Rio - Emerson Sheik estava mais uma vez com a língua afiada. Após o treino do Flamengo, na tarde desta segunda-feira, no Ninho do Urubu, ele acusou os adversários de uma perseguição a Guerrero, negligenciada pela arbitragem. Além disso, soltou um palavrão para defender o trabalho de Cristóvão Borges. Até quando assumiu ter exagerado na resposta ao presidente do Vasco, Eurico Miranda, o atacante destilou uma dose de veneno.
O forte do Sheik não é a memória. Ele jura não lembrar da suspensão recebida por Guerrero por empurrar o árbitro Leandro Bizzo Marinho, em duelo com o Bragantino, pela Copa do Brasil de 2014. Mas garante que o camisa 9 impressiona de tão zen. O destempero mostrado em campo, ao chutar a grama e esbravejar após sofrer falta, no último domingo, seria, segundo o companheiro do atacante peruano desde o Corinthians, uma reação a supostas agressões que o artilheiro recebe em campo. Foi o terceiro cartão amarelo seguido de Guerrero por reclamação.

"A passagem do empurrão eu juro que não lembro. O Guerrero é muito tranquilo, as pessoas até se assustam de tão paz amor que ele é. Isso é sacanagem. Ficam o tempo todo, fora da bola, agredindo. Com um sol de 35 graus, o sangue fervendo, apanha duas, três vezes, o cara se irrita, é do ser humano, passa do limite", disse Sheik, que emendou:
"Ontem (domingo), ficou bem claro. Por pouco, ele não sofre uma lesão grave no pescoço, pela forma que o jogador da Ponte o agrediu. Torço para que os responsáveis se qualifiquem. Irrita. Ninguém gosta de apanhar o tempo todo e não ver uma solução para isso."
Agora sem Guerrero, o Flamengo tenta voltar a vencer no Campeonato Brasileiro para se afastar da zona de rebaixamento, quarta-feira, às 19h30, contra o Atlético-PR, no Maracanã. Depois de dois tropeços seguidos, o técnico Cristóvão Borges foi novamente alvo de questionamentos. Além dos gritos de burro contra o Santos, o técnico tem sido criticado nas redes sociais. Sheik entra de carrinho para derrubar qualquer tentativa de culpar o treinador:
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"As pessoas às vezes até esquecem do que já fiz em campo pelo que eu falo. Sou assim, f... Falo a verdade. Não era para ter falado o palavrão (pergunta à assessoria de imprensa)? Ele está pagando por uma coisa que não é só dele. Quando ganha, dizem que o Emerson jogou bem, que o Wallace tirou três, quatro bolas... Quando perde, tem que cair em cima de nós jogadores também. É uma grande injustiça", afirmou Sheik, que comparou Cristóvão a Tite.
"São muito parecidos. Nunca imaginei encontrar outro assim, estudioso, que quer aprender, tem gana de vencer. É uma injustiça. Esquecem que por trás do técnico tem um ser humano, filhos..."
Sheik não foge da dividida e nem dribla as polêmicas. Desta vez, porém, tirou um pouco o pé, depois de se chocar com Eurico Miranda. Em meio a uma troca de provocações, o atacante escreveu numa rede social que a casa do dirigente estava caindo e brincou com o número de títulos que tem na carreira. Ele admite que exagerou na dose, mas afirma que não podia deixar o presidente do Vasco sem resposta.
"Fiquei um tempo, pensei bem antes de escrever. Mas acho que em algum momento falhei. Sou sempre polido no que falo e escrevo, com revisão sempre. A minha tristeza é de talvez ter envolvido o torcedor vascaíno e a instituição. A resposta era direcionada ao presidente do Vasco. Eu me arrependo, mas era claro que eu responderia. Quem me conhece sabe."