Por pedro.logato
Rio - Cadeiras vazias nos estádios e o alto preço dos ingressos estão em todas as discussões entre dirigentes do Brasil. Porém, um assunto que incomoda os clubes cariocas é o excesso de gratuidades. Se, por um lado, o não pagamento de entradas por portadores de deficiência, maiores de 65 anos e menores de 12 anos ajuda a encher a arquibancada, por outro, tira uma fonte de renda dos clubes.
Em 2013, foram 450.787 gratuidades em jogos envolvendo clubes cariocas. Só nas competições nacionais (Copa do Brasil e Brasileirão) foram 341.988 bilhetes. Se fosse cobrada meia-entrada em cima do preço médio do ingresso do futebol brasileiro em 2013 (R$ 45), os números arrecadados pelos quatro grandes poderiam chegar a R$ 7,6 milhões. Já em todo o Carioca, contando as partidas entre pequenos, de cada cinco torcedores um entrou de graça.
Na maioria dos jogos, o Maracanã não tem enchido Fabio Gonçalves / Agência O Dia

“Gratuidade e meia-entrada entram na mesma discussão. Reconhecemos o papel social importante, mas o problema é que é preciso dar alguma contrapartida aos clubes como se faz em outros setores para subsidiar a gratuidade”, disse o gerente de marketing do Fluminense, Alexandre Vasconcellos, que sugere:

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“Poderia ser o abatimento da dívida ativa do clube com os órgãos ligados ao governo. Compensaria o benefício dado e daria retorno social.”
Esse é um problema que aflige os clubes cariocas, já que a lei da gratuidade é estadual e não se aplica nas principais praças do país. O Flamengo, por exemplo, não teve nenhuma gratuidade nos nove jogos que disputou no Mané Garrincha, em Brasília. Apesar disso, o clube não quis se manifestar sobre o tema.
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O presidente da Federação de Futebol do Rio, Rubens Lopes, lembra que falta regulamentação nas leis, e os clubes têm se reunido para tentar uma solução para o problema.
“É difícil resolver. Tentamos chegar a uma proposta para apresentar a um político para que ele transforme em lei. Por enquanto, o que se pode fazer é tentar regulamentar. Você tem o direito, mas ninguém diz como exercê-lo”, disse Lopes, que exemplificou:
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“Na condução, o idoso tem direito à gratuidade. Mas existe uma série de requisitos como cadastrar, produzir a carteirinha. É também uma questão de segurança. Vai começar o jogo e você não sabe se vai aparecer alguém”.
Neste Carioca, quase 10 mil sem pagar
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No Carioca de 2014, as gratuidades representaram 16,7% do público nas primeiras duas rodadas (mais o jogo antecipado do Botafogo válido pela quarta). Ao todo, 9.811 torcedores não pagaram para entrar no estádio, sendo o Maracanã o local onde o benefício foi mais usado: 5.072 em dois jogos.
“Estão brincando com o dinheiro alheio. A gratuidade não atende ao que foi proposto. Um milionário de 70 anos pode levar seus netos ao jogo sem pagar nada. É uma excrescência”, disse o diretor-executivo do Botafogo, Sergio Landau.
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Dinamite tentou ampliar benefício para ex-atletas
Além de quatro leis estaduais de gratuidade em estádios, outras duas propostas foram pauta da Assembleia Legislativa do Rio, mas não seguiram adiante. De encontro ao desejo de outros dirigentes, o presidente do Vasco e deputado estadual, Roberto Dinamite, foi coautor — ao lado de Bebeto, Paulo Ramos e Luiz Paulo —, do projeto de lei para que o benefício fosse estendido a ex-atletas profissionais “em competições relativas aos esportes que praticaram”.
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Na justificativa, o objetivo era prestigiar os ex-atletas porque “é mais do que justo que esses profissionais sejam sempre lembrados e respeitados”. O projeto de lei 1.291/12 chegou a ser aprovado em duas discussões na Alerj, mas acabou vetado pelo governador Sérgio Cabral. Procurado, Roberto Dinamite não foi encontrado para comentar o assunto.
A segunda proposta, de autoria do deputado José Luiz Nanci, queria dar gratuidade no Maracanã, durante um ano, aos voluntários da Copa do Mundo. A Comissão de Constituição e Justiça da Alerj considerou inconstitucional.