Luís Castro no comando do PortoDivulgação
À época, o Porto ficava muito atrás do Sporting, desde sempre uma potência neste sentido, e Benfica no que diz respeito à formação de jogadores. A direção entendia que, apesar dos bons frutos dentro de campo, essa era uma boa forma de, ao mesmo tempo, reforçar a equipe e colher frutos financeiros - algo que acontece atualmente. Tudo começou com Luís Castro.
– Ele foi o diretor técnico das categorias de base do Porto em uma fase que o clube não atribuía atenção especial à formação. Tinham dificuldade para formar e sobretudo fazer a transição dos jovens à equipe principal. Não havia um processo complexo nessa formação. Luís Castro nesses anos valorizou a formação do clube, fez olharem com mais carinho para a formação e a longo prazo o trabalho dele está ativo até hoje - explicou Tomás da Cunha, jornalista português da "Eleven Sports", ao LANCE!.
Tudo passou pela mentalidade. Se antes o Porto preferia ir ao mercado quando algum jogador era vendido para um clube das cinco grandes ligas, a coisa mudou com a chegada de Luís Castro. Atualmente, os Dragões olham para o "próprio quintal" antes de correr para o mercado externo.
MUDANÇAS
A principal ação de Luís Castro foi trazer grande parte das equipes de base do Porto para treinar no Olival, um dos centro de treinamento do Dragão. Inaugurado em 2002, o local servia para treinos esporádicos do time profissional e plantel de inferiores até então. Com o treinador, mudou de função, servindo até mesmo como lar para alguns atletas.
Ao ter tudo no 'mesmo lugar', Luís Castro passou a olhar para um desenvolvimento conjunto. A intenção do executivo era criar um padrão coletivo e individual para todas as equipes. Além disso, o Olival oferecia uma estrutura mais moderna do que o local antiga que os times de base do Porto treinavam anteriormente.
O próprio Luís Castro explicou que o trabalho, antes de tudo, foi pela busca de um perfil estrutural e na busca de profissionais qualificados para, aí sim, pensar em contratações, reforços e padrões estruturais. A entrevista foi para o site "The Coaches' Voice".
Aceitei e passei sete anos no cargo, liderando processos e escolhendo profissionais.
Às vezes, olhamos o conhecimento que cada pessoa tem para desenvolver determinada função. Eu vou sempre por outro lado: que valores humanos a pessoa tem para desenvolver o cargo? Se você escolhe pelos valores que a pessoa tem, será mais fácil que ela desempenhe um bom trabalho.
Só o conhecimento técnico, sem valores morais, pode fazer a casa ruir. Foi um período bom da minha vida. O trabalho no Porto é estrutural. Não é de uma, duas ou três pessoas. O que me interessava era ter bons líderes, bons técnicos que pudessem mostrar o melhor caminho para cada atleta se desenvolver."
FINANÇAS
Atualmente, o Porto bate de frente com Sporting e Benfica no que diz respeito à formação de jogadores. Não à toa, é o único clube português que teve um time 'B' campeão da segunda divisão nacional - o time não pôde subir por conta do time principal já estar lá - e a equipe sub-19 ser campeã da Uefa Youth League, a Champions League dos jovens - foi em 2019, batendo o Chelsea.
– Ele permitiu que o Porto virasse referência no ponto de vista formativo e colhesse esses frutos financeiramente, tanto que André Silva (RB Leipzig) e Rúben Neves (Wolverhampton) representaram vendas significativas para os cofres do clube. Há um impacto simbólico. Esse título provou que o Porto realmente precisava apostar na formação. Hoje, o Porto é o único clube português a vencer a Uefa Youth League e tem muitos jovens da formação na equipe principal, como Fábio Vieira e Vitinha. Luís Castro foi o verdadeiro pensador para alavancar esses status do Porto - completou Tomás.
Os Dragões somaram 122 milhões de euros (R$ 722 milhões, na cotação atual) com essas quatro transferências. André Silva, por exemplo, além de ter vencido a Liga B com o time secundário, também foi destaque com o time principal. O retorno veio dentro e fora de campo.
– É um treinador que valoriza muito o futebol ofensivo, a valorização individual dos jogadores, o papel dentro de um coletivo que acaba evoluindo técnica e taticamente os atletas. Com os anos que passou no Porto e depois a transição como técnico da equipe B, ele foi campeão nacional da segunda divisão com jogadores como André Silva - classificou o jornalista.
– Acredito plenamente que o Botafogo voltaria a ser forte em 3 ou 4 anos. Não sei é se Luís Castro aguentaria tanto tempo - opinou Tomás.
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