Andrey, Marlon, Eguinaldo e Figueiredo são as grandes esperanças do acesso do VascoFoto: Daniel Ramalho/Vasco
O quarteto da Colina: como Andrey Santos, Marlon Gomes, Figueiredo e Eguinaldo se tornaram os pilares do Vasco em 2022
Depois de um ano turbulento, jovens assumem responsabilidade dentro de campo e participam diretamente de 50% dos gols no ano
Rio - Em busca do acesso à Série A do Campeonato Brasileiro, o Vasco vive um momento de ascensão de meninos da base. Se no início do ano a esperança era depositada em jogadores mais experientes como o veterano Nenê, agora, a quatro rodadas do fim do torneio, a realidade é outra. Os destaques foram jovens criados nas categorias de base da Colina: Andrey Santos, Marlon Gomes, Figueiredo e Eguinaldo.
Com pouco poder aquisitivo em mais um ano de Série B, o Vasco se deparou com uma folha mais enxuta devido aos poucos recursos disponíveis, o que transpareceu na falta de qualidade e de desempenho do time. Apesar de ter feito um bom início de primeiro turno, com boas atuações do meia Nenê, o planejamento frágil foi exposto com a saída de Zé Ricardo. Foi o ponto que fez o Cruz-Maltino degringolar após a chegada de Maurício Souza e da experiência mal sucedida do auxiliar Emílio Faro.
Na segunda janela de transferências, o Cruz-Maltino tinha uma carta na manga. Alex Teixeira voltou para o clube aos 32 anos. Quase um ano parado desde que deixou o Besiktas, da China, o físico do atacante não estava 100%. Sem o preparo adequado, sem encaixar em uma posição certa e sem velocidade para a vaga de ponta, o desempenho entregue foi bem aquém das expectativas, talvez até injustas, depositadas no atleta.
Nessa hora, a luta pela primeira divisão ganhou novos protagonistas: os meninos da base. Desde que estreou no final de abril, diante do Ponte Preta, Andrey Santos, de 18 anos, se tornou destaque do Vasco. Ele e Marlon Gomes, também de 18 anos e que fez seu primeiro jogo em julho, tomaram conta do meio-campo vascaíno e tornaram-se os pilares da equipe cruz-maltina.
Na frente, dois jovens atacantes também chamaram a responsabilidade e começaram a entregar dentro de campo. Depois de exibições ruins em seu primeiro ano como profissional, Figueiredo despontou. Não só pelos golaços que marcou desde o início da campanha, mas por ser um coringa polivalente que sempre entrega exibições satisfatórias. No segundo turno, foi a vez do jovem Eguinaldo, de somente 18 anos, aparecer como mais uma contribuição ao setor ofensivo. Mesmo que seja um '9' de ofício, assumiu a missão de jogar pelas pontas e não desapontou.
Com 42 gols na temporada, 16 foram marcados pelo quarteto fantástico do Vasco. Com ênfase, Andrey balançou as redes sete vezes, se tornando o vice-artilheiro do Cruz-Maltino na temporada. Figueiredo fez quatro, Eguinaldo anotou três e Marlon dois. Considerando as três assistências de Figueiredo e as duas de Marlon Gomes, constatamos que o quarteto participou diretamente de 50% dos gols marcados pelo Gigante da Colina na temporada.
Mesmo que joguem em posições distintas, a polivalência dos quatro atletas os tornam cada vez mais importantes no esquema. Marlon Gomes pode atuar mais recuado como um construtor primário ou como segundo volante, enquanto Andrey Santos atua naturalmente como segundo homem no meio mas também já atuou como primeiro homem nas categorias de base e até como principal armador. No ataque, Figueiredo joga em todos os setores: nas pontas como um ponta atacando em diagonal ou centralizado, sua posição natural, como um atacante móvel que faz pivô para construir jogadas acionando os pontas. Contra o Operário-PR, Figueiredo terminou o jogo atuando na lateral-direita - justamente quando anotou uma assistência para o gol de Alex Teixeira. Eguinaldo, que é um centroavante de origem, vem atuando pela ponta esquerda sempre usando a opção de cortar para o meio e finalizar. Com a má fase do titular Raniel, o jovem vem ganhando chances em sua posição original, até pela velocidade que oferece em contra-ataques.
Como todo processo de transição de um jovem talento para o profissional, o cenário de um jovem de 18 anos assumir um papel de protagonismo em um cenário de grande pressão é longe do ideal e, geralmente, acaba prejudicando na evolução do jogador - como já aconteceu em inúmeras situações com promessas que não vingaram no futebol brasileiro. No entanto, o Vasco possui um quarteto de jovens talentosos que, além de entregarem tudo em campo, sabem administrar a pressão. Isso constitui um cenário raro, tanto quanto juntar os talentos dos quatro jovens em questão.
É fácil presumir que o planejamento esportivo do Vasco não tinha como pilar três jovens de 18 anos para segurar a responsabilidade de um acesso após anos de turbulência, mas o futebol já provou mais de uma vez que nem tudo sai como se imagina. Andrey, Marlon, Eguinaldo e Figueiredo chegaram para ficar na Colina.
* Estagiária Larissa Carvalho sob supervisão de Matheus Costa
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