão ou cidadã, que deve ser sempre protegida. Agora, ele não pode usar a sua função pública, a farda e o armamento para militar a favor de uma posição ideológica."