Gráfica fundada em Guapimirim muda de ramo e fatura milhões em contratos sem licitação, diz site
A empresa mudou de nome e de endereço e se tornou revendedora de produtos e medicamentos hospitalares, tendo com clientes os governos federal e fluminense
A sede da Worldpharms fica nesse imóvel de parede azul, no número 1014 da Rua Barreiros, em Ramos, Zona Norte do Rio - Google Mapas - Divulgação
A sede da Worldpharms fica nesse imóvel de parede azul, no número 1014 da Rua Barreiros, em Ramos, Zona Norte do RioGoogle Mapas - Divulgação
Guapimirim – Uma gráfica que funcionava no bairro Cadete Fabres, em Guapimirim, Região Metropolitana do Rio de Janeiro, registrada em setembro de 2019, mudou de ramo de atividade e tem faturado milhões revendendo insumos no combate à pandemia de coronavírus (Sars-CoV2) aos governos federal e fluminense. Trata-se da Fábrica de Ideias Gráfica Eireli. A informação foi divulgada pelo site Uol, nessa segunda-feira (22/11).
A referida gráfica foi registrada com um capital social de R$ 130 mil e estava em nome de Paulo Cândido de Melo Filho.
Em maio de 2020, no auge da pandemia, o ramo de atividade foi alterado para comércio de produtos hospitalares, mantendo o mesmo CNPJ. A empresa mudou de nome e de endereço. Passou a se chamar Worldpharms Importação, Exportação e Distribuição de Produtos Farmacêuticos Ltda. e migrou para Ramos, bairro da Zona Norte da cidade do Rio de Janeiro. O capital social também subiu. Atualmente, está em R$ 2,4 milhões.
A Worldpharms teria vencido contratos sem licitação com os governos federal e fluminense que somaram R$ 54,4 milhões durante a pandemia.
Com o Hospital Federal de Bonsucesso, em Bonsucesso, Zona Norte da capital carioca, foram dois contratos sem licitação para o fornecimento de omeprazol injetável – remédio usado para tratar problemas no estômago – e de luvas. A unidade, vinculada ao Ministério da Saúde pagou R$ 1,387 milhão em contratos.
Os contratos – ao todo três – de cifras mais elevadas foram com a Secretaria de Estado de Saúde do Rio de Janeiro que totalizaram R$ 53 milhões para o fornecimento de medicamentos usados para intubar pacientes internados com coronavírus. Desse total, já foram pagos ao menos R$ 2,4 milhões. O prazo de entrega já venceu e apenas 10% das 1,8 mil ampolas de medicamentos para intubar pacientes foram entregues. Com a queda no número de internações, foram feitos aditivos contratuais, reduzindo os valores pela metade.
A reportagem do Uol aponta para suspeita de superfaturamento – se comparados os preços pagos por outros entes públicos federais – e de falhas por parte da Worldpharms, ademais de descumprimento de prazo contratual.
De acordo com a Receita Federal, a Wordpharms está em nome de Tiago Costa Rezende Gomes e de Luiz Ricardo Portugal Nunes.
Tiago Gomes já foi presidente da Comissão de Licitação da Câmara de Vereadores de Teresópolis, Região Serrana do Rio de Janeiro, em 2018. E Luiz Nunes já foi candidato a vereador na cidade do Rio de Janeiro, em 2016, pelo Partido Social Democrata Cristão (PSDC), hoje Democracia Cristã, mas não foi eleito.
Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor.