Cariocas aproveitam último dia de calor na Praia do ArpoadorFábio Costa / Agência O Dia

Rio - Após a primeira medalha de ouro do Brasil na Olimpíada de Tóquio, com Italo Ferreira na edição inédita do surfe na competição, o DIA foi às praias do Rio na manhã desta terça-feira para conversar com algumas pessoas que praticam o mesmo esporte. Eles aproveitaram para falar sobre a primeira posição do brasileiro no pódio e sobre a eliminação de Gabriel Medina.
O jovem João Vitor Pereira, de 22 anos, que estava na Praia do Arpoador, disse que surfa há pouco tempo mas que o que o levou a se interessar pelo surfe, foi a geração do "Brazilian Storm" (Tempestade Brasileira, em português). O termo, na ocasião, foi criado em 2011 para se referir ao surfistas brasileiros que ganharam destaque, como: Medina, Adriano de Souza (Mineirinho), Filipe Toledo, entre outros. 
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"Comecei a surfar há pouco tempo e tenho certeza que tem a ver com a influência dos surfistas de agora, que estão ganhando o mundial. Acho que foi muito importante para o surfe brasileiro a gente chegar na primeira Olimpíada com a modalidade tendo dois caras de ponta (Medina e Italo). Na organização do surfe mundial, os brasileiros já são muito bem reconhecidos. Com essa medalha então, a audiência vai ser muito maior", afirma João.
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Já sobre a eliminação de Medina pela disputa do ouro, o jovem disse que o brasileiro não conseguiu o resultado que merecia. "Teve com certeza alguma influência japonesa nos juízes. A manobra dele foi melhor que a do Kanoa Igarashi (JAP). Pelo menos o Italo conseguiu carregar o nome do Brasil até o final".
O surfista Leonardo Leobons, de 25 anos, que pratica o esporte há mais de 15, disse que ver o Italo ganhando a medalha foi sensacional. "O Brasil sofreu bastante preconceito nessa modalidade desde muito cedo. Eu acompanhava vários programas e falavam que os brasileiros não sabiam surfar onda grande. Sempre arrumavam algum obstáculo para desmerecer".
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Além disso, ele afirmou que antigamente, as pessoas viam o surfe como esporte de "vagabundo".
"De uns anos para cá que a galera vem respeitando mais. Os brasileiros ganharam visibilidade e estão dando trabalho, aí viraliza". Também sobre Medina, o surfista Leobons concordou com a opinião do primeiro entrevistado: "O Aéreo do Gabriel teve um grau maior de dificuldade do que o do Igarashi. O japonês fez uma manobra que utilizou a mão (grab), o Medina, não. O dele foi backside, de costas para a onda, que é mais difícil".
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Início com tampa de isopor
A vida de Italo Ferreira, 27 anos, de Baía Formosa (RN), não foi fácil. Para chegar onde chegou, ele passou por diversas dificuldades. Uma delas, inclusive, foi surfar com uma tampa de isopor improvisada pelo pai, que era pescador.
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À época, a situação da família do surfista não era boa, então o senhor Luiz Ferreira resolveu dar um jeito para que o filho pudesse praticar o esporte. Aos poucos, o jovem começou a utilizar pranchas emprestadas antes de ser descoberto aos 12 anos.
Para se ter uma ideia, o DIA pesquisou o preço do equipamento na atualidade e descobriu que varia de R$ 1 mil a 3 mil. O valor depende do tamanho, volume e estilo da prancha. Os níveis vão de iniciante a avançado.
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"Uma boazinha você consegue comprar por R$ 1 mil ou até um pouco menos. É mais ou menos isso. Ficou mais caro com o tempo", finalizou Leobons.