Por rafael.arantes

São Paulo - Depois de conquistar o ouro nos 200m rasos na classe T44 (para amputados) das Paraolimpíadas de Londres, Alan Fonteles aumentou a lista de resultados expressivos no últimos mês. No Mundial de Lyon, não só voltou a vencer nos 200m como estabeleceu novo recorde mundial, com tempo de 20s66. Além disso, sagrou-se campeão também nos 100m e nos 400m. Antes de retornar ao Brasil, ele voltou à capital inglesa e pulverizou o recorde mundial dos 100m ao registrar 10s57, em prova que comemorava um ano dos Jogos. Engana-se, no entanto, quem imagina que o atleta se dá por satisfeito com o seu estágio atual de competição.

"Ainda precisa melhorar a saída", disse Fonteles nesta terça-feira, em entrevista coletiva concedida em São Caetano do Sul. "Peguei as filmagens das minhas corridas em Lyon para analisar com meu treinador onde eu errei para acertar e melhorar os tempos. Nos 100m, já sei porque não bati o recorde mundial lá e porque bati em Londres", completou o paraense de 20 anos.

Fonteles é referência na modalidadeEfe

Uma medalha no evento esportivo mais importante do mundo pode representar o resultado final do trabalho para muitos atletas. No caso de Fonteles, serviu de ponto de partida. Ele relata que o ouro conquistado nos 200m em Londres o motivou a treinar para chegar ao Mundial e brilhar também em outras provas, o que de fato aconteceu.

"Houve mudança na minha cabeça, queria chegar ao Mundial como atleta para conquistar o maior número de medalhas possível, depois do que aconteceu em Londres", contou. "Eu me dediquei em outras provas para me tornar um dos grandes nomes do mundial", completou.

Confira outros pontos abordados por Fonteles na entrevista:

"Terei 20 dias de férias agora para descansar um pouco, pensar e ver o que pode ser acertado pra melhorar ainda mais os tempos. Ano que vem não terá grandes competições. Serão seis etapas do Open. Uma delas em SP. Vou me preparar para elas. A meta é continuar melhorar os tempos. Aí, vamos deixar acontecer, como sempre fiz na minha vida. Na Alemanha, me perguntaram se bateria o recorde mundial. Disse que não sabia e deixei acontecer. Chegando lá, bati o recorde. Perguntaram se seria campeão mundial. Deixei acontecer de novo e consegui. Ainda bati o recorde dos 200m. Depois, fui ao aniversário dos Jogos de Londres e quebrei o recorde dos 100m. Preciso agora manter o nível para o próximo Mundial, em 2015".

Astro das pistas
"Não digo que sou um astro, mas sou conhecido. Eu quero mais. Nunca estou satisfeito, tanto dentro das pistas como fora delas. O reconhecimento é muito bom, estou muito feliz com tudo o que está acontecendo na minha vida."

Influência das próteses
"Eu e outros corredores fazemos uso da tecnologia em nossas próteses. Mas se não existisse atleta, seria só a prótese. É a mesma coisa que ter um carro de Fórmula 1, mas não ter piloto. É um conjunto. A tecnologia está a nosso favor, mas eu preciso me preparar para estar sempre bem e correr o meu melhor."

Até que ponto os tempos podem baixar nos 200m
" Em Pequim, o Oscar Pistorius correu em 21s. Pensei que nunca nenhum outro atleta amputado conseguiria isso. Fiquei com aquilo na cabeça e treinando para melhorar. Cheguei em Londres com tempo de 22s20, mas sabia que poderia baixar. Na semifinal, corri 21s80 e fiquei feliz. Na final, fiz 21s45 e ganhei a medalha. Foi quando vi que 21s não era tão rápido quanto pensava anos atrás. Para 2016, minha meta é correr 20s80, 20s90. No Mundial, fiz 20s66. Quem sabe chegar em 2016 nos 200m nos 19s.

Até que ponto os tempos podem baixar nos 100m
O norte-americano Richard Brown disse que até 2016 os atletas amputados conseguiriam correr 10s50. No domingo, corri 10s57. Querendo ou não, já estou nesta briga. Então, na minha cabeça, quero correr abaixo de 10s50.

Reportagem: Luís Araújo

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