Para Marijane, conhecimento é sinônimo de renovação
Para Marijane, conhecimento é sinônimo de renovação Arquivo Pessoal
Por Luciana Guimarães
Niterói - No dia 28 de abril comemora-se o Dia Nacional da Educação. Dia desse instrumento revolucionário e essencial em qualquer democracia. A pandemia mostrou de maneira irrefutável que sem educação e os incansáveis e dedicados professores, o caos se instalaria de maneira ainda mais célere. Marijane Bezerra carrega nada mais que quase 40 anos de profissão na área. Formou milhares de alunos conscientes e antenados ao incrível poder do conhecimento. Entre as inúmeras escolas de Niterói e São Gonçalo em que lecionou, a agora diretora, transporta consigo a certeza de que o papel dela é fundamental para a transformação do mundo.
"Nós não prosperaríamos e não avançaríamos se não tivéssemos grandes professores em sala de aula. Nós observamos há um tempo que nós saímos de uma crise, que o Brasil estava evoluindo, mas nossos índices de educação ainda eram pífios. O que vimos é que todo crescimento não foi sustentado, porque infelizmente a educação brasileira ainda é delicada. Nosso sistema educacional é frágil, a nossa formação é uma formação deficiente. Mas não me entrego. Na minha sala prezo em formar cidadãos mais críticos e inquisidores para avançar e fazer com que o Brasil saia desse estágio em que se encontra.", conta a profissional muito querida no meio acadêmico.
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Para Adriana Minervina, 35 anos, foi a mesma coisa. Mulher negra e forte, percebeu desde muito cedo o peso e a responsabilidade da sua cor, e as dificuldades que enfrentaria por ser pobre e vivendo em um bairro periférico.

Com formação em Língua portuguesa, mestra em Teoria da Literatura, é doutoranda em Letras e cresceu sabendo que o mundo precisa de educação e oportunidades.

Mas, ser uma mulher negra, mesmo acadêmica, continua sendo uma atitude discursiva firme, de luta constante e resistência.

“A situação atual do país é muito delicada e desafiadora, principalmente para uma parcela da população que é humilhada, oprimida e desrespeitada, tendo seus direitos negligenciados”, comenta Adriana.

A professora complementa dizendo que, “para se ter qualquer oportunidade de melhora de vida, a educação é uma ferramenta primordial, e ela buscou isso desde sua adolescência, escolheu a literatura o qual exerce sua profissão com muita dedicação e respeito, e faz dela o seu grande objeto de luta para transformar outras realidades”.

Ela sempre foi motivada por seus professores, que foram marcantes em sua vida escolar, e influenciaram positivamente ao escolher o seu curso, a formação a encaminhou para que pudesse mesmo seguir a carreira de professora.

Caminho este que foi longo e muito difícil, muitas vezes pela falta de dinheiro, preconceitos e algumas portas fechadas. mas apesar de todas as barreiras, ela teve muita ajuda para conseguir concluir da graduação, foi verdadeiramente uma conquista e superação.

Educação é a base

Adriana Minervina, é formada desde 2013, já trabalhou com revisora na editora Multimarcas Editorias, teve algumas experiências temporárias como docente, até 2017. Em 2019, foi aprovada no concurso estadual sendo efetivada para atuar em escolas públicas. Tem muitas inspirações, sempre teve, graças a Deus. Muitos amigos também contribuíram para a decisão e sua formação, e principalmente as inspirações de sua família.

A mãe, Roberta Luiza Minervina da Silva, é sua referência desde criança, “é uma das razões da minha vida, por tudo que ela proporcionou para meu crescimento pessoal e profissional”, comenta Adriana.

A luta de dona Roberta para conseguir educar os dois filhos, fez Adriana valorizar ainda mais a educação e entender a importância dos estudos na sua vida, e também a ter coragem e não desistir de seus objetivos. “Sou muito grata a você, mamãe”, relata emocionada.

Profissionalmente, ela tem várias pessoas que lhe ajudaram ao longo de sua trajetória, principalmente, professores aos quais ela é grata pela confiança, incentivo e apoio nos momentos quando ela mais precisava e por terem acreditado nela e investirem nos seus sonhos.

Dificuldades na pandemia

Tem sido difícil conciliar o trabalho remoto, atividades do doutorado, vida pessoal e demandas do dia a dia. Esse períodos tornou-se cansativo, “mas a gente vai aprendendo a se adaptar aos desafios diário”, relata Adriana.

Adriana trabalha em uma escola pública e os seus estudantes, em sua maioria, tem alguma dificuldade com acesso a internet para as atividades remotas. Os motivos são os mais diversos, mas quase sempre, falta de recursos é uma das principais dificuldades para os estudantes terem acesso as aulas.

“É preciso reinventar-se para ser professora durante uma pandemia, estando em uma realidade socioeconomicamente desfavorecida. Muitos problemas. Falta valorização e respeito com nós professores”, desabafa Adriana.

Como professora, o seu trabalho tem enorme influência, diretamente para suas turmas, afinal professores são formadores de opinião, então ela tenta sempre abordar elementos sociais, principalmente dentro da realidade econômica e cultural, considerando os conhecimentos prévios de cada estudante.

Acreditar sempre nos estudantes, motivá-los, para que eles não desistam, mesmo estando todos em tempos difíceis, é uma das tarefas mais desafiadoras dos professores na atualidade. A educação é um dos melhores investimentos que eles podem ter.

“Precisamos ter empatia com o outro, cuidar mais da gente e de quem a gente ama, e nunca desistir de nossos sonhos e objetivos, mas buscar sempre”, declara Adriana.