Rio - Aós a quinta derrota em nove rodadas do Campeonato Brasileiro, por 3 a 1 para o Botafogo, o técnico Milton Mendes quebra a cabeça para arrumar o sistema defensivo do Vasco. Não tem sido fácil. Apesar de testar esquemas táticos diferentes, como o 4-2-3-1 e o 3-6-1, com algumas variáveis, e trocar jogadores, a defesa continua uma peneira — já levou 20 gols e é a pior da competição, relembrando o fantasma dos três anos em que a equipe foi rebaixada à Série B.
“No primeiro tempo, eles foram duas vezes só. Mas é verdade que não fomos muito agudos. Quando se leva um gol aos três minutos, temos que sair. O segundo sai em uma falta controversa. Tínhamos que arriscar mais, estamos em uma grande equipe. Queremos ganhar sempre”, disse Milton Mendes, após o clássico com o Botafogo.
Talvez as palavras do técnico revelem o problema do Vasco. Afinal, ao arriscar mais, por estar em uma grande equipe, a defesa fica exposta e fragilizada. Ao se analisar a escalação do Vasco nos últimos nove jogos, ela sempre foi muito ofensiva. Somente em três partidas, nas derrotas para o Grêmio (2 a 0) e Chapecoense (2 a 1), além da vitória sobre o Sport (2 a 1), o meio-campo foi formado com dois autênticos volantes — curiosamente, nas partidas em que Wellington formou com Jean a primeira linha de contenção da defesa.
Nas outras seis escalações, em que Jean e Douglas foram a espinha dorsal da defesa, o Vasco sempre jogou muito aberto, pois o forte do talentoso camisa 8 nunca foi a marcação. Com menos combatividade no meio, o Vasco sofreu 16 gols nessas seis partidas. Mas seria covardia colocar a culpa na conta da dupla, pois, no futebol moderno, a marcação começa no ataque, ou no estilo ofensivo de Milton Mendes.
O que tem faltado é justamente equilíbrio, somado à baixa qualidade técnica do elenco, que dá poucas opções ao treinador. Quem sabe a chegada do volante Bruno Paulista, que deve ser regularizado nos próximos dias, dê um novo alento ao técnico. Pois, apesar da tsunami de gols, trabalho não tem faltado.