Magé - O desenhista de anime, ilustrador e professor de Magé Everton Mendes, de 29 anos, mostra que não há barreiras para quem é autista. Ele já expôs seu trabalho em Boston, Porto (Portugal), Vitória, São Paulo, Bahia e na cidade do Rio, e mostra que o seu lugar é onde ele quiser. No dia 13 de abril, a partir das 10h, será a vez de levar sua arte à cidade de origem, Magé, com a exposição “Meu Mundo” em comemoração ao mês de conscientização do autismo.
“Desenhar é tudo para mim. A arte tem o poder de mudar as pessoas. Se todo mundo largasse o celular e focasse um pouco em coisas como dança, desenho e música, elas se sentiriam bem melhores, porque isso faz muito bem. Na exposição vou mostrar o meu mundo e comprovar que a arte transforma tudo”, explica Everton, que contou que a sua primeira exposição foi bem inusitada.
“Fiz durante anos, curso de desenho em Petrópolis e de repente o professor perguntou se eu tinha meus desenhos guardados. Respondi que sim e ele disse querer expor minha arte. Isso aconteceu em 2018 e disse: isso é sério? Não é pegadinha, professor? Aí fiz uma em Itaipava, outra aqui em Magé num museu no Rio do Ouro e as internacionais foram online”, detalha.
A exposição organizada pela Secretaria de Educação e Cultura do município é uma forma de incentivar a arte e desmistificar o autismo. “Pode sim, haver limitações, mas elas não impedem que os autistas realizem sem sonhos. Nossa mensagem é mostrar que, assim como Everton, os autistas podem viver do seu trabalho, porque ele se tornou uma inspiração para todos nós”, explica Michelle Almeida, produtora cultural e coordenadora de projetos da Fundação Educacional e Cultural de Magé.
Everton é professor de desenho anime da Fundação Educacional e Cultural e atende 68 alunos divididos em oito turmas. O artista tem uma história de superação, mesmo com todos os preconceitos ele venceu e mostrou que não há barreiras para quem tem autismo.
“Eu sofri bullying na escola por nove anos consecutivos, minha adolescência só foi boa no final. E eu digo para as pessoas que nem tudo que é diferente é ruim. As pessoas precisam ter empatia, porque nesse mundo ela está quase extinta. O bullying mexeu com meu psicológico, achava coisas de mim que não eram verdade, mas graças a Deus superei, as cicatrizes ficam, mas são elas que nos dão o poder para continuar”, garante Everton.
Anna Lúcia Mendes, mãe do artista, disse que ele começou a desenhar sozinho. “Ele tinha um ano e meio quando começou a desenhar sozinho nos papéis. Então começamos a comprar papéis e lápis para ele se distrair, pois, ele se expressava através dos desenhos. O tempo foi passando e o Everton mostrava muito interesse na arte dos desenhos e nós sempre procuramos investir no que ele gostava de fazer”. Ela conta ser gratificante ver o talento do filho reconhecido e valorizado. “Sem palavras para tamanha felicidade que sinto vendo meu filho realizado e muito feliz”.
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