O profissional criativo agrega valor em produtos, serviços e processos, pois trabalha com tendências, novas tecnologias e dadosDivulgação/Firjan

Macaé - Um levantamento da Firjan aponta que Macaé conta com a segunda maior quantidade de profissionais criativos do estado do Rio, atrás apenas da capital. Os dados foram reunidos pela federação no Mapeamento da Indústria Criativa, no qual consta que entre 2017 e 2020, apesar da crise, o número de profissionais no setor cresceu 11,7% em todo o país. Já Macaé cresceu 13,1% - acima, portanto, da média nacional –, índice que, no município, é puxado principalmente pelo segmento de Pesquisa & Desenvolvimento, por conta do mercado de Petróleo e Gás.
“O profissional criativo agrega valor em produtos, serviços e processos, pois trabalha com tendências, novas tecnologias e dados. Esse tipo de profissional é muito valioso para o mercado de óleo e gás em especial, pois assume um papel estratégico para que as empresas consigam se diferenciar e se manter relevantes. Não à toa, o mapeamento também mostra que um em cada cinco profissionais criativos atuam na indústria clássica, o que significa que muitas empresas já entendem o valor desse tipo de profissional”, destacou o presidente da Firjan Norte Fluminense, Francisco Roberto de Siqueira.

O levantamento reflete as transformações da nova economia, caracterizada por novos modelos de negócio, hábitos de consumo e relações, e tem como fonte principal o Ministério do Trabalho e Previdência. A Firjan divide o Mapeamento em quatro áreas criativas - Tecnologia, Consumo, Mídia e Cultura -, e considera os dados do mercado de trabalho formal. Embora o senso comum associe a Indústria Criativa a atividades relacionadas às artes e expressões culturais, o conceito adotado pela Firjan entende criatividade como uma habilidade transversal que se conecta com vários setores e segmentos, dentre eles os relacionados com tecnologia, por exemplo – a fim de pesquisar e desenvolver produtos, serviços e processos, tendo a criatividade como matéria-prima para inovar nas empresas e organizações.

Em Macaé, a maior parte dos profissionais da Indústria Criativa se enquadra na área de Tecnologia: são 3.411 profissionais no segmento de “Pesquisa e Desenvolvimento”, de um total de 4.929 trabalhadores criativos na cidade. Dentro deste segmento, os engenheiros de produção, mecânicos e químicos são os que estão em maior quantidade na cidade.

É o caso de Carlos Eduardo Lopes da Silva, engenheiro de produção, professor da UFRJ e coordenador do Centro de Referência em Inovação para Sustentabilidade (CRIOS). Ele confirma que as inovações e soluções criativas vêm cada vez mais fazendo parte do mercado de petróleo e gás em Macaé, e diz que tanto trabalhadores quanto empresas e a própria cidade podem se beneficiar disso.

“As tecnologias habilitadoras da Indústria 4.0, como a Internet das Coisas, realidade virtual e aumentada, inteligência artificial e robótica, vêm remodelando o universo dos negócios. Em Macaé, percebemos uma grande mobilização das empresas nesse sentido, criando conexões com startups e áreas de inovação em suas estruturas. O maior ativo da cidade e da região é a quantidade e qualidade de empresas e profissionais nesse mercado, o que se soma a um conhecimento acumulado de mais de 30 anos de exploração de petróleo e gás, algo único no país”, afirmou.

Carlos Eduardo lembra também que Macaé reúne cinco instituições públicas de ensino superior, além das várias particulares, com cursos voltadas para o mercado. Mas destaca que é preciso conscientização dos trabalhadores e cada vez mais qualificação.

“Cabe ao profissional entender que seu papel está relacionado ao trabalho criativo, intraempreendedor, que deve atender aos desafios da organização e desse novo mercado cada vez mais competitivo. Temos uma região muito bem abastecida de opções de qualificação, mas é preciso desenvolver outras formações como programação e desenvolvimento de software e hardware”, completou.

Campos, que também conta com uma grande quantidade de opções de qualificação, tem a oitava maior quantidade de profissionais criativos do estado (899) – mas, bem abaixo de Macaé e de Niterói (2.944), por exemplo, que tem a mesma densidade demográfica. Entre 2017 e 2020, Campos registrou leve queda (-0,4%).