Eterno ídolo palmeirense continua próximo da bola, mesmo com 71 anos
Por pedro.logato
Rio - Aos 71 anos, Ademir da Guia é um exemplo vivo de amor ao futebol. Trinta e cinco anos após encerrar a carreira, o eterno ídolo do Palmeiras faz tudo para tentar driblar o tempo e não ficar longe da bola. Hoje o inesquecível camisa 10 mata a saudade fazendo jogos de exibição para a alegria de várias gerações de torcedores.
“Sou aposentado, mas tenho muitas atividades no interior de São Paulo jogando pelo Máster do Palmeiras. Sou atleta até hoje. Cuido da alimentação, faço academia e procuro ter uma vida regrada. Acho importante cuidar da saúde e praticar esportes”, afirma Ademir, que continua em forma.
”Quando jogava, pesava 73kg, hoje vario entre 76 a 77kg.Estou bem e enfrento jogadores bem mais jovens do que eu, na faixa de 40 anos”, conta orgulhoso.
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Em todos os jogos, Ademir é reverenciado, como no jogo festivo de Zico, domingo passado. Por 30 minutos foi impossível não notar as passadas largas, o fino trato com a bola, e a elegância que fizeram deles um dos maiores craques do nosso futebol.
“Parei com 35 anos, já são 35 anos sem jogar e até hoje lembram de mim. É gratificante. Fiquei emocionado com o convite do Zico. Não esperava jogar novamente no Maracanã. Foi um sonho. Agora está mais moderno, mas continua sendo especial”.
O reencontro com o Maracanã, deve ter despertado fortes lembranças. Foi no antigo estádio, que o garoto Ademir viu o pai,o lendário zagueiro Domingos da Guia, fazer partidas memoráveis.
“Joguei no infantil e juvenil do Bangu e apenas um ano no profissional sempre me inspirando no meu pai. Ele era um zagueiro técnico que sabia sair jogando sem dar chutão. Jogávamos em posições diferentes, mas acho que herdei a técnica dele”.</CW><CW-6>
Quis o destino que Ademir honrasse o sobrenome do pai bem longe de casa. Foi no Palmeiras, clube em que chegou em 1962, que o filho de Domingos da Guia brilhou no futebol .Foram 901 jogos e 153 gols nos 14 anos e meio em que foi titular absoluto da Academia e conquistou cinco títulos Brasileiros.
“Gosto muito do time de 72.A quele ano foi sensacional. Ganhamos cinco títulos, inclusive o Brasileiro, não dá para esquecer”. Marcas tão expressivas na carreira lhe renderam muitas homenagens, como um busto na sede do clube e um apelido celestial, Divino.
“O Palmeiras é a minha segunda casa. É onde tenho o respeito da torcida. Só tenho a agradecer todo o carinho que recebi”.
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Ausência na Copa de 1970 ainda dói
Apesar do futebol elegante e da técnica primorosa o craque Ademir da Guia não conseguiu brilhar com a camisa da seleção brasileira. Nos anos 70, o 10 do Palmeiras jogava o fino da bola mas nem assim foi lembrado para a Copa de 70. Quatro anos depois, ele foi chamado para ser reserva de Rivellino e só entrou em campo no jogo contra a Polônia, na disputa pelo terceiro lugar.
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“Tive uma passagem em 1965 pela seleção e depois só voltei em 1974 na Copa da Alemanha. O mou e disse que o Rivelino seria titular. Nessa época não tive mais chances. Mas fico feliz de saber que meu pai e eu participamos do mundial. Queria ter sido campeão em uma Copa, mas infelizmanete não foi possível”, lamenta.
Na época muito se falou que o temperamento arredio de Ademir contribuiu para a reserva.
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“Nunca fui de brigar, não é da minha índole, do meu temperamento. Só me arrependo té de ter parado de jogar aos 35 anos, Talvez, poderia ter jogado um pouco mais”.