Por pedro.logato
Volante esteve na Copa de 2010Efe

Inglaterra - Aos 26 anos, Ramires é referência na seleção brasileira de Luiz Felipe Scolari. Um dos poucos remanescentes da última Copa do Mundo ao lado de Julio Cesar, Daniel Alves, Thiago Silva e Kaká, o volante do Chelsea está preocupado. E não é com a falta de resultados da seleção brasileira. Para o jogador, Neymar a pressão em Neymar está muito grande e o craque do Santos precisa ser preservado. Em entrevista ao ATAQUE, ele fala de Chelsea, seleção brasileira e outros assuntos.

ATAQUE: Perto da lista final da Copa das Confederações ainda dá aquele frio na barriga?

Ramires: A Copa das Confederações é uma competição muito especial para mim. Foi a primeira taça que tive a oportunidade de levantar defendendo a Seleção Brasileira, então a minha expectativa de ter a oportunidade de renovar esse título é enorme. Defender a Seleção Brasileira sempre arrepia. Pode ser na competição que for, par ou ímpar, amistoso, não importa. É algo que não dá para explicar, umas das melhores sensações que já tive na vida.

A: O que mudou da seleção de Mano Menezes para a seleção de Felipão?

R: São dois grandes treinadores, cada um com suas características e modo de ver o jogo. O Brasil está muito bem servido de treinadores. Fico contente por isso e espero que os nossos profissionais ganhem ainda mais espaço no futebol europeu.

A: A seleção foi vaiada no último jogo no Mineirão. Como lidar com a pressão extra da torcida?
Publicidade
R: A Seleção é formada de grandes jogadores, todo mundo está acostumado com pressão. Sempre que as coisas não correrem bem o torcedor vai exercer seu direito de se manifestar. Faz parte do futebol.
A: Tem alguma maneira de se preparar para possíveis vaias?
Publicidade
R: Prefiro pensar com otimismo. Tenho confiança de que vamos fazer um bom trabalho junto com o Felipão e de que iremos atingir os objetivos que todos esperam.
A: Você ficou um tempo sem ser convocado pelo técnico Mano Menezes. Foi justamente um de seus melhores períodos pelo Chelsea, chegou a conversar com ele para saber o porquê?
Publicidade
R: Não teve porque ter nenhum tipo de conversa. Aconteceu do Mano ter outras opções em determinado momento e era direito dele. Procurei continuar a fazer meu trabalho no Chelsea e graças a Deus as coisas deram muito certo e acabei retornando.
A: A seleção brasileira ainda é a melhor do mundo?
Publicidade
R: Acho que a gente tem que confiar no nosso país, nos nossos valores. Sabemos que existem outras grandes equipes no mundo, mas com certeza estamos entre elas. Na última Copa do Mundo também não davam nosso time como favoritos e fizemos uma excelente campanha. Só fomos eliminados num jogo um atípico contra a Holanda, quando fomos melhores a maioria do tempo. Na hora que a bola rola a nossa camisa pesa e o nosso torcedor apoia. Acredito que será assim na Copa das Confederações e na Copa do Mundo.
A: Já conseguiu ver sua figurinha no álbum de figurinhas da Copa das Confederações? Gostou?
Publicidade
R: Não vi ainda. Espero que tenha ficado legal né? (risos). Quando eu era moleque eu geralmente não tinha o álbum porque era caro comprar as figurinhas. Mas sempre tinha uma ou outra dos principais jogadores, que colava no caderno da escola, no armário de casa. Então, saber que tem uma minha no álbum é algo que me deixa muito orgulhoso.
A: Já pensou que em um ano, o Brasil estará parado para a Copa do Mundo apostando suas fichas na seleção brasileira? Pressiona?
Publicidade
R: Sonho com esse momento, em fazer parte dele. Fiquei engasgado por ter ficado de fora do jogo contra a Holanda na última Copa do Mundo. Foi uma das maiores decepções da minha carreira. Se pudesse voltar no tempo, mudaria isso. Então espero que a vida me dê essa nova chance, não de mudar o passado, mas de construir um futuro ainda melhor. Já me peguei sonhando em estar no Maracanã numa decisão milhões de vezes. Só de falar arrepia.
A: A temporada do Chelsea foi decepcionante. Caiu na primeira fase da Liga dos Campeões da Europa e ficou fora da disputa do título inglês. O que deu errado?
Publicidade
R: Acho que o começo foi ruim, mas deu tempo de salvar. Estamos próximos de conseguir a vaga na próxima Liga dos Campeões e de conquistar a Liga Europa. Com esses dois objetivos alcançados, acredito que terminamos o ano de forma positiva. Estamos vivendo um momento muito bom. Acredito que se tivéssemos conseguido atingir esse nível antes, as coisas teriam sido ainda melhores.
A: Liga Europa está longe de ser a Liga dos Campeões. Vencer é um prêmio de consolação?
Publicidade
R: De forma alguma. Para mim será uma honra. Pode ser mais um título inédito na minha carreira e na história do Chelsea. Se vencer, vou comemorar como nunca.
A: A imprensa europeia dá como certa a contratação de José Mourinho pelo Chelsea. Já se informou sobre o possível novo chefe?
Publicidade
R: Todo mundo conhece o Mourinho, mas eu por enquanto prefiro não comentar sobre o futuro. Temos um técnico no comando nesse momento, que é o Benítez. Temos que respeitar isso e fazer o melhor por ele até onde for possível.
A: Quem é seu melhor amigo no Chelsea?
Publicidade
R: Tenho grandes amigos aqui no grupo inteiro, mas a gente acaba ficando mais próximo dos brasileiros. Jogo com o David Luiz desde o Benfica, então ele é a pessoa mais próxima que tenho dentro do grupo.
A: Quem você aposta para o título da Liga dos Campeões?
Publicidade
R: Tudo pode acontecer. Vejo o Bayern mais preparado, mas o Borussia provou que não deve ser subestimado. Tudo pode acontecer. Torço para que seja um grande jogo.
A: Por que Neymar não rende o mesmo no Santos e na seleção brasileira?
Publicidade
R: Acho que tem muita cobrança em cima do Neymar e a Seleção brasileira não é só ele. Todo mundo tem a mesma parcela de responsabilidade. Neymar é um bom menino, trabalha corretamente, então tenho certeza de que ele vai arrebentar quando a gente mais precisar.
A: Você acha que está na hora dele jogar no futebol europeu? Te ajudou muito jogar na Europa?
Publicidade
R: Não acho que ele tem que sair para provar sua qualidade, como vejo algumas pessoas argumentarem, mas sim para viver outras experiências, o que é sempre benéfico. Os times europeus tem o poder aquisitivo para formar verdadeiras seleções mundiais, então colocamos nosso nível em teste contra os melhores do mundo. Isso te obriga a sempre estar se cobrando e evoluindo mais em todos os sentidos, senão você acaba ficando para trás. Particularmente cresci bastante desde que deixei o Brasil, mas isso não é uma fórmula exata. Neymar sabe o que é melhor para a carreira dele e se tiver que tomar essa decisão vai ser no tempo certo.
A: O que você gosta de fazer nas horas vagas em Londres?
Publicidade
R: Gosto de ficar em casa com meus amigos e com a minha família. A gente se reúne aqui sempre que dá, faz churrasco, toca um pagode. Não consigo ficar longe das minhas raízes. A vida me fez aprender outras coisas, mas não me mudou. Sou o mesmo cara que estava há seis anos em Barra do Piraí tentando a sorte no futebol. Sou feliz por isso.
Você pode gostar