Rio - O futebol sempre surpreende e fascina. Quem poderia prever que o time campeão do mundo, mesmo em leve queda, levasse tamanha surra da Holanda? Até porque, mesmo com excelentes jogadores, a Holanda não estava entre as favoritas para o título. Pode até ter sido uma exibição fora da curva, mas se a Holanda mantiver o nível da exibição desta sexta-feira, em Salvador, será fortíssima candidata nesse Mundial.
O primeiro tempo até mostrou um jogo equilibrado, com o já conhecido "tik-taka" espanhol conseguindo bons ataques e a Holanda tentando impor um jogo de mais velocidade. O gol espanhol saiu de um pênalti duvidoso sobre Diego Costa, cujo rendimento foi claramente prejudicado pelas constantes vaias dos torcedores. Xabi Alonso bateu bem, em um raro momento de ilusão da Espanha no jogo. Mas o belíssimo gol de Van Persie, em lançamento de Blind, já fazia prenunciar o chocolate da fase final. Robben fez o que quis, com jogadas espetaculares, individuais ou em conjunto com Van Persie, Blind e Sneidjer, e os gols se sucederam em cascata, com o terceiro irregular pela falta em Casillas e o quarto em falha grotesca do goleiro. A goleada poderia ser maior porque o talento dos holandeses era irresistível. Já é um dos grandes jogos da Copa.
O rescaldo
O que ficou de melhor na estreia da Seleção foi a determinação e a capacidade de sair de uma situação adversa. Viu-se também que Neymar assumiu bem a sua posição de craque do time e que Oscar é importante. De negativo, as duas laterais, meio desprotegidas, e as atuações de Paulinho e Fred, um em aparente baixa física e o outro, sem a mobilidade que o esquema exige. Julio Cesar foi pouco testado, mas os bons fluidos de Felipão continuam lá, mesmo levando um gol contra de saída.
Boa surpresa
O México foi uma boa surpresa em Natal, mostrando um futebol bem superior ao das Eliminatórias e lembrando os melhores momentos de competições anteriores. O time foi sempre ofensivo, veloz, suportou o jogo violento de Camarões e, mesmo prejudicado pela arbitragem, que anulou dois gols legais, teve forças para vencer com o gol de Peralta. Giovani dos Santos, Herrera e Guardado estiveram muito bem e o México não será moleza para o Brasil. Vai disputar a classificação.
Um grande jogo
Mesmo que atravessem uma fase problemática, Inglaterra e Itália são seleções de muita tradição e com a rivalidade natural, além do fator Copa, que ninguém duvide de um encontro emocionante. Dos dois lados há nomes que justificam a atenção - Rooney, apesar da instabilidade, segue como o grande craque inglês e a Itália é um prato cheio e vai de Pirlo a Balotelli. Tomara que o calor e o gramado ruim não atrapalhem. A umidade em Manaus é um tormento.
Sem ofensas
Qualquer um tem direito de vaiar figuras públicas, principalmente se o local não for um teatro em ambiente fechado. Em estádio de futebol cabe muita coisa, mas a figura de um (ou uma) presidente da república merece um mínimo de respeito. Vá lá que aconteçam vaias ou faixas de protesto. Mas ofensas pesadas como ocorreram no Itaquerão são constrangedoras. O episódio até pode influir no processo eleitoral como desconstrução de imagem, mas há outras formas de protestar.
Nunca se viu tanto futebol em um sábado
Há apenas um grande jogo - Inglaterra x Itália - e os outros três têm interesse bem restrito. Salva-se o Uruguai, que, mesmo enfrentando um time limitado como a Costa Rica, merece observação. Não é o mesmo da bela campanha de quatro anos atrás, mas mantém a velha raça e jogadores como Suárez, Cavani e, vá lá, Forlán. As outras duas partidas - Colômbia x Grécia e, principalmente, Japão x Costa do Marfim -, são duras de engolir. É o único dia da Copa do Mundo com jogos às 13h, 16h, 19h e 22h. Ufa!