Para Daiani, do Etc Bazar, ninguém precisa alimentar esse consumo desenfreado - Imagem Arquivo Pessoal
Para Daiani, do Etc Bazar, ninguém precisa alimentar esse consumo desenfreadoImagem Arquivo Pessoal
Por Luciana Guimarães
Niterói - A gerente de projetos, Daiani Castanheiro, começou timidamente a anunciar as roupas que já não serviam, mas estavam em perfeito estado, na internet. Ela as colocava, tirava uma foto em casa mesmo e mostrava que o visual estava disponível. O que ela não esperava era que, mais do que apenas liberar espaço no guarda-roupas, ela também iria lucrar e despertar em outras pessoas a preocupação com o consumo consciente: "O brasileiro é social, com senso de comunidade por natureza e, embora ainda exista certa resistência ao consumo de roupas de segunda mão, aos poucos esse paradigma é quebrado. O consumo consciente acaba sendo uma opção mais responsável”, diz. Em seu brechó virtual, o número de cadastros tem dobrado mês a mês, quando entrou oficialmente no ar. "Hoje tenho clientes não só de Niterói, como de todo o RJ.", acrescenta.
Daiani viu que não estava sozinha no objetivo de se conectar com quem também tenta fugir das tendências em lojas de departamento e ao mesmo tempo colaborar contra o desperdício: de dinheiro e de tempo. Recorrer a produtos de segunda mão, mais baratos, é esperado em tempos de crise econômica e redução no poder de compra. Além disso, comprar roupa usada tem a ver com o conceito de moda consciente, pois ajuda a prolongar o ciclo de vida das peças, que por sua vez consumiram recursos naturais para serem produzidas. A venda pode ser on-line, em feiras, lojas de especialidade ou, por que não, aos seus familiares ou amigos.
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Segundo definição do Ministério do Meio Ambiente, o consumo consciente consiste em repensar, reduzir e reciclar o que consumimos e diminuir os impactos sociais e ambientais de tudo que compramos de forma acelerada. Sabe aquela blusinha parada lá no armário? Ela não precisa ir para a lixeira. Você pode repassá-la e diminuir a quantidade de resíduos. Para que comprar um monte de roupas se você só usa as mesmas duas ou três?
 
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Uma rápida pesquisa no Google Trends revela que a pesquisa por “consumo consciente” aumentou 400% no período de 2010 a 2015. Com cada vez mais consumidores adeptos do “comprar sem peso na consciência”, o mercado de segunda mão em suas várias formas aparece como alternativa. Relatórios de tendências, há alguns anos, já vêm falando sobre lowsumerism e a mudança no comportamento de consumo, principalmente das gerações Y e Z.

Porém, uma análise do cenário econômico no Brasil – e no mundo – se faz necessária para contextualizar essas informações. Em 2015, o volume de vendas do varejo no acumulado do ano de 2015 recuou 4,3% com tecidos, vestuário e calçados representando uma negativa de -8,7% nesse recuo. No mesmo ano, o PIB (Produto Interno Bruto) sofreu queda de 3,8% e a renda per capita do brasileiro passou de US$ 16,2 mil, em 2014, para US$ 15,7 mil em 2015. Esses são só alguns dos diversos dados responsáveis por sinalizar que o aumento do consumo de roupas de segunda mão coincidem, não só com o aumento da consciência das pessoas, mas também com anos de retração da economia e do varejo.
A dentista Raquel Figueira, adepta das pechinchas e deste pensamento consciente, decreta: "Se eu for com R$ 100 no shopping, eu não compro nada. Agora, com R$ 100 aqui, eu saio com umas cinco sacolas e sobra dinheiro pra ir ao shopping comer’”.
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Alguns grandes sites estão entre os mais acessados por quem deseja adquirir uma peça usada. São eles:
#1 REPASSA
O Repassa funciona como um brechó online, onde é possível vender itens femininos, masculinos e infantis.

Para começar a vender, primeiro é necessário se cadastrar no site e pagar uma taxa de R$ 24,99 para receber um “sacola do bem”, que servirá para enviar as peças. A taxa é cobrada para arcar com os custos de envio e processamento.

Depois de enviar a sacola cheia de peças usadas, todo o restante fica sob responsabilidade do site (fotos, anúncios, vendas, envio ao comprador etc.). No final você recebe 60% de comissão sobre o valor de cada venda.
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#2 ENJOEI
O Enjoei é um site/aplicativo onde dá para vender roupas, calçados e acessórios femininos, masculinos e infantis, além de eletrônicos e objetos para lar.

Para vender suas peças no Enjoei, você precisa se cadastrar e criar os anúncios contendo foto, descrição e preço de cada item. Todo o processo é bem simples e intuitivo.

Depois é só esperar pelas vendas. O site cobra uma comissão de 18,5% sobre o valor da cada venda, mais uma taxa fixa que varia de R$ 1,90 a R$ 13, de acordo com o preço do item.
#3 TROC
O Troc é considerado o maior brechó online do Brasil, que oferece apenas artigos femininos e infantis. Para vender no Troc, primeiro é preciso fazer o cadastro e verificar se as peças que você tem se enquadram nos requisitos (marcas aceitas e padrões de qualidade) do site.

Depois, basta enviar as peças gratuitamente, que serão analisadas e receberão uma sugestão de preço, que você pode aprovar ou não. Depois que os preços são aprovados pela vendedora, toda a parte de criação dos anúncios e vendas fica por conta do site.

Você recebe uma comissão sobre cada venda, dependendo do valor da peça:

Peças de até R$ 100,00 – 40% de comissão;
De R$ 100,01 até R$ 249,99 – 50% de comissão;
De R$ 250,00 até R$ 2.999,99 – 60% de comissão;
A partir de R$ 3.000,00 – 70% de comissão.
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#4 ETIQUETA ÚNICA
O Etiqueta Ùnica é especializado na compra e venda de itens femininos, masculinos e infantis de luxo.

Para usar o site, é preciso preencher um cadastro e enviar fotos das peças para pré-avaliação. Depois, as peças devem ser enviadas ao Etiqueta Ùnica e eles se responsabilizam por higienizar, fotografar, anunciar e vender.

O percentual de comissão sobre cada venda varia de produto a produto e é calculado com base no preço da peça.
E se você quiser aderir à esse mercado, aqui vão algumas dicas de como vender bem na internet:
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Faça boas fotos
Não adianta tentar vender aquela peça sem ter boas fotos. Fotografe com câmeras com alta resolução e busque iluminação para ressaltar aspectos como estampas, se for o caso, e costuras. Usar uma modelo para mostrar o caimento no corpo pode ser uma boa, ou opte por fundo neutro, que destaque as cores e o modelito.
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Seja objetivo
Coloque todos os detalhes possíveis da peça a ser vendida. Informe o tamanho, a origem, a marca, o tempo de uso e se é preciso fazer algum ajuste. Use a descrição para destacar o preço e as formas de entrega. Descreva a história por trás da peça. Por exemplo, pode ser uma boa informar se o vestido foi usado em algum ajuste. Use a descrição para destacar o preço e as formas de entrega. Descreva a história por trás da peça. Por exemplo, pode ser uma boa informar se o vestido foi usado em algum momento especial, como formatura ou casamento.
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Não cobre muito
As pessoas podem descobrir quanto custa um original de fábrica com uma simples consulta ao Google. Estipule um preço abaixo do adquirido em loja e leve em consideração detalhes como o valor original, tempo de uso, defeitos e objetivos para o dinheiro conquistado, para não sair no prejuízo.
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Ter estilo próprio pode ser bem legal
Monte uma lojinha com peças semelhantes. O estilo pessoal pode atrair uma clientela específica que sempre retorna. Descreva sua loja e o que você acredita. Detalhes da vida pessoal, como idade, cidade onde vive e entrega também podem ser uma boa.
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ABRIR SEU PRÓPRIO BRECHÓ
Aquele espaço livre na sua varanda ou garagem pode virar um brechó. Mesmo que você não tenha muito tempo livre, dá para abrir somente nos finais de semana ou em algum horário curto todo dia.

Além de servir para vender suas próprias peças, você pode oferecer o espaço para que outras pessoas coloquem suas roupas a venda e assim lucrar com comissões.

Também é interessante aproveitar as redes sociais para divulgar seu bazar, criando um Instagram próprio do négocio, fanpage no Facebook e grupo no WhatsApp.
TIPS PARA VENDER ROUPAS USADAS
Sempre deixe as roupas limpas e passadas antes de colocar à venda.
Tire fotos de boa qualidade, que permitam ver o máximo de detalhes de cada peça.
Ao criar anúncios, seja o mais específica possível, informando medidas como comprimento e largura das pernas/mangas e circunferência da cintura, além de eventuais pequenos defeitos.
O atendimento ao cliente faz toda a diferença! Seja paciente e responda com agilidade todas as perguntas de possíveis compradores.
Se for abrir um brechó físico, lembre-se de manter o local sempre limpo e organizado (nada de roupas jogadas e paredes descascando!).