De tetracampeão brasileiro, o Vasco amarga o quarto rebaixamento na história no período de 12 anos - ESTADÃO CONTEÚDO
De tetracampeão brasileiro, o Vasco amarga o quarto rebaixamento na história no período de 12 anosESTADÃO CONTEÚDO
Por Marcelo Beroldo
Rio - Com quatro rebaixamentos no curto intervalo de 12 anos, o Vasco tem cultivado um círculo vicioso com a Série B do Campeonato Brasileiro. A queda referente a edição de 2020 é um doloroso 'déjà vu' para o torcedor e não foi decretada no empate com o Corinthians. Com uma dívida calculada em R$ 720 milhões, de acordo Jorge Salgado, atual presidente, o clube paga um preço alto de uma herança maldita acumulada de más gestões nas últimas duas décadas: disputas políticas, atraso no pagamento de salário, contratações equivocadas, 'rodízio' no comando técnico...
Com o orçamento limitado, o Vasco, a exemplo do Botafogo, ficou atrás na corrida por reforços numa longa e dura temporada influenciada pela pandemia do novo coronavírus. A versão 2020/21 não deu liga. As evidentes carências superaram à criatividade e capacidade de estratégia de Abel Braga, Ramon Menezes, Ricardo Sá Pinto e Vanderlei Luxemburgo, técnicos que comandaram desde o início de 2020. Maior campeão brasileiro entre os treinadores, com cinco títulos, Luxa fracassou na missão, com uma triste atualização no vencedor currículo com o inédito rebaixamento na carreira.
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Tetracampeão brasileiro, o Vasco chegou chegou a ser líder na quarta rodada. Depois do auge, o 'Ramonismo' caiu na 14ª rodada com a demissão de Ramon Menezes, em outubro. Substituto de Abelão, que pediu demissão em maio, em meio ao Carioca. A impaciência da diretoria e pressão da torcida pela queda de produção em campo minaram o trabalho de Ramon, o mais consistente, com aproveitamento de 52%.
O problema não estava no comando técnico. A aventura do português Ricardo Sá Pinto à frente do Vasco durou 15 jogos e aproveitamento de 33%. A falta de padrão tático e a dependência do brilho da dupla argentina Benítez/Cano, o Vasco se mostrou previsível e pouco eficiente, até mesmo em casa. Com aproveitamento de apenas 42,5% em casa, o Vasco não transformou São Januário em caldeirão.
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Derrotas para concorrentes diretos como Coritiba, pesaram na hora de fazer as contas. Herói em 2019, Vanderlei Luxemburgo não fugiu da missão 'impossível'. Anunciado em dezembro, Luxa chegou tarde demais e não conseguiu solucionar os problemas que seus antecessores fracassaram e se despediu da Colina sem deixar saudade dessa vez. No mercado, a diretoria avalia nomes que não se limitem ao perfil da Série B. O futuro técnico será o responsável por uma ampla reformulação, com foco nos destaques da base. 
A disputa pelo poder nos bastidores políticos em nada ajudou a mudança de horizonte ao longo da temporada. A passagem de bastão de Alexandre Campello para Jorge Salgado foi confirmada na Justiça, mas não encerrou a disputa com o advogado Luiz Roberto Leven Siano pelo cargo administrativo do clube. Com previsão de perda de receita com no valor que gira entre R$ 60 e R$ 100 milhões, referentes aos direitos de transmissão, o Vasco iniciou um novo processo de reconstrução.