O ex-jogador e o jornalista concederam entrevista coletiva antes de encontrar com os fãs. Eles falaram sobre o processo de construção do livro e também prestaram homenagem a Osmar Santos, presente no evento e inventor do apelido "Animal". Edmundo entregou uma placa ao ex-narrador e se emocionou.
Edmundo se emocionou por diversas vezes ao longo da entrevista. Ele chorou ao comentar sobre a orelha do livro escrita por Mauro Beting, de quando lembrou da morte do irmão e das dificuldades enfrentadas na infância. "O que tenho mais orgulho neste livro é de mim mesmo. Da onde vim: ou jogava bola, ou tocava pagode ou seria bandido. Claro, na favela dá para ser alguém, tem muitas profissões dignas por lá, mas ninguém tem voz. Meu orgulho é poder estar aqui diante de vocês e contar a minha história."
A biografia lembra dos grandes feitos na carreira, as conquista no Palmeiras e no Vasco e também conta sobre a importância que o Figueirense teve na vida de Edmundo, pois abriu as portas para que ele retornasse o clube alviverde em 2006 e depois ao Vasco.
Há também as tragédias, como o acidente de carro sofrido em 1995 no Rio em que duas pessoas morreram. "Lembro disso todos os dias Dizem que nossa passagem na Terra é de aprendizado. Não gostaria que existisse uma tragédia desse tamanho. Não tem um dia que ela passa despercebida. Mesmo nos dias de alegria e conquistas meu pensamento é naquilo que aconteceu e foi muito ruim para mim."
Sergio Xavier explicou a maneira como fez para caber a vida de Edmundo no livro com todos os altos e baixos. "Não quis contar tudo de tudo. No livro estão os melhores e piores lances. A história do acidente é contada da maneira que as pessoas talvez não saibam. A gente usou o inquérito como base. Tem muitas coisas curiosas, como por exemplo como era o Edmundo no vestiário. Ele era genioso em campo, mas retraído fora dele. É mais um olhar a partir do sentimento", contou.
"A ideia foi contar muito bastidores. Coisa que a gente viveu, de pessoas que ajudou. A parte dentro do campo muita gente já sabe. Tem a parte do campo, tem as polêmicas também, mas tem a ajuda aos meus familiares, aos roupeiros, as pessoas que eram importantes na minha vida", disse Edmundo.
O ex-jogador disse que só decidiu contar a biografia pela teimosia de Sergio Xavier. "Foi muita insistência, porque era uma coisa que ele não queria mesmo. A cada encontro foi me convencendo que o lado humano precisava ser mostrado para mais gente."
Sergio contou que foram mais de 15 encontros até ter o sim de Edmundo e que demorou aproximadamente dez meses da primeira entrevista até colocar a última palavra no livro. Algumas histórias ficaram de fora. Com o passar dos dias, muito provavelmente virão outras na memória dos torcedores e do próprio ex-jogador. Ao ser questionado se há material para a "parte 2", o jornalista pediu calma. "Tem espaço, mas quando a gente acaba o primeiro, a gente não quer fazer o segundo."