Jorge SalgadoRafael Ribeiro / Vasco

Rio - Os problemas do Vasco não acabam. Como se não bastasse o primeiro turno da Série B do Campeonato Brasileiro abaixo da crítica, os problemas financeiros se avolumam no clube. Durante a entrevista coletiva da manhã desta sexta-feira, os dirigentes analisaram o primeiro semestre de gestão, que sofreu o baque da execução recente de quase R$ 100 milhões.
"O Ato Trabalhista cessou na gestão anterior, muito em função das dificuldades de pagamento em função da pandemia. Vivemos uma crise. Estamos há quase dois anos sem jogos. É fonte de receita, alem do apoio, pelo sócio-torcedor. Essa decisão já foi objeto de recurso. Não faz sentido matar a galinha e depois não ter os ovos. Tem que preservar o clube para não privilegiar um credor ou outro. Estamos recorrendo e contando com o bom senso do Judiciário", analisou Roberto Duque Estrada, segundo vice-geral do clube.
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O presidente do Vasco, Jorge Salgado, revelou que a situação financeira do clube é pior do que a que se sabia na época da campanha. Pela descoberta de um passivo extra superior a R$ 100 milhões, que levou o tamanho da dívida a cerca de R$ 800 milhões. E, obviamente, pelo rebaixamento, que ceifou as receitas relativas a direitos de transmissão da Série A. Com isso, a obtenção de patrocínios e outros aportes, previstos na campanha, tiveram a obtenção prejudicada.
"Você acha que é fácil fazer captação de recursos com R$ 600 milhões de receita e R$ 800 milhões de despesa? Na campanha, não tínhamos a menor ideia. Recebemos o impacto da notícia ruim porque no balanço final. O passivo trabalhista só entrou no último mês. Não havia a indicação de membros de outra campanha, até da oposição, de que isso poderia acontecer. Alterou completamente as condições de captação. Se já era difícil, ficou mais difícil ainda. Uma coisa é capar com R$ 250 milhões de receita e R$ 600 milhões de passivo. Outra é com R$ 100 milhões de receita e R$ 800 milhões de passivo", reforçou Jorge Salgado.
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Diante da má campanha no principal objetivo do time no ano, a campanha para o acesso no Campeonato Brasileiro, o mandatário foi questionado também sobre o organograma do clube. Na campanha, havia a previsão de um CEO do futebol, que não se confirmou. E também não há ninguém ocupando a vice-presidência de futebol.
"Quando estudamos o organograma, tinha a posição para alguém de comando. Mas, conversando no decorrer do processo, entendemos que poderíamos abrir mão dessa pessoa. Quem sabe no futuro... se olhar no organograma, 99% está cumprido. Na minha opinião, não é também tão importante. Diversos ex-jogadores cumpriram essa função. Sabemos que talvez precisemos de uma pessoa mais vinculada ao Vasco talvez, e quem sabe daqui a pouco executemos isso", projetou Salgado.
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Outro tema abordado foi o aporte financeiro do próprio presidente no clube desde os primeiros momentos da gestão. O presidente confirmou o que já sabia: ele já havia emprestado dinheiro nas últimas décadas, noutras gestões, e o fez novamente. O total é de R$ 25 milhões.
"Sim, fiz aporte porque tinha cinco meses de salários atrasados. Foi ate pautado numa reunião, a contragosto meu, mas aqui tenho que fizer. Isso me causa constrangimento, mas coloquei recursos relevantes e não tenho arrependimento. Se fiz é porque pude. Vou esperar para receber na medida em que o Vasco puder me pagar. O importante é que, mesmo com a falta da captação de R$ 70 milhões, avançamos muito. Mas ainda tem uma travessia longa", avisou Salgado, que completou projetando dinheiro novo no clube:
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"Estamos com a perspectiva de trabalhar isso. tenho ido em diversas casas, vendendo o projeto, tem havido boa recepção. Tem duas possibilidades de empréstimo em análise. Não desisti disso. Está na hora de ir ao mercado para termos receitas novas. Quero tirar a pessoa física do Vasco. Quero o Vasco se relacionando de maneira institucional", concluiu.