Rio - Não foi fácil deixar a Fórmula 1 ao fim de 2011 como o piloto que mais disputou GPs (326), mas a vontade de continuar correndo falou mais alto para Rubens Barrichello. A aventura na Fórmula Indy em 2012 foi rápida e serviu de transição para chegar à Stock Car.
Depois de uma primeira temporada complicada de adaptação, Rubinho voltou com tudo aos 42 anos: tem duas vitórias em 2014 (a primeira foi na badalada Corrida do Milhão) e é vice-líder do campeonato. Além de brigar pelo título, o piloto divide seu tempo entre as transmissões de F-1 e a família.

Os filhos Eduardo, de 12 anos, e Fernando, de 8, herdaram a paixão pela velocidade e já aceleram no kart. O pai coruja não força, mas vai apoiá-los se seguirem o caminho, assim como já faz com jovens pilotos em início de carreira ajudando a manter vivo o automobilismo brasileiro.
Confira a entrevista:
Você venceu duas corridas este ano na Stock. Estava com saudade do lugar mais alto do pódio?
Depois da F-1, eu havia vencido só corridas de kart. Então, poder dividir o teto (do carro, na comemoração da vitória) com meu filho Dudu foi sensacional. Ganhar é sempre sensacional.
Por ser o seu segundo ano na Stock esperava resultados tão bons? E o que você sentiu mais para se adaptar à categoria?
O carro é bem diferente de tudo o que já guiei, uma adaptação era necessária. Demos um bom salto de qualidade desde o ano passado, tanto eu na pilotagem quanto a equipe com o carro. A soma disso traria bons resultados sem dúvida.
Com o segundo lugar no campeonato já dá para pensar em título?
Esse campeonato é de quem faz mais pontos nas duas provas de domingo, e não daquele que ganha mais provas. Para ganhar o campeonato, vamos precisar ter sempre boas estratégias. Pelo menos cinco pilotos poderão ser campeões na última prova, até porque vai valer o dobro dos pontos.
Na Corrida do Milhão, além de vencer, você foi pole, ganhou o troféu Ayrton Senna e parecia emocionado. Foi tão especial como uma vitória?
A classificação é um dos momentos que mais gosto: colocar o carro no seu limite com pneus novos. E nada mais especial do que ganhar o troféu do cara que foi o mais rápido da história: Senna.
Aos 42 anos você se vê pilotando em alto nível por quanto tempo? Já tem planos para o futuro?
O<futuro é agora, é curtir o agora e sorrir sempre. Se não está sorrindo, é por que está fazendo algo errado. Não planejei estar na Stock aos 42 anos e não programo o amanhã.
Além de pilotar, você é comentarista de F- 1 e tem recebido elogios. O convite foi uma forma de se manter próximo ao circo?
Honestamente, se alguma coisa me faz falta na F-1, não é o circo e, sim, pilotar aqueles carros sensacionais. Fiz muitos amigos por lá e é exatamente isso que me dá a abertura de entrevistá-los no grid. As explicações técnicas também são naturais porque meus baixinhos e minha mulher sempre quiseram saber muito desse meio. Desenvolvi um modo simples de explicação que acredito ajudar. E faço com paixão, que acho o fator essencial.
Nas transmissões percebe-se o respeito dos pilotos por você. É gratificante ter esse reconhecimento num meio tão complicado?
A sensação é a melhor do mundo. Ganhar é importante, sim, mas reconhecimento pela sua pessoa é a melhor coisa do mundo.
Faz alguma aposta no campeão deste ano na F-1?
Torço pelo Hamilton..
O futuro brasileiro na F-1 é preocupante? Como acha que pode ajudar?
Estou abraçando algumas carreiras de pilotos, fazendo relacionamento com patrocinadores e com a CBA (Confederação Brasileira de Automobilismo) para que possamos dar mais carinho aos pilotos que estão se desenvolvendo.
Pietro Fittipaldi é visto como a próxima aposta brasileira. Depois dele podem ser os seus filhos? Como vê essa possibilidade?
Meus filhos são muito jovens e nem sabemos se é isso que eles vão querer fazer no futuro. Se quiserem seguir carreira, eu vou apoiar.