Rio - O Mundial de Judô que terminou neste último domingo no Rio de Janeiro foi delas: das seis medalhas conquistadas pelo Brasil, cinco foram femininas. A primeira medalha de uma brasileira em uma grande competição foi o bronze da judoca Ketleyn Quadros, na Olimpíada de Pequim. Nos cinco anos que se passaram desde então, as judocas daqui brilharam cada vez mais nos tatames dos principais torneios do esporte pelo mundo.
A primeira medalha feminina em um Mundial veio em 2010, com a prata de Mayra Aguiar e o bronze de Sarah Menezes. Dois anos mais tarde, o primeiro ouro olímpico, em Londres, com Sarah Menezes. No Mundial que aconteceu na Cidade Maravilhosa, Rafaela Silva foi responsável por uma medalha histórica para o Brasil: primeiro ouro na competição. Érika Miranda foi prata e Sarah Menezes e Mayra Aguiar garantiram duas medalhas de bronze para o país. Por equipes, Rafaela Silva, Maria Portela, Érika Miranda, Katherine Campos e Maria Suelen conquistaram mais uma prata para o país.
A treinadora da Seleção, Rosicléia Campos, explica que o avanço astronômico da ala feminina no esporte em um espaço de tempo tão curto está longe de ser fortuita. "Eu comecei o trabalho com a Seleção em 2005, mas, na verdade, a grande mudança no judô feminino aconteceu em 2006. Sentei com o Ney Wilson, meu coordenador, e resolvemos separar o judô masculino do feminino. Não havia um planejamento próprio para as meninas, e, apesar de ser o mesmo esporte, as necessidades são diferentes. A partir daí, começamos a fazer uma programação diferenciada e específica para elas", diz a técnica, que acredita que esse foi o grande pulo do gato para o inegável avanço.
Além disso, Rosicléia considera que as melhorias na infraestrutura também foram essenciais para o avanço das meninas. "A infraestrutura mudou, o intercâmbio e a política do esporte mudaram. Todas elas são das forças armadas, estão recebendo bolsas, além dos patrocínios, o esporte foi dignificado. A partir do momento que nós saímos da sombra masculina, conseguimos autonomia de voo, identidade", declara ela.
As expectativas para o futuro são simples e exigem muito trabalho: o maior número de medalhas possíveis na Olimpíada do Rio. "O resultado aqui (no Mundial) foi muito bom, quem vive o judô a vida inteira como eu viu um sonho virando realidade aqui no Rio. É muito bom ver o judô feminino respeitado, conceituado. O projeto a longo prazo é conquistar o maior número de medalhas em casa, aqui no Rio, em 2016", conclui Rosicléia.
Confira as medalhas femininas em Olimpíadas e Mundiais
Competição | Judoca | Cor da medalha |
Olimpíada de Pequim (2008) | Ketleyn Quadros | Bronze |
Mundial de Tóquio (2010) | Mayra Aguiar e Sarah Menezes | Prata/bronze |
Mundial de Paris (2011) | Rafaela Silva, Sarah Menezes e Mayra Aguiar | Prata/bronze/bronze |
Mundial do Rio (2013) | Rafaela Silva, Érika Miranda, Sarah Menezes, Mayra Aguiar e por equipes | Ouro/prata/bronze/bronze/prata |