Por pedro.logato

Rio - Vanderlei Luxemburgo não vai aceitar a mordaça que a Federação de Futebol do Estado do Rio (Ferj) tenta lhe impor. Após a vitória sobre o Bangu por 2 a 1, nesta quarta-feira, no Maracanã, o treinador reiterou o que disse na terça, quando afirmou que era preciso dar porrada na entidade, que, segundo ele, atrapalha o futebol carioca. O técnico havia sido suspenso preventivamente por dois jogos, pelo TJD-RJ, por incitação à violência, mas o clube conseguiu uma liminar no STJD. O julgamento será segunda-feira.

Luxemburgo pediu diálogo a FerjAndré Mourão

"Não tiro uma vírgula do que disse. Quando falei em dar porrada na Federação, só se pensaram que eu vou quebrar a mão, dar uma testada na p... da parede. Foi uma interpretação mal-intencionada, tendenciosa. Uma coisa é falar, criticar. Tem que discutir mais. Acabou a ditadura, temos que acabar com isso de não poder falar. Eu que briguei tanto como universitário, agora sou cerceado?", contestou.

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Perante o vice-jurídico do Flamengo, Flávio Willeman; do de futebol, Alexandre Wrobel; e do diretor executivo Rodrigo Caetano, Vanderlei defendeu o direito à liberdade de expressão. E subiu o tom quando questionou a falta de isenção do Tribunal: "Por que não denunciaram o presidente do Federação (Rubens Lopes) quando ele agrediu verbalmente o nosso presidente (Eduardo Bandeira de Mello), de uma instituição forte como o Flamengo, que todo mundo ficou sabendo? Se quiser me punir, vou fazer o quê? Se nos calarmos nesse país democrático jovem, daqui a pouco vamos voltar lá atrás (ditadura)".

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O treinador elogiou a agilidade do departamento jurídico rubro-negro e usou o movimento do último dia 15, contra a presidenta Dilma Rousseff, como exemplo do exercício da democracia. Segundo ele, a meia-dúzia que pedia a volta da ditadura militar foi abafada pelo povo.

É consenso no clube que o TJD-RJ distorceu uma declaração de Vanderlei para tentar puni-lo por criticar a Ferj. O treinador ressalta que, no mundo da bola, nem tudo pode ser levado ao pé da letra.

"Futebol não é igreja. Tem linguajar próprio. Tesão, porrada, culhão... Se for pegar tudo pelo Aurélio (dicionário), estamos roubados."

Em nome da diretoria, Wrobel deu apoio a Vanderlei: "O Flamengo, pela sua grandeza, não vai se calar. Vamos sempre lutar pelos nossos direitos."

O único momento de leveza, em que Vanderlei deixou seu bom humor aparecer, foi quando ele contou como soube, a princípio, que não poderia comandar o time contra o Bangu.

"Recebi às 18h20 um 'what's', esse negócio aí que tem (risos), dizendo que fui punido. O departamento do jurídico atuou bem. Eu seria cerceado por nada. E olha que já fiz muita m... por aí, não foi pouca, não. Mas, desta vez, não fiz", revelou Vanderlei. O treinador disse ainda que cancelará exames complementares de um check-up de saúde em São Paulo, na segunda-feira, por causa do julgamento.

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