Por pedro.logato

Rio - A crise que explodiu no Flamengo gerou rachaduras na estrutura rubro-negra. O anúncio do afastamento dos cinco jogadores por tempo indeterminado foi considerado precipitado por parte do departamento de futebol. Embora haja consenso de que o grupo punido, por ser reincidente, é praticamente indefensável, faltou diálogo antes do curto pronunciamento do diretor-geral, Fred Luz, na Gávea. A decisão, que afeta o trabalho de Oswaldo de Oliveira, teve motivação política, na visão de alguns setores do clube, e pode gerar prejuízo em relação a Marcelo Cirino.

Até o início da tarde de quarta-feira, havia sido acordada apenas a aplicação de multa a Pará, Alan Patrick, Everton, Paulinho e Marcelo Cirino. A forma como a punição evoluiu rapidamente gerou desconforto. O vice de planejamento, Flávio Godinho, um dos mais fortes nomes deste final de gestão e ator imprescindível na campanha de Eduardo Bandeira de Mello pela reeleição, no pleito de 7 de dezembro, chamou a responsabilidade da decisão.

Oswaldo vai ter que se virar para escalar o FlamengoMárcio Mercante / Agência O Dia

Oswaldo, por exemplo, não foi consultado. Mesmo tendo perdido três titulares e dois reservas que, sempre que estavam fora do departamento médico, entravam nos jogos com frequência. O diretor de futebol, Rodrigo Caetano, suspenso pelo STJD, também participou apenas do entendimento pela sanção financeira aos atletas que realizaram uma festa na terça-feira.

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Além do prejuízo técnico, a medida pode pesar nos cofres do clube. Cirino tem mais dois anos de contrato, por empréstimo, e não pode ser devolvido à Doyen, que tornou viável a negociação com o Atlético-PR. Se não negociar o jogador, o Flamengo terá que arcar com o salário dele, de aproximadamente R$ 130 mil, até dezembro de 2017, e pagar 1,5 milhão de euros (cerca de R$ 6,5 milhões) ao grupo de investidores.

Para manter a revelação do Campeonato Brasileiro de 2013 após o término do vínculo, o Rubro-Negro precisa desembolsar R$ 16,5 milhões por 50% dos direitos do atleta. Cirino chegou no início do ano, com status de grande contratação, mas não correspondeu às expectativas.

Paulo Victor usa a tática do morde-assopra

Paulo Victor não fugiu das perguntas sobre a crise que se instalou no Flamengo. Um dos líderes do grupo, ele usou a experiência para lamentar o afastamento de cinco companheiros, sem entrar em atrito com a diretoria do clube.

“A gente fica chateado. Sou funcionário, estou aqui para cumprir ordens. Resta a mim passar a confiança que o grupo precisa. Estar junto no momento fácil é mole. Cada um que está entrando sabe da sua capacidade”, disse.

O goleiro frisou que é preciso conhecer o pacote antes de assinar com o Flamengo: “Tem que se ter sabedoria quando se escolhe jogar aqui. Tive a oportunidade de sair para ganhar três vezes mais, mas escolhi ficar. Assumi a responsabilidade”, avisou.

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