Rio - O goleiro Paulo Victor não fugiu das perguntas sobre a crise que se instalou no Flamengo. Um dos líderes do grupo, ele usou a experiência para lamentar o afastamento de cinco companheiros - Pará, Alan Patrick, Everton, Paulinho e Marcelo Cirino -, sem entrar em atrito com a diretoria do clube. No início da tarde desta quinta-feira, o grupo rubro-negro tentou juntar os cacos, de olho no jogo contra o Grêmio, domingo, em Porto Alegre.
"A gente fica chateado com toda essa situação. Sou funcionário como eles do clube, estou aqui para cumprir ordens. Resta a mim passar confiança que grupo precisa. Estar junto no momento fácil é mole. Agora, no momento difícil, a seis rodadas para término do campeonato, temos que buscar uma posição melhor na tabela. Cada um que está entrando sabe da sua capacidade", disse o goleiro.
Do elenco, Paulo Victor é quem está há mais tempo no Flamengo. Há mais de 12 anos no clube, ele já assistiu ao renascimento do time após incêndios que pareciam ter deixado o clube em cinzas.
Em 2010, por exemplo, viu o então capitão Bruno ser preso por assassinato. No ano anterior, na campanha do hexa, conviveu com os episódios de indisciplina de Adriano, principal jogador do time, o que não impediu a arrancada rumo ao título. Segundo o goleiro, quem assina contrato com o Rubro-Negro precisa ter noção do pacote.
"Já vivi muita coisa nesses dez anos de profissional. Já fui último colocado e campeão brasileiro. A gente sabe da grandeza e da cobrança que tem no Flamengo. Tudo toma uma proporção maior. Tem que se ter sabedoria quando se escolhe jogar no Flamengo. Tive a oportunidade de sair para ganhar três vezes mais, mas optei por ficar. Agora sou cobrado. Assumi essa responsabilidade. Estamos devendo em campo."
A falta de entrosamento pode pesar domingo, admite Paulo Victor. Com quatro mudanças - Ayrton, Jajá e Gabriel substituem Pará, Alan Patrick e Everton, afastados, e Luiz Antonio entra na vaga de Sheik, suspenso -, o goleiro prega superação como forma de reduzir os danos.
Outra forma de evitar efeitos colaterais da crise é injetando ânimo nos jogadores que entram na fogueira, a seis rodadas do fim do Brasileiro: "Não vou dizer que é fácil. São jogadores importantes, de qualidade, que eu gosto, mas não cabe a mim julgar. Sou funcionário, tenho que respeitar qualquer decisão da diretoria. Temos que passar confiança para quem está entrando. Se está no Flamengo, é porque tem qualidade. Quando aparece a oportunidade, tem que se estar preparado para corresponder."