Presidente do Barcelona - Joan LaportaFoto: PAU BARRENA/AFP

A La Liga, responsável pela administração do Campeonato Espanhol, e os clubes da primeira e segunda divisão, se uniram para protestar contra o escândalo de arbitragem envolvendo o Barcelona. Os catalães contrataram José Maria Negreira, ex-vice-presidente do Comitê de Arbitragem da Federação Espanhola, para serviços de consultoria sobre os árbitros. 
Em nota, os clubes e a administradora do Campeonato Espanhol demonstraram "profunda preocupação" com o 'Caso Negreira', como ficou conhecido o escândalo envolvendo o Barcelona. No texto, a La Liga cita que dois clubes mostraram objeções, mas sem citá-los. Segundo a imprensa espanhola, trata-se do Barcelona, pivô do caso, e do Real Madrid. 
"A maioria dos clubes de La Liga expressou sua profunda preocupação com este caso, que consideram de máxima gravidade, por isso a proposta de uma comunicação conjunta recebeu apoio unânime de todos os clubes da primeira e segunda divisões, a exceção de dois, que mostraram objeções a esse comunicado por diferentes motivos", disse o comunicado. 
A liga espanhola e cerca de 14 clubes que formam uma Comissão Delegada estão "trabalhando ativamente para esclarecer qualquer irregularidade". O presidente do Barcelona, Joan Laporta, falou pela primeira vez sobre o caso nesta terça-feira (21). Segundo o mandatário, o clube considerou necessário tais consultas para educar os atletas. 
"Na época, consideramos que eram necessárias estas consultas. Hoje, elas são feitas internamente. Estes serviços foram feitos em meu primeiro mandato, com emissão de fatura e o respectivo suporte documental e de vídeo", afirmou Laporta durante um evento no clube. 
Entenda o caso
O Ministério Público da Espanha descobriu que o Barcelona realizou pagamentos para a empresa do ex-árbitro e vice-presidente do Comitê de Arbitragem da Federação Espanhola, José Maria Negreira. Ao todo, o clube catalão teria desembolsado 1,4 milhão de euros, equivalente a R$ 7,7 milhões, entre os anos de 2016 e 2018.
Os pagamentos terminaram após José Maria Negreira deixar o cargo no comitê. A empresa do ex-dirigente recebeu 532,7 mil euros (cerca de R$ 2,9 milhões) em 2016, 541,7 mil euros (R$ 3 milhões) em 2017 e 318,2 mil euros (R$ 1,77 milhões) em 2018. A investigação começou após uma inspeção fiscal referente à tributação desse pagamento.
José Maria Negreira e o seu filho testemunharam ao Ministério Público que nunca houve favorecimento ao Barcelona. Na explicação, eles afirmaram que esses pagamentos foram feitos para realizar um trabalho de assessoria, que consistia em explicar como os jogadores devem se comportar durante os jogos diante da arbitragem.