Abel Braga MAILSON SANTANA/FLUMINENSE FC

Rio - Com quatro passagens pelo Fluminense, Abel Braga se aposentou dos gramados em abril deste ano após seu último comando no Tricolor, com direito a título de campeão carioca. No entanto, em entrevista ao "Lance!", o treinador revelou que gostaria de ter segurado o encerramento de sua carreira até julho, mês que Fred se aposentará. Contudo, os desgastes físico e mental anteciparam sua saída do clube.
"Mas essa agora, esse momento hoje, esse 2022 foi especial. É um Fred diferente de tudo, atencioso, uma percepção de resolver problemas muito grande. Eu não sei se falei para ele o que ia acontecer, o que eu queria, quando vi que o negócio estava assim, jogo demais. Eu queria ter suportado, eu não suportei mais mentalmente e fisicamente. Foi depois daquela viagem, a segunda para Barranquilla, chegar domingo de Páscoa, segunda treinar, Copa do Brasil, jogo de Brasileiro, Sul-Americana, é meio louco", afirmou.
"A minha ideia era parar com o Fred. Ia ser incrível. A despedida do Fred como jogador de futebol e eu como treinador. Ambos no Fluminense. Frederico, não deu. O velho aqui não suportou a pegada, a pancada foi grande. Estava o mental e o físico. Meu ciático já não estava suportando mais. Muito voo, tudo longo, Rio a Barranquilla, depois a Manaus para Cuiabá, Cuiabá para o Rio. Esperei mais um ou dois jogos, não sei. Presidente, não dá mais. Gostaria imensamente. Estou falando nessa homenagem que todo mundo está mandando ser solidário a você, falar um pouco de você, queria que soubesse disso. Seria muito legal parar junto. Mas vou estar nessa despedida com certeza", completou o treinador.
Abel também falou sobre tentar convencer Fred a estender sua carreira e permanecer no Fluminense até dezembro. Além do técnico, o presidente Mário Bittencourt foi outro que tentou manter o camisa 9. Na reta final, o centroavante sofreu com lesões e não conseguiu mais ser o protagonista em campo. Mesmo assim, bateu o martelo e deixará os gramados no próximo mês. Seu último jogo será contra o Ceará, dia 9 de julho, válido pelo Campeonato Brasileiro.
"Quando ele um dia chegou para mim e falou "Abel, não dá mais não, vou parar". Falei calma, cara. No início o negócio estava correndo bem. Não estava nem correndo bem, estava com resultado. Jogando muito bem. Ele começou com um probleminha ou outro. Falei "vai ficar aqui até dezembro, termina seu ano". Aí chegou um momento em abril, por aí, ele falou que não dava mais. Falei "vai dar um toque naquele moleque ali, caiu de produção para caramba". Ele fazia esse meio-campo. Chegava para mim e falava "falei duas vezes com aquele cara, ele não mudou nada, dá uma porrada nele". Eu ia, chamava e metia o pau. Normalmente no grupo, não chamava separado, não. Eu já tinha o perfil deles todos, sabia o que podia gritar e o que não podia. Tem jogador que tu grita e ele sobe, tem uns que você grita e vai abaixo." contou Abel.
"Mas eu falava para ele também essas paradas, "vai resolver para mim aquilo ali, esquece esse negócio de parar, aguenta um pouco. Tu é o maior ídolo desse clube há não sei quantos anos. Tem que levar isso, pensa no torcedor. Que tu não jogue, no banco tu briga com o juiz, com o bandeirinha, com o colega, continua igual, todo mundo sabe que você é assim". Aí ele continuou. Depois veio o problema na vista. Agora ele já definiu que vai parar mesmo mês que vem", concluiu.