Argentina - O ex-segurança de Diego Maradona foi preso nesta terça-feira (25) acusado de prestar falso testemunho no julgamento que busca estabelecer a responsabilidade de sete profissionais de saúde na morte do astro do futebol, em uma audiência na qual também prestou depoimento uma de suas filhas, Jana Maradona.
Julio Coria foi detido dentro do tribunal em San Isidro, um subúrbio de Buenos Aires, no âmbito do julgamento que começou há duas semanas e no qual estão sendo analisadas as responsabilidades da equipe médica no falecimento de Maradona, ocorrido há quatro anos.
Coria estava na casa de Maradona, em um bairro privado de Tigre, perto de San Isidro, onde o astro do futebol faleceu aos 60 anos. Ele realizou respiração boca a boca até a chegada dos médicos.
A promotoria interrompeu várias vezes seu depoimento e pediu que o ex-segurança fosse retirado da sala, ao notar "contradições e omissões" em suas declarações.
Os três juízes consideraram "acertadas as referências feitas pelo promotor em relação ao crime de falso testemunho" do depoente, que foi algemado e retirado da sala de audiências.
Coria permanecerá detido por um dia e será aberto um processo por falso testemunho. Se for considerado culpado, ele pode enfrentar penas de até 5 anos de prisão, disse à AFP o advogado de uma das partes. Anteriormente, o juiz alertou ao depoente que ele poderia ser sentenciado a até 10 anos de prisão.
O ex-segurança afirmou que não havia conversado com Leopoldo Luque, o médico pessoal de Maradona, que é réu no processo, mas a acusação apresentou diversas conversas por mensagem de texto entre os dois. Coria disse que "não se lembrava" dessas conversas.
Fernando Burlando, advogado de Dalma e Gianinna Maradona, também filhas do astro, apresentou uma conversa posterior ao falecimento na qual Luque e Coria combinavam um encontro para comer "um churrasco". A promotoria pediu a prisão ao sustentar que o depoente estava "sendo falso de forma eloquente".
"Um depoente que omite, que distorce a verdade, que oculta, que, diante da prova contundente de sua própria conversa, continua negando a verdade, não tem outra consequência além da que pudemos realmente observar, que é a detenção e a investigação por falso testemunho", disse Burlando à AFP ao final da audiência.
Coria também declarou que a psiquiatra Agustina Cosachov, outra acusada, tentou reanimar Maradona, mas em seus depoimentos anteriores ele não havia dado essa informação.
O advogado de Cosachov, Vadim Muschanchuk, comentou que a prisão do depoente se deve a "questões técnicas" do julgamento: "Certamente será esclarecido no outro processo [por falso testemunho], que o depoente não mentiu", afirmou à AFP.
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